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Adversários criticam Greca, ausente em 1º debate em Curitiba por covid-19

1º.out.2020 - Candidatos debatem em primeiro evento em Curitiba promovido pela Band - Rodrigo Felix Leal/Band Paraná
1º.out.2020 - Candidatos debatem em primeiro evento em Curitiba promovido pela Band Imagem: Rodrigo Felix Leal/Band Paraná

Vinicius Boreki

Colaboração para o UOL, em Curitiba

02/10/2020 01h12

Mesmo ausente devido ao diagnóstico de covid-19, pelo qual chegou a ser internado, Rafael Greca (DEM) foi o principal alvo dos sete candidatos participantes do debate da Band Paraná em Curitiba. Temas como funcionalismo, atenção à população de rua e as decisões do atual prefeito durante a pandemia foram alvos de crítica dos demais.

Com 16 concorrentes à prefeitura, os debates da Band Paraná foram divididos em dois dias: nesta quinta-feira (1º), oito concorrentes foram sorteados: Camila Lanes (PCdoB), Dr. João Guilherme (Novo), Fernando Francischini (PSL), João Arruda (MDB), Marisa Lobo (Avante), Paulo Opuszka (PT), Professor Renato Mocellin (PV), além do próprio Greca.

O atual prefeito já havia confirmado no último dia 24 que não participaria do evento em razão de o ambiente "não estar de acordo com as normas sanitárias". No último domingo (27), Greca e sua mulher, Margarita Sansone, foram internados devido à pneumonia causada pela covid-19. O prefeito teve alta na última quarta-feira (30).

A pandemia, aliás, permeou todo o debate, com temas como volta às aulas e a necessidade de valorização dos servidores públicos. No início do debate, Dr. João Guilherme afirmou que não se deve ser "leviano" de defender que a pandemia poderia ser combatida de maneira simples, mas era preciso ter tomado medidas preventivas no momento correto, como evitar ônibus lotados e garantir a testagem em massa.

"Infelizmente, a gente demorou para tomar as atitudes e fechamos a cidade cedo demais", criticando a falta de leitos de UTI nos momentos mais críticos. Dentro deste tema, Opuszka mencionou o fato de Greca ter alterado os planos de carreira do funcionalismo em resposta a Francischini, o que "estagnou a carreira dos servidores". "Na pandemia, ficou comprovada a necessidade do serviço público", disse o candidato do PT.

O deputado do PSL também defendeu que haja "flexibilização dos planos de carreira". "O cidadão quer ser bem atendido", disse. João Arruda, do MDB, também prometeu descongelar o plano de carreira do funcionalismo: "Governar é priorizar. Quero trabalhar em parceria com eles [os servidores]".

Dentro do aspecto de pandemia, uma das críticas gerais foi a criação de um pacote de socorro ao transporte coletivo, que repassou R$ 180 milhões aos empresários do setor até o fim do ano, sendo criticado por Francischini, que afirmou que o candidato repassou a verba para ajudar "os amigos do transporte coletivo", mas não teve o mesmo cuidado com os microempresários da cidade.

Opuszka argumentou que é preciso pensar a mobilidade urbana com sustentabilidade, mas dar atenção à "transparência e abertura dos contratos" e que esses recursos poderiam ser destinados aos médios e pequenos empresários. Professor Renato Mocellin criticou o que chamou de patrimonialismo: "A confusão do público com o privado".

População de rua volta a ser tema

A última campanha à eleição de Curitiba ficou marcada pelo fato de Greca ter afirmado que "vomitou com cheiro de pobre", o que quase causou reviravolta no último pleito. Embora nenhum candidato tenha citado a fala de quatro anos atrás, o tema população em situação de rua foi comum no debate.

Dr. João Guilherme afirmou que não é possível "fingir que essas pessoas não existem". Opuszka defendeu que a Fundação de Ação Social precisa estar ligada mais às políticas públicas do que a família.

Em um debate entre Camila Lanes e Marisa Lobo, a candidata do Avante afirmou que "não é isentona e que as pessoas de bem serão reinseridas na sociedade", tratando as pessoas "como seres humanos e não como animais". Em resposta, Camila replicou que não "existe cidadão de bem e de mal" e que cidadãos em situação de vulnerabilidade social precisam ter alternativas: "A rua não pode ser a única saída".

Francischini disse que é preciso cuidar da habitação popular e pensar "naquelas pessoas que foram esquecidas, preteridas pelos empresários do asfalto".

Do nacional para o municipal

Alguns candidatos tentaram se aproveitar de figuras nacionais para valorizar o seu discurso. O atual presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e as gestões do PT na presidência foram lembrados. Marisa Lobo, do Avante, citou Bolsonaro e repetiu que se trata de uma candidata "conservadora" em praticamente todas as suas intervenções.

Francischini foi mais longe: prometeu auxílio emergencial aos curitibanos, no mesmo molde do adotado pelo governo federal durante a pandemia. "Sou liberal na economia, mas não em tempo de fome. Vou lançar auxílio emergencial para dar continuidade ao trabalho do Bolsonaro. Será pago a quem perdeu a sua renda e está desempregado", disse. A origem dos recursos, segundo o candidato, estaria no mesmo fundo com o qual Greca socorreu o transporte coletivo.

No próximo dia 14, os outros oito postulantes vão debater suas ideias: Carol Arns (Podemos), Christiane Yared (PL), Diogo Furtado (PC), Eloy Casagrande (Rede), Goura (PDT), Leticia Lanz (PSOL), Professora Samara (PSTU), Zé Boni (PTC).