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Zico Bacana é da base de Crivella e foi investigado na CPI das Milícias

Vereador Jair Barbosa Tavares, o Zico Bacana (Podemos-RJ), postou foto nas redes sociais dizendo-se bem horas após ser baleado - Reprodução/Instagram Zico Bacana
Vereador Jair Barbosa Tavares, o Zico Bacana (Podemos-RJ), postou foto nas redes sociais dizendo-se bem horas após ser baleado Imagem: Reprodução/Instagram Zico Bacana

Gabriel Sabóia

Do UOL, no Rio

03/11/2020 10h31

Candidato à reeleição, o vereador Zico Bacana (Podemos) cumpre o seu primeiro mandato na Câmara do Rio. Ex-policial militar, ele faz parte da Comissão Permanente de Segurança da Casa e foi baleado na noite de ontem, depois de realizar ato de campanha na zona norte do Rio. Em entrevista à TV Globo, o vereador atingido de raspão na cabeça disse acreditar que foi vítima de um atentado, apesar de não ter recebido ameaças recentes.

Citado na CPI das Milícias, realizada em 2008 na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), Zico Bacana foi investigado por um suposto envolvimento com um grupo criminoso que atuava nas favelas de Guadalupe, também na zona norte. Ele não foi indiciado no relatório final da CPI.

Em 2018, Zico Bacana esteve mais uma vez nas páginas policiais: ele foi um dos convocados a depor sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL).

Além de ter trabalhado no gabinete de Marcelo Freixo (PSOL), que presidiu a CPI das Milícias, Marielle publicou denúncia contra o Batalhão do Irajá poucos dias antes da sua morte. PMs desse batalhão foram homenageados por Zico Bacana meses antes na Câmara.

Àquela altura, as investigações sobre o caso apontavam para o 7º andar da Casa Legislativa. Além de Zico Bacana, o vereador Chiquinho Brazão (MDB), que também foi investigado por envolvimento com milícias, trabalhava no local.

A polícia recolheu imagens do circuito interno de segurança para apurar quem esteve por lá nos dias que antecederam a morte de Marielle e do motorista Anderson Gomes.

Ao deixar a Delegacia de Homicídios, Zico Bacana se disse "firme e forte" e lembrou que depunha como testemunha.

"Informei o máximo que pude, da melhor forma. O que fizeram com a nossa colega não era para acontecer. Peço para que as pessoas que saibam alguma coisa que liguem para o Disque-Denúncia. O anonimato é garantido. Vamos ajudar. Faço parte da cúpula da Polícia Militar e estou nessa para defender a conduta da menina, que Deus a tenha. Me colocaram nisso", afirmou.

Mandato é marcado por defesa a Crivella

Membro dos Podemos, partido que compõe a base do prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) na Câmara, Zico Bacana tem histórico de defesa do chefe do Executivo.

Em 2018, por exemplo, ele foi um dos 26 vereadores contrários à abertura de um processo de impeachment contra o prefeito por suposto favorecimento a seguidores da igreja evangélica da qual Crivella é bispo licenciado.

Em 2019, no processo de impeachment sofrido por Crivella pela renovação de contratos de publicidade onerosos aos cofres públicos, Zico Bacana também foi contrário à criminalização do prefeito.

Nesse ano, ele voltou a votar contra a abertura de um processo de impeachment contra Crivella: na ocasião, vereadores da oposição tentavam abrir investigação sobre os "Guardiões do Crivella", como foi batizado o grupo de funcionários públicos cooptados pela Prefeitura para atrapalhar o trabalho de jornalistas que mostram o caos na saúde pública do município.

Campanha à reeleição conta com investimentos próprios

Apesar de ter assumido o seu primeiro mandato como vereador em 2016, Zico Bacana não é um novato nas corridas eleitorais. Em 2014, ele concorreu a deputado federal, mas não foi eleito.

Nas última eleições, chegou à Câmara dos vereadores com uma das menores votações, entre os 51 eleitos: foram 7.932 votos, o que fez dele o 48º mais votado.

Dados informados à Justiça Eleitoral nesse ano mostram que Zico Bacana investia pesado em sua reeleição. De acordo com o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o próprio vereador investiu R$ 76,5 é mil até o momento. O valor é quase o total de R$ 79,5 mil arrecadados pela campanha e representa uma fatia generosa dos R$ 334 mil em bens declarados pelo candidato.