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Ortellado: Lula está sob enorme pressão para ser melhor que Bolsonaro no JN

Colaboração para o UOL, em São Paulo

25/08/2022 11h46Atualizada em 25/08/2022 12h44

O bom desempenho do presidente Jair Bolsonaro (PL) na entrevista no "Jornal Nacional", da TV Globo, pressiona o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a fazer o mesmo, segundo o filósofo e professor de Gestão de Políticas Públicas da USP (Universidade de São Paulo) Pablo Ortellado.

O petista será entrevistado hoje pelos jornalistas William Bonner e Renata Vasconcellos no telejornal. "[Lula] está sob enorme pressão para ter um desempenho comparável ou melhor [do que Bolsonaro]", disse Ortellado, durante o programa UOL Entrevista. "E os apresentadores vão ter que pegar tão pesado quanto pegaram com Bolsonaro", acrescentou.

O professor avaliou que, no "Jornal Nacional", Lula deve ter suas fragilidades expostas com perguntas sobre os escândalos de corrupção, por exemplo. "Até porque seria um suicídio fazer um tratamento diferente entre os dois candidatos", afirmou.

Ortellado explicou que a televisão ainda é o meio de comunicação mais influente no Brasil, por isso, é essencial os presidenciáveis aproveitarem a oportunidade de falar com o eleitorado no telejornal.

"A penetração da TV é maior do que da internet. Para uma parcela da população, a internet é precária, [acessada] por meio de celular e tem limitação dos planos. A TV é universal e a audiência está muito concentrada", detalhou.

"Além do que, na mídia social, nossa atenção está muito dispersa em várias plataformas e vozes. A polarização reduz um pouco isso porque vemos milhões de pessoas repercutindo a mesma mensagem."

Ortellado: Janones se tornou um 'Carluxo do Lula' e sabe dos truques das redes

Falando sobre o apoio de André Janones (Avante) a Lula, Pablo Ortellado disse que o político se tornou um conselheiro de mídia social para a campanha do petista.

"O jornalismo descobriu o Janones recentemente, mas quem estuda as redes sabe há muito tempo que ele é um gigante. Ele era o único político que podia concorrer com Bolsonaro em termos de alcance [online]", afirmou. "Janones tem um grande domínio, sabe jogar esse jogo das mídias sociais e virou uma espécie de 'Carluxo' do Lula."

"Mensagem se difunde com compartilhamento e isso está ligado a emoções fortes despertadas. Por isso que o meio [digital] privilegia o discurso inflamatório. O Janones sabe disso e está emprestando essa expertise [para o Lula]", acrescentou.

'Jogo sujo da campanha continua acontecendo no WhatsApp'

Analisando as diferentes facetas das campanhas políticas nas redes sociais, o filósofo Pablo Ortellado explicou que, em cada plataforma, há um jogo diferente acontecendo.

"Tem um no YouTube, um no WhatsApp, um no Twitter, um no Facebook. Em cada lugar, [a campanha] está sendo jogada de um jeito ao mesmo tempo", disse.

"O jogo sujo ainda está sendo muito jogado no WhatAapp. O WhatsApp foi uma novidade de 2018 e é uma porta que não foi fechada. Ele continua sendo a minha maior preocupação [para as eleições de outubro]", prosseguiu.

"É uma rede que pela sua própria arquitetura permite viralizar mensagens sem a gente saber de onde ela veio. Isso é praticamente um convite para o jogo sujo e, lá, o jogo é muito baixo."

O UOL Entrevista vai ao ar às segundas e quintas-feiras, às 10h.

Onde assistir: ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL.

Veja a íntegra do programa: