Ex-tesoureiro em Diadema vira a aposta de recuperação do PT no ABC paulista
José de Filippi Júnior, candidato do PT à Prefeitura de Diadema, lidera a disputa na cidade, com 38% das intenções de voto, segundo pesquisa Ibope divulgada na quinta-feira e encomendada pelo jornal Diário do Grande ABC. É a candidatura mais competitiva do partido na região.
Em Santo André, São Bernardo e São Caetano, os atuais prefeitos, Paulinho Serra, Orlando Morando e Auricchio, todos do PSDB, estão na dianteira nos levantamentos, com possibilidade de vencer já no primeiro turno.
O eventual sucesso de Filippi representa uma retomada dos petistas ao ponto zero. Diadema foi a primeira vitória do PT para o comando de uma prefeitura no país, em 1982, dois anos após a fundação do partido, com a eleição do metalúrgico Gilson Menezes.
Nos governos Lula e Dilma, os trabalhadores governaram por períodos intercalados, de 2008 a 2016, São Bernardo, Santo André, Mauá, Ribeirão Pires e Diadema. Sob os efeitos da Operação Lava Jato, iniciada em 2014, e após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2016, o PT perdeu todas as prefeituras do ABC.
Foi o fim de um ciclo chamado de Cinturão Vermelho na região, berço político do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, além de palco das greves na década de 1980 e da própria fundação do PT.
Filippi já foi prefeito de Diadema por três mandatos (de 1993 a 1996 e de 2002 a 2008), além de tesoureiro da campanha dos ex-presidentes Lula (2006) e Dilma (2010).
Em entrevista ao Diário do Grande ABC, no fim de outubro, Lula afirmou que "as eleições de 2016 foram mais difíceis", quando "muita gente queria sequer ser candidato", e que o partido "precisa defender o seu legado" e "recuperar as cidades importantes que perdeu". Diadema pode ser um primeiro passo.
Sem propaganda eleitoral na TV
Considerados apenas os votos válidos no Ibope —excluindo brancos, nulos e indecisos—, Filippi alcança 47% do eleitorado e fica perto de ganhar no dia 15 a vaga hoje ocupada por Lauro Michels (PV).
Cinco candidatos, embolados numericamente, brigam pelo segundo lugar: Pretinho (DEM), Taka Yamauchi (PSD), Dr. Ricardo Yoshio (PSDB), Ronaldo Lacerda (PDT) e Marcos Michels (PSB). A margem de erro é de quatro pontos percentuais.
Sem horário eleitoral na TV, a campanha se concentra nas ruas, apesar da pandemia, nas redes sociais e nas duas principais rádio do município, Mix e Nativa.
A campanha do petista trabalha para que os eleitores decidam o voto antecipadamente, a fim de criar uma "vacina" contra o disparo de fake news em massa, via WhatsApp, que diz costumar acontecer três dias antes das eleições.
"Como você explica o Eduardo Bolsonaro ter tido 12 mil votos em Diadema em 2018, o mesmo que políticos de uma vida inteira aqui, se ele nunca pisou na cidade? Quem se decide antes está menos suscetível às fake news", afirma Filippi.
Governista x renovação
A pesquisa Ibope também revela um descontentamento da população com o atual prefeito: 75% desaprovam a gestão. Isso talvez explique a atual baixa intenção de votos de Pretinho, candidato apoiado por Michels.
O democrata está no primeiro mandato como vereador. Construiu sua popularidade nos esportes, com escolinhas de futebol na periferia. Em 2018, se tornou presidente da Câmara dos Vereadores, com o apoio do prefeito.
"Eu defendo o governo. Tenho conhecimento de tudo o que esse governo fez pela população", afirma Pretinho. "Muitas vezes, as pessoas têm a memória curta. Pegamos uma prefeitura muita desgastada, que devia mais de R$ 2 bilhões."
Em 1996, Pretinho foi condenado a 12 anos de prisão em regime fechado por roubo e extorsão. No ano seguinte, a sentença foi reduzida para três anos. Ele cumpriu a pena até 1999.
Já Taka Yamauchi é popular entre os eleitores com ensino superior completo. "Desde a década de 1980, a cidade é controlada por dois poderes: o PT e o grupo ligado à família Michels. Queremos romper com esse modelo de gestão, que favorece a um grupo econômico", diz.
Saúde, segurança e geração de emprego são as principais preocupações de quem vive em Diadema. Hoje, 119 mil pessoas recebem o auxílio emergencial, pago pelo governo federal devido à pandemia de covid-19.
No Bolsa Família, estão 19 mil e 9.000 recebem o BPC (Benefício de Prestação Continuada), destinado a idosos de baixa renda, segundo levantamento feito pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).
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