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Moraes tem vantagem de conhecer máquina bolsonarista nas redes, diz jurista

17/08/2022 09h34Atualizada em 17/08/2022 17h48

O jurista e professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas) Oscar Vilhena Vieira avaliou hoje no UOL News que o ministro Alexandre de Moraes é "a pessoa certa no momento certo" para assumir a presidência do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Oscar explicou que Moraes tem a vantagem de saber como funcionam as redes sociais do presidente Jair Bolsonaro (PL), normalmente utilizadas para atacar as eleições.

"Alexandre de Moraes é um jurista que não é progressista, não é da esquerda. Ele foi indicado por Michel Temer, de quem era parte do gabinete, foi Ministro da Justiça. E tem todas condições para desempenhar esse papel. É um homem contundente. Não fala em público, mas fala dentro dos processos e com muita contundência. E tem vantagem de conhecer por dentro a máquina de mídias sociais do Bolsonaro, porque conduz no STF o inquérito a respeito de fake news e ameaças à democracia. Então é uma pessoa equipada, contundente e firme. É a pessoa certa no momento certo para fazer a defesa da democracia brasileira", analisou Oscar.

O jurista acompanhou a cerimônia de posse de Moraes e afirmou que Bolsonaro pareceu constrangido quando o novo presidente do TSE defendeu as urnas eletrônicas.

"Sem dúvidas estamos assistindo a uma coisa incomum: Uma posse de ministro do TSE com esse grau de concorrência. Todos ex-presidentes estavam lá, com exceção do FHC por motivo de saúde. E com uma atenção da mídia enorme. Isso dá noção de como o TSE vem sendo respaldado. Foi uma posse incomum. E o presidente se viu constrangido não só pelo discurso, mas principalmente por ele. As últimas semanas mostram que setores cada vez mais amplos da sociedade fecharam pacto em torno da democracia", celebrou Oscar.

Segundo o professor, o Brasil está mostrando uma "democracia militante" —o que acontece quando as instituições do país militam em favor da democracia. Porém ele alertou que, mesmo se a democracia ficar protegida durante as eleições, é importante que promessas feitas sejam cumpridas posteriormente.

"Estamos assistindo a um ato de resistência. Se a democracia sobreviver, temos que nos empenhar para que promessas não cumpridas pela democracia sejam levadas a sério. Ou figuras como Bolsonaro surgirão porque a frustração social estará presente", concluiu o jurista.