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Discussão sobre fake news esquenta debate entre Manuela e Melo

Manuela D"Ávila (PCdoB) e Sebastião Melo (MDB) participaram de debate na Band - Vicente Medeiros/Divulgação
Manuela D'Ávila (PCdoB) e Sebastião Melo (MDB) participaram de debate na Band Imagem: Vicente Medeiros/Divulgação

Hygino Vasconcellos

Colaboração para o UOL, em Porto Alegre

20/11/2020 01h06Atualizada em 20/11/2020 08h03

A discussão sobre fake news aqueceu debate da Band hoje entre os candidatos à prefeitura de Porto Alegre, Manuela D'Ávila (PCdoB) e Sebastião Melo (MDB). Manuela disse que apoiadores do adversário estavam propagando notícias falsas e citou o deputado federal Bibo Nunes (PSL) e Valter Nagestein (PSD), que também concorreu ao Executivo municipal neste ano.

"A senhora está fazendo falsas acusações. Acho que a senhora deveria usar seu tempo para poder discutir com o cidadão os temas que lhe interessam. Acho que senhora deveria formalizar o que está dizendo aqui porque eu quero dizer o seguinte: nós temos uma campanha limpa, de alto nível, eu quero dizer que de fake news a senhora entende muito. Eu não sou profissional desta área e não vou entrar nesta área", disse Melo.

Manuela rebateu e lembrou decisão da Justiça eleitoral que derrubou mais de 500 mil fake news sobre ela.

"Lamento muitíssimo ter me tornado uma especialista, coordenei inclusive o trabalho de um instituto que se chama 'E se fosse você?' e escrevi um livro sobre isso: 'E se fosse você? Sobrevivendo as redes de ódio e fake news'. Eu quero falar para o senhor e para a senhora o que eu defendo. Eu defendo eleições limpas e defendo que a nossa cidade possa dialogar", afirmou.

"Nós precisamos entender que a cidade é sim um território de conflito e que cabe à prefeita mediar esses conflitos. Eu vou ser uma prefeita que garante o diálogo, mas que toma decisões, que retoma o papel dos conselhos e do orçamento participativo, que escuta cada um e cada uma, mas que não tolera nem violência, nem racismo, nem mentiras, nem machismo. Eu serei uma prefeita que vai trabalhar dia a noite para garantir que Porto Alegre não precise voltar para um passado, para um passado de obras inacabadas, para um passado que nos trouxe para essa situação atual de abandono", complementou a candidata.

Ao voltar a falar, Melo alfinetou. "Eu não gosto desse tipo de coisa, a senhora chegar aqui e dizer que gente ligada a minha campanha está fazendo fake news. Esse assunto não pode ficar assim. Esse assunto é muito sério e eu espero que a Justiça busque esse vídeo e me notifique."

A situação ocorreu no final do segundo bloco. Antes, Melo afirmou que Manuela queria taxar os aplicativos de transporte de passageiros para criar um fundo de mobilidade. "A senhora tem afirmado isso e espero que a senhora reafirme aqui no debate", disse o candidato. Ela frisou que era mentira.

"Eu fico bastante satisfeita que a mentira que tem circulado na internet tenha chegado finalmente no debate. É mentira, nós não queremos taxar os aplicativos [de transporte de passageiros]. Eu estava junto, defendendo o trabalho dos cobradores e a não taxação dos aplicativos na Câmara de Vereadores. O que nós queremos é o contrário, nós queremos criar um aplicativo próprio para que os motoristas de aplicativo paguem menos, porque hoje eles são altamente explorados e chegam a pagar 40% do que recebem", observou Manuela.

Até então, os dois candidatos praticamente seguiram o mesmo roteiro do debate anterior, na Rádio Gaúcha, ontem. Repetiram a fala sobre a possível revogação do aumento do IPTU, sobre transporte público —principalmente em relação à Carris, empresa que opera parte das linhas de ônibus da cidade— e divergiram sobre o enfrentamento à pandemia do novo coronavírus.

Candidatos citaram outros políticos

Os dois candidatos tentaram associar o adversário a outras pessoas. Logo no início do debate, quando debatiam sobre a reabertura do comércio durante a pandemia, Manuela colou a imagem de Melo ao presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido).

"A verdade é que é uma mentira que alguém vai abrir a cidade inteira ou fechar a cidade inteira. Eu vou ser a prefeita que vai trabalhar para a cidade não fechar, para trabalhar para a cidade não fechar e nós precisamos lutar pela vacina. A verdade, candidato Sebastião, é que presidente Bolsonaro, que lhe apoia, é contra a vacina, e tem boicotado sistematicamente todos os esforços para que o Brasil possa vacinar a população. Ele chegou a comemorar a morte de um voluntário que se prontificou a fazer os testes para garantir que a população esteja imunizada", disse Manuela.

Melo negou apoio do presidente à sua campanha. "Os bolsonaristas votaram em mim e são muito bem-vindos. Mas que eu saiba o presidente Bolsonaro não está me apoiando."

No terceiro bloco, foi a vez de o candidato associar Manuela à ex-presidente da República Dilma Rousseff (PT), quando estava falando sobre mobilidade urbana. "Se a presidente Dilma, porto-alegrense de coração, não tivesse financiado o metrô de Caracas, podia ter metrô em Porto Alegre. Mas ela preferiu lá e é apoiadora forte da deputada Manuela", disse Melo.

A candidata respondeu: "Eu fico às vezes escutando o candidato Sebastião dizer que eu sou estatista. Mas eu sou absolutamente contrária a espaços públicos que são criados, que utilizam dinheiro e que não alcançam seus objetivos. Eu vou dar um exemplo para vocês que estão em casa. Foi criado o escritório do Metrô em Porto Alegre, R$ 11 milhões. O metrô não veio, não veio (risos) porque o trabalho não foi suficiente".

Melo retrucou. "O escritório do metrô foi fechado, porque ele foi para Caracas."