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Bolsonaro pede votos para Wal do Açaí, suspeita de ser funcionária fantasma

Do UOL, em São Paulo

05/11/2020 19h40Atualizada em 05/11/2020 21h06

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a fazer campanha para candidatos a vereador — entre eles, Walderice Santos da Conceição, a "Wal do Açaí", sua ex-assessora parlamentar. Wal Bolsonaro (Republicanos-RJ), como está inscrita no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), é investigada por supostamente ter sido funcionária fantasma no período em que trabalhou para Bolsonaro, quando ele era deputado federal.

"Agora a Wal resolveu vir como vereadora em Angra dos Reis [RJ]. Então é obrigação minha, pelos excelentes serviços que ela prestou na região... O deputado pode ter servidor comissionado em qualquer lugar do estado, não apenas na capital ou onde o parlamentar mora. Então você que não decidiu ainda, se possível, [vote na] Wal. Wal Bolsonaro, né? Botou Bolsonaro. Valeu, Wal!", disse o presidente, durante sua live semanal.

Walderice foi lançada informalmente como pré-candidata à vereadora em Angra dos Reis no início de julho, em um encontro que contou com a presença do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente. Em vídeo divulgado nas redes sociais, Flávio disse que "Wal do Bolsonaro" tem "todo o nosso apoio", referindo-se à sua família.

Ela é investigada há dois anos pela Procuradoria da República do Distrito Federal por supostamente ter sido funcionária fantasma do gabinete de Bolsonaro, à época ainda deputado federal. A investigação começou após uma reportagem de janeiro de 2018 publicada pela Folha de S.Paulo.

No site do TSE, a candidatura de Walderice aparece como "deferida" — isto é, regular, com dados e documentação completos, com pedido já julgado pela Justiça Eleitoral. O fato de ela ser investigada não a impede de postular o cargo de vereadora no fim do ano.

Além de Wal, Bolsonaro ainda voltou a pedir votos para o filho Carlos (Republicanos), vereador e candidato à reeleição no Rio de Janeiro, e renovou o apoio a Celso Russomanno (Republicanos), pleiteante à prefeitura de São Paulo, e ao prefeito Marcelo Crivella (Republicanos), que concorre à reeleição no Rio.

Em tom de crítica, Bolsonaro também mencionou o uso de recursos do fundo partidário nas eleições, afirmando que, quando foi eleito pela primeira vez para o cargo de vereador, fez a campanha "na sola de sapato". "Fazer campanha como alguns fazem, com 'fundaço' partidário e com tempo de televisão, aí é mole", disse.

Nenhuma menção a Trump

Apoiador do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, Bolsonaro não comentou sobre a apuração dos votos nas eleições no país, que acontece desde a noite de terça-feira (3). Neste momento, segundo a Associated Press, o democrata Joe Biden aparece à frente, com 253 delegados, enquanto o republicano tem 214. Ganha quem alcançar 270.

Ontem, em conversa com apoiadores na entrada do Palácio da Alvorada, Bolsonaro disse que "a esperança é a última que morre", fazendo referência à desvantagem de Trump em relação a Biden. A declaração foi uma resposta a uma mulher que disse estar "com o coração na mão" pelo que está acontecendo nos EUA.

Uma eventual derrota de Trump seria um revés para Bolsonaro, que afirma ter um bom relacionamento com o republicano. Mas o cenário é mais favorável a Biden: se levar os estados de Arizona e Nevada, por exemplo, onde atualmente lidera, o democrata ganha mais 17 delegados, chegando ao mínimo de 270.

Os Estados Unidos não têm um órgão oficial que divulga, em tempo real, os resultados das urnas, como o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) no Brasil. Por isso, as agências de notícias e veículos de comunicação como AFP, AP e Fox fazem extrapolações estatísticas e apontam os vencedores por estado. A AFP chegou a considerar definida a apuração do Arizona — e Joe Biden somava mais 11 votos até a manhã desta quinta-feira (5). A contagem de votos continua no estado.

(Com Reuters e Estadão Conteúdo)