Campanha de Lula convoca cúpula evangélica para rebater 'efeito Michelle'
A ampliação da vantagem do presidente Jair Bolsonaro (PL) entre os eleitores evangélicos, segundo a última pesquisa Datafolha, e o embarque da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, na campanha de reeleição provocaram uma resposta da coligação que apoia a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A campanha do petista mobilizou pastores e teólogos, que traçaram uma estratégia de contra-ataque para viralizar conteúdo entre esse segmento.
Essa é a ideia por trás de endereços em redes sociais, aplicativos de mensagem e sites que os advogados da campanha de Lula protocolaram na semana passada no site do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), como revelou o jornal Folha de S.Paulo.
Bolsonaro ampliou para 17 pontos percentuais a distância sobre Lula entre os evangélicos, ao marcar 49% das intenções de voto contra 32% do petista, segundo o Datafolha de quinta (18). Dois dias depois, no sábado (20), uma petição da campanha de Lula pediu ao TSE a inclusão "de novos endereços de redes sociais" voltadas ao público evangélico.
Como nasceu a estratégia? Após a entrada na campanha de Michelle Bolsonaro —que é evangélica e passou a acompanhar Bolsonaro— e a divulgação de uma fake news afirmando que Lula pretende fechar igrejas, o PT convocou as lideranças evangélicas da coligação para bolar um contra-ataque.
Ao menos sete dos nove partidos da coligação indicaram representantes religiosos para sugerir ideias para frear o avanço bolsonarista sobre evangélicos.
- No Psol, o porta-voz é o pastor e candidato a deputado federal Henrique Vieira (RJ).
- No Solidariedade, quem fala é o pastor pentecostal Paulo Marcelo Schallenberger.
- A deputada federal Benedita da Silva (RJ) cuida do assunto no PT.
Na segunda-feira (22), uma das missões de Benedita era colher depoimentos em vídeos de evangélicos que declarassem voto em Lula e no partido.
"Foi uma ideia de vários pastores e teólogos para responder a pautas [da campanha adversária] como as fake news. Houve um acordo entre os partidos. Cada um traz suas ideias", afirmou ao UOL Schallenberger, chamado por Lula para dialogar com os pentecostais. "O Restitui Brasil [nome de um site e de endereços de páginas em redes sociais] é uma das primeiras ferramentas mais diretas que a campanha vai trabalhar para atingir o evangélico."
Os primeiros vídeos já foram compartilhados em algumas dessas novas páginas e também no perfil de lideranças do PT, como a da presidente do partido, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PR).
Em outra peça, Lula diz que "qualquer eleitor evangélico sabe que nunca o governo tratou eles com o respeito que eu tratei".
Com grande entrada no meio religioso, o vice na chapa, Geraldo Alckmin (PSB), também vem gravando vídeos curtos, preferencialmente na vertical. "Quero agradecer as igrejas evangélicas pelo trabalho belíssimo de evangelização e trabalho social, cuidando das famílias e necessitados", diz ele em um vídeo.
A intenção é viralizar isso, chegar ao segmento evangélico. Nas redes sociais você pode impulsionar a publicação para o público que deseja, e vamos impulsionar."
Paulo Marcelo Schallenberger, pastor
"Nesses sites haverá textos bíblicos e vamos falar diretamente sobre aborto, fechamento de igrejas. Será um combate teológico, mostrando a diferença entre quem tem Deus e quem fala em nome de Deus", afirmou Schallenberger.
Por que escolheram o termo "restituição"? Alguns desses novos sites foram batizados de "evangélicos com Lula", "evangélicos e Lula", "verdade na rede" e, principalmente, "Restitui Brasil".
"Nossa confiança está em Deus, Ele é nosso escudo e nossa fortaleza", diz a página Restitui Brasil, com material de campanha para evangélicos e campo para cadastro do internauta, incluindo a pergunta sobre a igreja a que ele pertence.
O Brasil já foi uma das maiores nações do mundo, é tempo de restituição."
Material de campanha no site Restitui Brasil
Famoso entre os evangélicos, o termo "restituição" remete a passagens bíblicas que significam restituir, compensar de forma justa o que foi perdido pelo "povo de Deus".
"É uma referência ao texto bíblico. Deus vai restituir, trazer o que é meu: comida de volta, liberdade de volta, tolerância religiosa de volta", explica o pastor.
A ofensiva sobre o eleitor evangélico também fará parte da campanha fora das redes, principalmente em inserções na TV e no programa eleitoral gratuito.
Efeito Michelle? A campanha petista admite que Michelle Bolsonaro "foi muito bem preparada, deu um boom" na campanha de reeleição. Mas a principal preocupação, diz o pastor, é com a desinformação.
"Se Bolsonaro não conseguir os cinco pontos percentuais que faltam, não terá segundo turno. Por isso estão indo para o tudo ou nada", diz ele.
No primeiro dia oficial de campanha, na semana passada, tanto Lula quanto Bolsonaro apelaram para a religião.
- O presidente sugeriu que as pessoas podem ficar proibidas de falar em Deus se ele perder as eleições,
- Lula disse que o adversário está "possuído pelo demônio".
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