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A empresários, Bolsonaro faz discurso cheio de palavrões contra Lula e JN

Alan Santos/PR
Imagem: Alan Santos/PR

Do UOL, em São Paulo e em Brasília

26/08/2022 11h03

O presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), criticou hoje a entrevista concedida pelo principal adversário nas urnas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ao Jornal Nacional, da TV Globo, na noite de ontem (25). Ele ironizou o desejo manifestado pelo oponente em abrir diálogo com outros políticos e sugeriu que tal atitude seria uma forma de "toma lá, dá cá" —expressão alusiva a negociatas e trocas de favores em Brasília.

Bolsonaro também buscou defender os empresários que mantiveram conversas golpistas em um grupo de Whatsapp e foram alvo do STF (Supremo Tribunal Federal). Ele citou nominalmente Luciano Hang, dono da varejista Havan, apoiador entusiástico do governo.

As declarações de hoje ocorreram durante encontro entre Bolsonaro e integrantes da Associação Comercial de São Paulo. O evento marcou a inauguração do auditório da entidade.

Palavrões e ironias. Bolsonaro estava bastante à vontade durante 40 minutos de discurso. Falou palavrões em diversas ocasiões e comentou que toma medicamento para disfunção erétil. Um exemplo desta linguagem ocorreu no final do pronunciamento, quando citava a Rede Globo.

"Aquele mundo de fantasia deles... Nós botamos para baixo Tão tudo puto comigo!".

Na mesma hora, o perfil do candidato fazia uma séria de postagens com críticas a emissora. Acusava a Globo de promover as drogas, a ideologia de gênero e destruição da família.

No discurso, também sobrou para William Bonner e Renata Vasconcellos, âncoras do Jornal Nacional. Os dois jornalistas tiveram os nomes citados de forma irônica. Lula foi lembrado de forma negativa. "Vi o Lula falando ontem: Temos um novo MST. Aí você vai modificar o DNA da cobra", declarou.

Aceno a eleitorado feminino. Em seus discursos de campanha, Bolsonaro procura se colocar como o governante que mais legalizou terras rurais. Ele aproveita a ocasião para tentar se aproximar do eleitorado feminino e comenta que 90% dos títulos foram entregues a mulheres.

Em outra menção a entrevista de Lula ao Jornal Nacional, Bolsonaro ironizou uma declaração de Lula. "Acreditar nesta conversa mole que você vai ter tudo. Vou passar a gasolina para R$ 3, vai todo mundo comer picanha todo final de semana. Quanto a isso, não tem filé mignon para todo mundo".

A lista de críticas continuou com o candidato a reeleição afirmando que o grupo do principal adversário "vive do sangue da viúva".

Mais críticas a Bonner. Neste mesmo contexto, o candidato a reeleição criticou o desempenho de Bonner na entrevista. Bolsonaro sugeriu que o jornalista agiu com naturalidade em uma situação em que deveria se posicionar.

"E ontem o Bonner. Me desculpe, não foram seis bi de dólares, foram seis bi de reais, Ah tá, tudo bem".

Bolsonaro defende seu governo. Além de críticas ao rival, Bolsonaro defendeu sua administração. Ele declarou que a Europa busca fazer comércio com o Brasil para garantir segurança alimentar, afetada por causa da Guerra entre Ucrânia e Rússia. Os discursos de restrição por motivos ambientais teriam ficado no passado.

"Eles querem agora correr para gente e abrir este comércio e ninguém tá botando restrição, todo mundo tá me achando bonitinho. Sou o cara agora mais bonito do mundo. O Johnny Bravo", numa alusão ao desenho animado.

Luciano Hang é exemplo. Também houve tempo para defender aliados. Bolsonaro criticou a operação contra empresários que trocaram mensagens golpistas em um grupo de WhatsApp. O candidato a reeleição reclamou que era uma afronta a liberdade.

Ele elogiou o dono da Havan, Luciano Hang, por pagar R$ 4 bilhões em impostos. Na avaliação de Bolsonaro, trata-se de um exemplo de empresário por ser um homem rico e que, mesmo assim, se envolve com a política. O candidato a reeleição declarou que o Brasil precisava de mais empresários desta natureza.

Terceira vez em SP. Bolsonaro está em São Paulo pela terceira vez desde o início oficial da campanha eleitoral, em 16 de agosto. As agendas recorrentes do candidato à reeleição em SP já eram esperadas porque o estado é o maior colégio eleitoral do país. Além disso, concorre à chefia do Executivo local um dos principais aliados do presidente, o ex-ministro da Infraestrutura Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos).

Entrevistas e Festa do Peão. Bolsonaro tem hoje quatro compromissos previstos: a reunião na Associação Comercial paulista, uma entrevista ao programa de rádio Pânico (Jovem Pan), uma entrevista ao podcastod médico e atleta Paulo Muzy, e a visita à Festa do Peão, em Barretos (SP).

Estreia na Bahia. Amanhã, o candidato estará em Vitória da Conquista, a primeira agenda de campanha na Bahia. Será realizada uma "motocarreata" entre o aeroporto e o estádio da cidade, segundo informações da assessoria da chapa de Bolsonaro. Ao fim, haverá um comício.