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Covas é principal alvo de debate e titubeia para falar de Doria

Felipe Pereira

Do UOL, em São Paulo

11/11/2020 12h02Atualizada em 11/11/2020 16h15

Não demorou para o prefeito de São Paulo e candidato à reeleição, Bruno Covas (PSDB), perceber seu papel no debate: o de alvo. Logo na primeira pergunta, ele precisou explicar as relações suspeitas de seu vice, Ricardo Nunes (MDB), com creches. Afirmou que confia no parceiro de chapa.

"O vereador Ricardo Nunes já está no seu oitavo ano de mandato, não responde a nenhum processo judicial, não há nenhuma denúncia que ele responda no Judiciário. Durante essa nossa gestão, nós descredenciamos, economizamos R$ 7,7 milhões por mês por conta da revisão de aluguéis, não há nada que descredencie o trabalho do Ricardo Nunes."

Na sequência, o candidato Guilherme Boulos (PSOL) incluiu o governador João Doria (PSDB) na conversa. Quis saber se o rival colocaria a mão no fogo por Doria. A pergunta é capciosa porque o governador apareceu com 49% de índice de ruim/péssimo na pesquisa Ibope desta semana.

Covas titubeou. Pelo formato do debate, os participantes respondem a perguntas apenas se quiserem e esta ficou pairando no ar por cerca de cinco minutos. Boulos não perdeu a oportunidade e alfinetou o rival dizendo que o prefeito não respondeu. Só então Covas pediu a palavra e falou que não esconde apoios, citando na sequência parcerias entre a prefeitura e o estado.

"Queria aproveitar a oportunidade para deixar claro que não tenho nenhum problema em apresentar os apoios que eu tenho. Tenho toda a felicidade de ser o candidato apoiado pelo governador João Doria. Mas o candidato nessa disputa sou eu."

Covas esperava ataques de rivais

O papel de alvo dos adversários era algo esperado pela equipe de Covas. O coordenador da campanha, Wilson Pedroso, disse que o candidato do PSDB é líder das pesquisas e cresceu no Ibope de segunda-feira (9) —de 26% para 32%— com margem de erro de três pontos percentuais. A postura agressiva dos concorrentes também já havia ocorrido em outros debates desta campanha.

Na semana final de eleição, fica difícil haver surpresas. Os questionamentos não eram novidade, também não foram as respostas. Covas repetiu linhas de raciocínio já declaradas. Também não inovou ao apresentar números de sua gestão. Falou que abriu oito hospitais no momento em que o debate abordou a saúde. O candidato também repetiu a tática de se apresentar como mais experiente e preparado.

Covas declarou que os adversários vendem sonhos e ele, realizações —argumentação em linha com as peças veiculadas na propaganda de rádio e TV. No debate de hoje, o prefeito voltou a ser questionado.

Márcio França (PSB) ironizou a infestação de pernilongos que São Paulo enfrenta. Celso Russomanno (Republicanos), que está vendo uma migração de seus votos para o prefeito, insistiu na questão das vagas de creche e reclamou de atuação de Covas.

"Um prefeito de São Paulo tem que ir ao Congresso Nacional, defender a sua cidade. Bruno, você foi deputado comigo e você não estava lá defendendo a cidade para evitar que a cidade perdesse arrecadação. Eu estarei em Brasília o tempo todo, quanto tempo for necessário."