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Hasselmann: Parceria privada com unidades básicas do SUS pode funcionar

Luana Massuella

Colaboração para o UOL

28/10/2020 11h43

Joice Hasselmann, candidata do PSL à Prefeitura de São Paulo, falou hoje que a parceria pública com o setor privado para operar postos de saúde é um caminho a se seguir no país. "Terceirizar totalmente unidades de saúde é algo que eu não concordo. Mas colocar um caminho de parceria público-privada, desde que a prefeitura tenha o gerenciamento, tenha os olhos em cima da atuação desses profissionais e que possa acompanhar se, realmente, o preço é o menor e a prestação de serviço é a melhor, pode ser um caminho", disse ela.

Eu tenho muito medo desses decretos, desses contratos, porque a gente vê que, muitas vezes, eles são feitos para dar poder enorme para quem está administrando o equipamento público, e a prefeitura fica só olhando, e aí não dá. A Prefeitura tem que ter o poder de tirar, se alguma organização não está atuando de maneira correta, do meio do caminho.

Hasselmann se refere ao decreto publicado ontem e assinado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que autoriza estudos de parcerias com o setor privado para construir e operar postos de saúde no país, como o SUS (Sistema Único de Saúde). A declaração da candidata foi dada durante sabatina promovida pelo UOL, em parceria com a Folha de S.Paulo, comandada pelo colunista do UOL Diogo Schelp e Camila Mattoso, editora do "Painel", da Folha.

Bolsonaristas são 'bando de doido'

Questionada sobre seu afastamento dos "aspirantes bolsonaristas" que gostariam de ter disputado a prefeitura, Hasselmann disse que "se afastou mesmo dessa gente porque é um bando de doido". "Essa gente vai ser ridicularizada, cada vez mais no caminho do processo. Como, infelizmente, o próprio presidente da república se deixa ridicularizar. Quantas vezes eu o aconselhei como líder dele no governo do Congresso Nacional. Eu dizia 'zero 1 fecha a boca, está falando besteira'", disse.

A candidata do PSL ainda criticou outras ações de aspirantes bolsonaristas, como lançar fogos de artifício contra o prédio do STF (Supremo Tribunal Federal). "Defender fechamento do Congresso Nacional? Já imaginou se não tivesse Congresso Nacional, com as maluquices que muitas vezes o presidente faz, ou da cabeça dele, ou da cabeça dos filhos, aí não interessa, aqui seria a ditadura completa."

Hasselmann se apresentou como a única opção da "direita de verdade". "[Eu sou] A única opção da direita mesmo, não direita New Kids on The Block, a molecada que gosta de lacrar. Não, gente, direita raiz, de verdade, na dura, que já enfrentou um tanto de coisa", disse.

Essa é uma candidatura para reposicionar o PSL como ele é, direita raiz de verdade, e não capacho de bolsonarista.

Críticas a adversários

Hasselmann ainda criticou os adversários que disputam a prefeitura da capital. "Se São Paulo optar por Bruno Covas, que é fofinho, gente boa, tal, mas não dá conta do errado, os amigos dele enriqueceram na prefeitura, é uma esculhambação. Olha o que ele fez com São Paulo, PSDB esculhambou com São Paulo. Vai ficar daqui para pior", disse.

"Se optar por Celso Russomanno, anti-empreendedor, pelo amor de Deus, gente, São Paulo acabou. Se optar pela esquerdalha, pega a mala e vai para o aeroporto, de Márcio França a Boulos", disse.

Arrependimento

Sobre o episódio em que o presidente disse que não estupraria a deputada Maria do Rosário porque ela não merecia, Hasselmann disse que se arrepende de um vídeo em que debochava dela.

"Aquele vídeo foi de extremo mau gosto, e hoje eu não faria. Me arrependi de fazer, foi idiota, foi besta", disse.

Máfia do transporte

Segundo a candidata, São Paulo tem a maior máfia de transportes e que "causa mais prejuízo aos cofres públicos". Ela disse que, caso seja eleita, vai acabar com a SPTrans, que opera o transporte público da capital e a qual ela diz ser "um cabidaço de emprego".

Hasselmann disse ainda que há um direcionamento da licitação. "Minha prova é o documento da própria licitação", disse. "Nas letras miúdas do contrato tem um asterisco que diz que a empresa tem que ser dona da garagem. Que empresa é dona além daquela que já está aqui? As mesmas empresas sempre ganham", disse.

Joice Hasselmann é jornalista, escritora e deputada federal, tendo sido uma das mais votadas no estado em 2018, com mais de 1 milhão de eleitores.