Na quinta-feira (29), durante sua live semanal, Jair Bolsonaro, paramentado com uma camisa do Sampaio Corrêa, time maranhense do qual só descobriu o nome ao fim da transmissão, decidiu passar o chapéu e pedir "uma ajuda aí" dos espectadores aos aliados nas eleições municipais.
Um dos candidatos incensados pelo capitão na foi o candidato a prefeito de Santos Ivan Sartori, ex-magistrado que absolveu os policiais acusados do massacre no Carandiru. Bolsonaro elogiou a coragem do aliado que declarava apoio a ele antes mesmo de virar modinha entre juízes.
Mas quando chegou a vez do aliado carioca o pedido de força "nisso aí" virou empurrão. Quase um abraço de urso.
"Terminando agora com um nome que dá polêmica, porque o Rio é sempre polêmico. Estou aqui com o Crivella", disse o mui amigo segurando um cartaz azul da campanha.
Bolsonaro disse que conhece o candidato do Republicanos "há muito tempo". "Foi deputado federal comigo, depois foi ser senador, prefeito do Rio de Janeiro."
Nada que o eleitor carioca, presume-se, já não soubesse. Durante a fala, Bolsonaro não soube dar uma razão assim, digamos, mais específica para alguém dar uma nova chance ao atual alcade.
Pelo contrário. Ao se referir aos seus adversários, resolveu citar Eduardo Paes, candidato do DEM que lidera as pesquisas, como alguém que "vocês conhecem também, é um bom administrador".
Quase se corrigindo, Bolsonaro voltou ao script. "Mas eu fico aqui com o Crivella. Não tem muita polêmica, não. Se não quiser votar nele, fica tranquilo. Não vamos criar polêmica, brigar entre nós. Eu respeito os seus candidatos também."
Apesar da aparente conversão ao pacifismo, o presidente usou o canal oficial para espinafrar, sem citar, a candidata do PDT Martha Rocha, delegada apoiada por Ciro Gomes, possível adversário na corrida presidencial em 2022. Votar em qualquer um aí que atrapalhe os planos de reeleição já é demais. "Ciro Gomes falou que se ela ganhar vai ser chefe da Casa Civil dela. Terrível, né?"
O presidente aproveitou a ocasião para fazer campanha ao filho Carlos Bolsonaro, que busca novo mandato a vereador na capital fluminense, e a candidatos a prefeito apoiados por ele em São Paulo, Belo Horizonte, e Manaus, além de Santos. Mesmo com o empurrão, nenhum deles lidera as pesquisas mais recentes de intenção de voto.
O nome "polêmico" do Rio que ele apoia como se fumasse sem tragar tem atualmente a maior rejeição entre eleitores das capitais, segundo o Ibope: 54%.
Bolsonaro sabe onde pisa. Na cidade, sua base eleitoral, o governo do capitão é considerado ruim ou péssimo por 28% dos moradores.
O abraço entre os aliados pode ser o abraço dos afogados. Melhor não atacar um provável futuro amor que já mandou bandeira branca e atende por Eduardo Paes.
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