"Não defendo nenhuma forma de violência", diz Guilherme Boulos
Líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e candidato à Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL) disse não defender nenhum tipo de violência durante edição especial do programa Roda Viva, da TV Cultura, e retransmitido pelo UOL.
A questão foi levantada pelo colunista Diogo Schelp, do UOL, que relembrou a participação de Boulos em uma manifestação que protestava contra PEC do Teto dos Gastos em frente ao prédio da FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), ocorrida em 2016. Manifestantes lançaram rojões e fogos de artifício na entrada do edifício e também promoveram quebra-quebra. Na época, Boulos reagiu dizendo que "o dano na fachada da Fiesp é muito pouco diante do dano que a Fiesp causa ao povo brasileiro".
No programa, Boulos foi questionado se repetiria essas mesmas palavras caso seja eleito o prefeito da cidade de São Paulo.
"Diogo, eu não defendo nenhuma forma de violência. Que fique bem claro. Agora, a PEC do Teto dos Gastos tirou dinheiro de investimento em moradia popular, educação, em várias áreas fundamentais. Eu, como prefeito, além de governar essa cidade, que eu nasci, vivo, que eu amo e onde estão as pessoas que amo, vou ser um líder político, porque o prefeito de São Paulo tem que ser isso", disse ele.
Boulos também falou sobre a reação de manifestantes que invadiram e depredaram vidraças do Carrefour, em decorrência da morte de João Alberto Silveira Freitas, 40, ocorrida na semana passada em uma das lojas da rede, em Porto Alegre (RS).
"Então, quando houve os protestos do movimento negro, em alguns lugares houve quebra de prateleiras, dano a fachada de lojas. Não tem comparação possível né? Entre o ato que motivou a indignação das pessoas e o resultado dessa indignação, muito embora todos nós reprovamos as formas de violência", afirmou.
Candidato nega ser "radical"
Durante o programa, Boulos comentou ainda sobre a fama de "radical". "Eu acho que tentar me imputar de forma negativa, como foi feito, a pecha de radical ou extremista, só expressa o momento sombrio que a gente está vivendo no país", disse.
Eu luto há 20 anos para que as pessoas tenham um teto, dignidade básica para poder viver. Isso é radicalismo? Que alguém possa ter uma casa?
Segundo o candidato, "querer tachar essa formas de luta e essas bandeiras de radicais é expressão do quanto a gente recuou nos últimos anos em termos de sensibilidade humana e reconhecimento dos direitos sociais".
Participaram da bancada de entrevistadores do programa Diogo Schelp, colunista do UOL; Eduardo Kattah, editor e coordenador de Política do jornal "O Estado de S.Paulo"; Joyce Ribeiro, apresentadora da TV Cultura; Malu Delgado, editora-assistente de política do jornal "Valor Econômico"; e Pedro Dias Leite, diretor de jornalismo da CBN.
O programa realizou entrevistas com os dois candidatos, Bruno Covas e Guilherme Boulos, separadamente.
Segundo turno
As candidaturas de Covas e Boulos (PSOL) avançaram ao segundo turno após ocuparem as duas primeiras posições na disputa pela Prefeitura paulistana, nas eleições do último domingo.
Covas contabilizou 32,85% dos votos (1.754.013 votos). Boulos, por sua vez, somou 20,24% dos votos (1.080.736), segundo apuração UOL.
Atrás deles, ficaram Márcio França, do PSB (13,64%); Celso Russomanno, Republicanos (10,50%); Arthur do Val, do Patriota (9,78%); Jilmar Tatto, do PT (8,65%); Joice Hasselmann, do PSL (1,84%); Andrea Matarazzo, do PSD (1,55%); Marina Helou, da Rede (0,41%); Orlando Silva, do PCdoB (0,23%); Levy Fidelix, do PRTB (0,22%); e Vera, do PSTU (0,06%).
O percentual de votos nulos foi de 10,11%, enquanto 5,87% dos eleitores votaram em branco.
*Colaboraram Felipe Oliveira, Gilvan Marques, João Victor Miranda e Juliana Arreguy
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