A presidente da Bolívia, Lula promete apoio à entrada do país ao Mercosul
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu nesta manhã com o presidente da Bolívia, Luis Arce, em hotel em São Paulo. Candidato ao Planalto, o petista prometeu apoio à entrada do país vizinho ao Mercosul (Mercado Comum do Sul), em uma proposta de reaproximação dos países latino-americanos, hoje governados em maioria por partidos de esquerda.
O encontro, feito a convite do governo boliviano, é parte de uma agenda internacional que tem feito desde o fim de 2021. Em visita informal, o boliviano não deverá se encontrar com o presidente Jair Bolsonaro (PL), que cumpre agenda em Brasília.
Entrada no Mercosul: Os dois trataram sobre o retorno de um estreitamento nas relações entre os países latino-americanos, uma das principais bandeiras internacionais do governo Lula (2003-2010). Entre os assuntos debatidos, está a entrada do país no Mercosul, uma proposta que ainda precisa ser referendada pelo Brasil.
Segundo o ex-chanceler Celso Amorim (PT), que participou da reunião, Lula é a favor da integração e trabalhará para isso. "O presidente Lula se comprometeu, caso eleito, de acelerar a integração da Bolívia ao Mercosul, que é muito importante para as relações internacionais, com a Europa, com a China", afirmou, após o encontro.
Mesmo presidente, Lula poderia prestar apoio, mas quem dá a última palavra, neste caso, é o Congresso Nacional. Nos outros três países membros — Argentina, Paraguai e Uruguai — ela já foi aprovada pelos respectivos parlamentos.
Evidentemente que o Congresso é soberano, mas não tenho a menor dúvida de que [Lula] fará esse esforço. É muito importante para a Bolívia e importante para nós, porque a Bolívia no Mercosul também nos facilita o contato com todo o conjunto da Comunidade Andina, que ela também é membro."
Celso Amorim, sobre apoio à Bolívia
Comunidade Andina é o bloco econômico formado por Bolívia, Colômbia, Equador e Peru, que compõe a Cordilheira dos Andes. Atualmente, é debatida ainda a integração da Argentina e o retorno do Chile. Por isso, justifica Amorim, a importância de estreitar as relações com membros do grupo.
Soberania da Amazônia: Os dois também trataram sobre soberania e exploração da Amazônia. Uma das principais pautas do plano de governo petista, Lula defende que a floresta seja explorada de forma sustentável, com combate ao garimpo ilegal e respeito às reservas indígenas.
O ex-presidente também diz que isso tem de ser feito em união com todos os países que compõe a floresta junto ao Brasil: Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru. Suriname e Venezuela.
"A Bolívia é o único país da América do Sul que participa dos três grandes ecossitemas: Amazônia, Prata e Andina —nem o Brasil, que é grande, nós não estamos nos Andes. Então, falou-se muito da integração e de trabalho na região, das possibilidades de investimento em infraestrutura.
Sem encontrar Bolsonaro: Arce é mais um chefe de Estado que vem ao Brasil e não se encontra com o presidente Bolsonaro. Como se trata de um encontro informal, não houve justificativa oficial para que não houvesse uma reunião.
No início de julho, o petista recebeu o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, para uma reunião informal. Bolsonaro também ia se encontrar com o português, mas se irritou com a agenda com Lula e decidiu cancelar toda a programação.
No fim de julho, a vice-presidente da Colômbia, Francia Márquez, foi à Fundação Perseu Abramo, ligada ao PT, para uma reunião com o ex-presidente e foi embora sem encontrar Bolsonaro. Ela eleita em junho junto a Gustavo Petro, primeiro presidente de esquerda da história da Colômbia — acontecimento não muito recebido pelo Planalto
Agenda internacional: Desde o final do ano passado, o ex-presidente Lula tem tentado formar uma agenda internacional, com encontros com diferentes lideranças estrangeiras —com intuito também de se contrapor ao isolamento institucional ao qual atribui o governo Bolsonaro.
- Em novembro do ano passado, ele foi recebido com protocolo de chefe de Estado pelo presidente francês, Emmanuel Macron, em visita a Paris.
- Em maio, recebeu a princesa Marie-Esméralda Léopoldine, integrante da família real da Bélgica, em encontro feito a portas fechadas de "caráter particular".
- No início de julho, recebeu o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, também para uma reunião informal.
- No fim do mesmo mês, recebeu a nova vice-presidente da Colômbia, Francia Márquez.
- Na semana passada, fez uma reunião com 13 deputados do Parlamento Europeu para debater possíveis alianças e melhoria do relacionamento entre Brasil e União Europeia em caso de vitória.
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