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Sakamoto: Fake news de campanha ainda são aperitivo; a maior virá no final

Colaboração para o UOL, em São Paulo

18/08/2022 14h15

O colunista do UOL Leonardo Sakamoto falou hoje sobre fake news nas campanhas eleitorais na esteira de um vídeo que circula nas redes sociais e traz uma montagem que mistura a voz da apresentadora do Jornal Nacional Renata Vasconcellos com os resultados de uma falsa pesquisa de intenção de votos, as chamadas deepfakes. Para Sakamoto, entretanto, as fake news devem piorar com a proximidade das eleições.

"Infelizmente estamos apenas começando essa campanha, tudo isso é apenas um aperitivo. A gente ainda não viu a grande fake dessa eleição e vai ter uma grande fake que a gente não sabe o que é, mas ela vai aparecer provavelmente na reta final. Na eleição de 89 apareceu a questão do aparelho de som do Lula na reta final e estávamos ainda em uma campanha analógica. Imagina nessa e com candidatos que têm grande know how em ódio e intolerância", disse durante participação no UOL News.

Além do vídeo editado com a pesquisa eleitoral, o músico Roger Moreira, vocalista da banda Ultraje a Rigor, também compartilhou hoje em suas redes sociais um vídeo onde o candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aparece bebendo água, mas é chamado de cachaceiro, em uma alusão de que o líquido na verdade seria pinga. Sakamoto destacou que há uma distinção entre os dois casos, uma vez que deepfakes são mais elaboradas, mas alertou para uma possível má-fé nesse tipo de compartilhamento de conteúdo.

"Nesse caso o próprio influenciador considera que seus seguidores são bem burros. Casos de deepfake são mais complicados e difíceis, mas nesse caso é considerar que são burros ou pessoas cobertas de má-fé que vão distribuir para outras pessoas. Aquilo é uma garrafinha de água e a pessoa claramente pega para abrir", disse.

"Temos uma sociedade que aceita esse tipo de informação e não é ensinada a procurar e checar os fatos antes de compartilhar para terceiros, muito pelo contrário, se você fala para alguém que precisa checar uma informação antes de compartilhar é taxado de chato e de fazer o jogo do adversário. Essa sociedade está extremamente excitada no sentido da guerra, então a pessoa pode até não ser um idiota completo e saber que é uma garrafa de água mas compartilhar porque é contra o Lula. A pessoa aproveita o ódio que sente contra um político e acaba dando tração a isso", completou.

Ainda durante participação no UOL News, Sakamoto disse não saber se as deepfakes podem ser um perigo para essas eleições, mas também mostrou preocupação com a própria democracia. Ele também trouxe o conceito de "infocalípse", cunhado por Aviv Ovadya, que é especialista de centro de responsabilidades para mídias sociais do MIT (Massachusetts Institute of Technoly), chamando atenção para o fato de as pessoas não se importarem mais com a veracidade dos fatos.

"Não sei se muda o futuro dessa eleição, mas as deepfakes têm potencial de erodir a própria democracia. Infocalípse é quando as pessoas abandonam os fatos e eles não são mais relevantes para a tomada de decisões, aí a sociedade acaba ruindo porque o que nos une como sociedade é que a gente acredita nos mesmos fatos e a partir disso discute como resolver um problema. Quando nem os fatos são compartilhados igualmente, o negócio acaba ruindo. Aí é claro que em uma eleição presidencial, se as pessoas não acreditarem nem na informação básica que é a informação das pesquisas, a gente vai ter isso".

"A deepfake é muita mentira e muitas pessoas são enganadas e acabam distribuindo, mas existe uma situação até pior em que as pessoas não se importam se a informação é verdadeira ou falsa desde que a informação quando compartilhada possa prejudicar o adversário político", finalizou.

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