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Após ataques, eleita em Bauru diz que não pode "passar pano" para racismo

A prefeita eleita de Bauru, em São Paulo, Suéllen Rosim (Patriota) - Reprodução/Twitter
A prefeita eleita de Bauru, em São Paulo, Suéllen Rosim (Patriota) Imagem: Reprodução/Twitter

Guilherme Botacini

Colaboração para o UOL, em São Paulo

01/12/2020 04h00

Prefeita eleita neste domingo em Bauru (a 330 km de São Paulo), Suéllen Rosim (Patriota) sofreu ataques racistas em redes sociais e em um grupo de WhatsApp do qual ela não faz parte na véspera de sua vitória na cidade.

Em uma das mensagens enviadas, o agressor diz que "essa gente de pele escura, com cara de marginal administrando essa cidade, será o fim". E prossegue exaltando o candidato que disputou o segundo turno com Rosim, Dr. Raul (DEM), dizendo que "esse sim tem berço".

Nas redes sociais, a mensagem diz que "Bauru não merecia essa prefeita de cor com cara de favelada comandando nossa cidade". "A senzala estará no poder nos próximos quatros anos."

Rosim afirmou em entrevista ao UOL que registrou boletim de ocorrência, mas que o responsável pela agressão ainda não foi identificado, apesar do nome da pessoa aparecer na troca de mensagens.

Em outro texto, a mesma pessoa sugere que frequenta a prefeitura da cidade. "Eu não quero nem imaginar ter que ir no Palácio das Cerejeiras e saber que tem essa 'gente' como prefeita dando ordens."

A prefeita eleita foi informada de que o grupo era de funcionários públicos da cidade, mas não conseguiu confirmar se era um grupo oficial. Alguns participantes criticaram as mensagens racistas e apontaram a discriminação racial contida nas agressões.

"Temos que procurar a Justiça sempre, não podemos passar pano para isso", disse Rosim.

Fico um pouco chateada, mas isso não me desanima. Não podemos silenciar nem sermos omissos.
Suéllen Rosim, prefeita eleita em Bauru

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A Constituição Federal pune discriminação em virtude de raça e cor e define o racismo como "crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei".

O crime de injúria racial, no entanto, é o que está associado ao uso de palavras depreciativas em razão de raça ou cor e estabelece pena de reclusão de um a três anos e pagamento de multa, segundo o Código Penal.

Quem é a nova prefeita

Suéllen Rosim, 32, é a primeira mulher eleita da cidade de Bauru. Ela é formada há dez anos na área de comunicação e trabalhou na TV Tem, afiliada da Rede Globo na região, onde foi apresentadora, repórter e editora por oito anos.

Ela conta que foi seu trabalho como jornalista, em contato com a população, que a inspirou a entrar na carreira política. "Quis ir além da profissão. A rua, a reportagem, ver os serviços públicos sempre precisando de ajustes, foi isso que me aproximou da política, que vejo como uma grande ferramenta de transformação", conta.

Ela é atualmente suplente entre os deputados estaduais do Patriota na Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo). Foi vitoriosa em Bauru com quase 90 mil votos, representando 55,98% dos votos válidos, contra 44,02% de seu adversário.

Rosim também reconhece uma maior dificuldade das mulheres no ambiente político e vê as cotas raciais e de gênero para candidaturas como um avanço na representatividade política. "Entendo que a gente precisa cada vez mais de oportunidades para ocupar esses espaços. Futuramente, espero que não precisemos mais disso", afirma.

"Enquanto prefeita, quero ser exemplo e espero que, daqui a quatro anos, a população olhe para trás e tenha muito orgulho da escolha que fez."

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do informado no primeiro parágrafo, Bauru fica a 330 km de São Paulo, e não 280 km. O texto foi corrigido.