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Deputado do PSL é investigado por suspeita de forjar atentado com tiros

O deputado Loester Trutis - Reprodução/Facebook
O deputado Loester Trutis Imagem: Reprodução/Facebook

Aline Oliveira

Colaboração para o UOL, em Campo Grande (MS)

13/11/2020 16h27

O deputado federal Loester Trutis (PSL-MS) é investigado por suspeita de forjar um atentado sofrido em fevereiro, no qual o carro onde seguia, em compromisso parlamentar, foi alvejado por tiros de pistolas 9mm e .380. Na época, o parlamentar afirmou em depoimento que "não podia indicar com certeza, mas certamente decorreu da atuação como deputado federal que irrita muita gente do estado de Mato Grosso do Sul".

As inconsistências encontradas no depoimento e nos laudos periciais da investigação levaram a Polícia Federal a instaurar a "Operação Tracker", que foi realizada no dia 12 de novembro em Campo Grande (MS). Ao todo, foram cumpridos 10 mandados de busca e apreensão, e na casa do parlamentar foi encontrada uma arma com documentação irregular. Trutis prestou depoimento e foi liberado algumas horas depois.

O pedido de instauração de inquérito contra Loester Trutis e mais quatro pessoas foi deferido pela ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, atendendo a petição da 5ª Vara Federal de Campo Grande. No documento é relatado que "diversos indícios amparam a hipótese de que os investigados teriam agido com a finalidade de capitalizar politicamente o parlamentar e promover pautas de interesse do seu mandato, como o porte de armas e a autodefesa da população civil".

É citada ainda que a linha inicial de investigação — tentativa de homicídio contra o parlamentar — foi excluída, além de não existir outra hipótese plausível, como erro de execução ou sobre a pessoa. Foram apresentados laudos periciais do local do atentado, resíduos encontrados nas armas de fogo, diligências de campo e depoimentos que indicam comunicação falsa de crime, bem como outras infrações que podem ser esclarecidas no curso das investigações.

Histórico do atentado

Na ocasião do suposto atentado, o parlamentar relatou que o veículo era dirigido por um funcionário e percorria o quilômetro 374 da BR 060, no município de Camapuã, quando foi emparelhado por uma caminhonete. O ocupante do teria efetuado disparos e Trutis, que estava no banco de passageiros, revidou para se defender.

Contudo, a perícia demonstrou que a trajetória dos projéteis identificados no carro do deputado não aconteceu pelo lado externo e muito menos por um veículo alto como uma caminhonete. Também foram incluídos no inquérito imagens gravadas pelo circuito de segurança da concessionária responsável pela gestão das estradas estaduais.

Em publicação realizada nas redes sociais hoje (13), o parlamentar afirma que tentaram tirar sua vida e agora o sistema tenta jogar a culpa sobre ele. "Inventam mentiras sistêmicas, e o plano é claro, eles têm o intuito de me impedir de tentar qualquer candidatura em 2022. Não importa a quantidade de coisas boas que eu faça, sempre serei tratado como vilão", alegou.

No relato, Trutis alega que é vítima de perseguição política por ter se posicionado contra o executivo municipal e estadual, crítica a deputados e por ter cobrado posicionamento sobre as emendas destinadas ao Mato Grosso do Sul. "Se você acredita que eu realmente seria capaz de atirar em meu próprio carro, você fez parte das pessoas que acreditam que o presidente Jair Bolsonaro forjou a própria facada, ou que uma jovem é culpada do estupro por estar de roupa curta", conclui.