De Star Wars a Copa de 70, paródias viralizaram na campanha em SP
O meme virou a mensagem na propaganda dos candidatos em São Paulo em 2020. Nem sempre rendeu voto, é verdade, mas fez a festa nas correntes de WhatsApp, pelo deboche ou pelo aplauso.
No começo da campanha, Joice Hasselmann (PSL) apostou alto na ferramenta. Faltou só alguém dar aquele toque amigo sobre o que é linguagem das redes e o que é TV, para onde descarregou, já na primeira propaganda, um amontoado de referências que até o mais conectado dos eleitores teve dificuldade para digerir.
Em uma tacada só apareciam o meme da Peppa dançante e o meme do caixão, que entravam e saíam de cena conforme a candidata trocava de figurino, ora estilizada como Uma Thurman em Kill Bill, ora como Jack Sparrow em Piratas do Caribe. Coube ainda referências ao Papa Léguas, aos Irmãos Metralha, ao Tio Patinhas e a Penélope Charmosa, personagens animados com quem a ex-bolsonarista e ex-simpatizante de João Doria rompeu na tentativa de parecer uma alternativa séria da corrida maluca.
Mais contido na TV, Celso Russomanno (Republicanos) aproveitou nas redes o empurrão de Jair Bolsonaro, principal apoiador de sua candidatura, para bater uma bola com o presidente em um vídeo-paródia tungado, sem autorização, do acervo da Fifa.
Russomanno desfilava com a camisa 10, número de sua legenda, em uma versão mini-craques da final da Copa de 70 para derrotar a zaga formada pelo monstro "Bruno Doria". A cabeça de Russomanno se sobrepunha à de Pelé, o primeiro sacrilégio da peça; a de Bolsonaro, à de Tostão. O segundo de uma série de sacrilégios em poucos segundos de vídeo.
Fora de campo, a dupla tomou um pito da detentora dos direitos de imagem e foi expulsa do jogo antes do segundo turno.
Mas a disputa pelo meme mais viralizante não parou ali.
Aos 45 do segundo turno, com seu titular fora de campo em decorrência da covid-19, os apoiadores de Guilherme Boulos (PSOL) correram para lançar nas redes um vídeo-paródia de "Ascensão Skywalker". Em uma das cenas do filme da franquia Star Wars, os personagens ganharam legenda adaptada, como a do piloto de uma aeronave pedindo desculpas por estar com coronavírus e não poder ir às ruas faltando dois dias para a eleição.
"Mas nós temos o povo, Guilherme", responde um aliado, antes de uma multidão de aeronaves, uma delas pilotadas por Luiza Erundina e outra com o nome Celtinha, cortarem o espaço.
A batalha interestelar termina com os apoiadores de Boulos destruindo alvos em forma de espaçonaves como "o vice do Covas", João Doria e Bolsonaro, enquanto o gabinete do ódio é neutralizado sem conseguir postar novos fakes nos céus —ou nas redes, onde Boulos já tinha aparecido também em uma sátiras de Peppa Pig, em paródia versão HQ de filmes como "De volta para o futuro" —"Virada para o futuro", no caso—, capas de discos, jogos de videogame e trocadilhos de iguarias com seu próprio nome.
Com a falta de criatividade ninguém sofreu nas eleições paulistanas. Nem de tédio —por ironia, a marca da campanha de Bruno Covas (PSDB), que lidera a corrida desde pelo menos a metade do primeiro turno e levou tanto para as redes como para TV peças que poderiam ser exibidas em qualquer campanha, inclusive a de 1992, quando a MTV ainda era a grande referência da juventude.
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