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Justiça apura outdoors com ataques à ideologia de esquerda em Maceió

Outdoor colocado por movimento de ultradireita em Maceió - Reprodução da petição/PSOL
Outdoor colocado por movimento de ultradireita em Maceió Imagem: Reprodução da petição/PSOL

Carlos Madeiro

Colaboração para o UOL, em Maceió

16/10/2020 13h51Atualizada em 16/10/2020 15h52

Uma série de publicações feitas em outdoors de Maceió com ataques à ideologia de esquerda virou alvo de investigação no TRE (Tribunal Regional Eleitoral) de Alagoas, após representação feita pelo PSOL. O partido pede a retirada imediata das propagandas e punição aos seus financiadores.

Colocados nesta semana, os cartazes espalhados pela capital alagoana trazem principalmente o mote de "esquerda nunca mais". Junto com a frase, as peças têm ainda insinuações de que a ideologia de esquerda defenderia as drogas, a "erotização infantil" e a "sexualização nas escolas." Um dos outdoors estampa: "Não vote em quem ameaça seus filhos".

As peças publicitárias são assinadas por movimentos de ultradireita de Alagoas. Dois dos que assinaram as peças têm imagens similares à dos outdoors em suas redes sociais. Outros não tiveram peças identificadas nas redes.

O UOL entrou em contato com ambos pela página do Facebook para confirmar se pagaram pelas publicações e qual o motivo, mas nenhum respondeu até a última atualização deste texto.

Outdoor - Reprodução da petição/PSOL - Reprodução da petição/PSOL
Imagem: Reprodução da petição/PSOL

A representação ao TRE foi feita na quarta-feira (14) pela candidata do PSOL à Prefeitura de Maceió, Valéria Correia. Ex-reitora da Ufal (Universidade Federal de Alagoas), ela afirma que são irregulares e devem ser imediatamente retiradas de circulação por conta de ataques com argumentos falsos.

"São mentiras implantadas contra aqueles que se opõem ao autoritarismo e às ações insensatas. Condutas como essas são inaceitáveis, eu tinha obrigação de denunciar", afirma.

Na representação, o partido pede que o TRE identifique, através da empresa dona dos espaços publicitários, quem pagou pelas peças.

"Essa campanha é uma clara disseminação de ódio cometido por meio de campanha de difamação, calúnia e injúria assinada por movimentos políticos soltos, incertos e sem identificação clara, cuja identidade não se revela através de identificação de pessoas jurídicas ou físicas", diz a petição.

Ontem, os candidatos Ricardo Barbosa (PT) e Lenilda Luna (UP) também ingressaram com representação no TRE pedindo a retirada dos outdoors.

As ideias apresentadas não são defendidas pela ideologia de esquerda, nem constam em programas partidários. Em regra, alguns partidos defendem a legalização das drogas como tentativa de política pública para enfraquecer o tráfico. Já sobre escolas, também é defendida a educação sexual para adolescentes, sem qualquer relação com erotização ou sexualização.

Segundo o TRE, o caso deve ser analisado pelo juiz da zona eleitoral pertinente através da comissão de propaganda. O Ministério Público Eleitoral também deve se pronunciar no processo. Como houve pedido de liminar, uma decisão deve ser tomada de imediato, mas não há prazo para isso acontecer.