Topo

Leia a íntegra do primeiro bloco do debate presidencial no SBT

Presidenciáveis durante debate no SBT; Lula não participou - Reprodução/SBT
Presidenciáveis durante debate no SBT; Lula não participou Imagem: Reprodução/SBT

Do UOL, em São Paulo, no Rio e em Brasília*

24/09/2022 19h02Atualizada em 24/09/2022 21h48

O segundo debate entre candidatos à Presidência da República nas Eleições 2022 aconteceu neste sábado (24) e foi realizado por SBT, CNN Brasil, Veja, O Estado de S. Paulo, Nova Brasil FM e Terra. Participaram do debate Jair Bolsonaro (PL), Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB), Soraya Thronicke (União), Luiz Felipe D'Avila (Novo) e Kelmon Souza (PTB).

A ausência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e críticas ao governo de Jair Bolsonaro (PL) foram os principais assuntos do primeiro bloco.

Leia aqui a íntegra do primeiro bloco do debate no SBT:

[Carlos Nascimento]: Boa noite. Começa agora, ao vivo, da sede do SBT, o debate entre os candidatos à Presidência da República. Promovido pelo maior pool de veículos de comunicação, formado por: SBT, CNN Brasil, Terra, Nova Brasil, Estadão/Eldorado e Veja. Você pode acompanhar o debate também pelo celular no YouTube do SBT e do SBT News, na Rádio Eldorado e Rádio Nova Brasil, além dos sites de Veja, Estadão e Terra. Pelas próximas duas horas e quinze minutos irão debater as ideias e propostas para governar o país os candidatos: Simone Tebet, do SBT, Jair Bolsonaro, do PL, Ciro Gomes, do PDT, Soraya Thronicke, do União Brasil... e o Padre Kelmon, a Soraya, agora o Padre Kelmon, do PTB, e também Felipe D'Avila, candidato do partido Novo. Você vê aí um púlpito vazio. É do candidato Lula, do PT, que foi convidado, mas não quis participar deste debate. O debate terá quatro blocos, você vai conhecer agora as normas desta primeira parte. Neste primeiro bloco, candidato pergunta para candidato na ordem definida por sorteio. Quem pergunta tem direito à réplica, quem responde pode fazer a tréplica. A pergunta terá no máximo 30 segundos. A resposta, um minuto e meio. Réplicas e tréplicas terão 45 segundos. Cada candidato poderá perguntar uma vez, e será chamado a responder uma única vez. Eu reforço que todos os candidatos presentes terão que obrigatoriamente ser chamados a responder. O candidato que se sentir, porventura, ofendido poderá pedir direito de resposta. Uma equipe formada por advogados e jornalistas do pool irá avaliar se houve a ofensa. Em caso afirmativo, o candidato ofendido ganhará direito de resposta de um minuto. Vamos então começar. A primeira pergunta é de Simone Tebet, do MDB. Candidata, a quem a senhora irá perguntar?

[Simone Tebet]: Ao candidato Bolsonaro.

[Carlos Nascimento]: Pois não, pode fazer sua pergunta.

[Simone Tebet]: Candidato, você diz que defende as famílias brasileiras, mas você não respeitou a dor das famílias que perderam um ente querido na pandemia, que você não respeita as mulheres brasileiras, isso todo mundo já sabe. Mães hoje têm que explicar para seus filhos os significados das palavras chulas e até de palavrões que você fala todo o tempo, mas ter coragem de cortar dinheiro da merenda escolar e da creche. A pergunta que eu faço a você é a seguinte: Por que o seu governo não dá prioridade às crianças no Brasil?

[Jair Bolsonaro]: Senhora senadora, o orçamento, senadora, é feito em quatro mãos — Executivo e Legislativo. Não é justo, não é verdadeira essa acusação de cortar dinheiro para a merenda, que o orçamento não foi votado ainda. A senhora vai ter uma chance de ouro agora. Já que a senhora fala tanto no orçamento secreto como o maior esquema de corrupção no Brasil. A senhora votou para derrubar o meu veto ao orçamento secreto. A senhora vai ter a chance agora de pegar esse orçamento secreto, na casa dos 18 bilhões de reais, e redistribuir para todos os Ministérios, entre eles o da Educação. É fácil, é simples. A responsabilidade de governar é do Executivo e do Legislativo. Nós somos irmãos nesse processo. Então, por favor, senhora senadora, a verdade acima de tudo. O João 8:32 vai continuar se fazendo presente no meu governo. Agora, ofender as mulheres? Falar palavrão? Eu falo palavrão sim, mas não sou ladrão. Eu não defendo, por baixo dos panos, um outro candidato que já foi condenado, cumpriu cadeia, e agora está por favor aí disputando à presidência, se ausentando aqui. Essa é a nossa diferença. Eu defendo as mulheres, não da boca pra fora. Eu defendo, de fato. A senhora não defendeu duas médicas que foram na CPI da Covid, foram maltratadas, pisoteadas pelos seus colegas, e a senhora não fez nada.

[Simone Tebet]: Eu recebi violência política de seus ministros, e não vi o senhor em nenhum momento fazer uma defesa das senadoras que foram agredidas na CPI. Mas você é um péssimo exemplo, porque, além de tudo, mente em cadeia nacional. Vamos aos fatos: Você não trabalha, anda de jet-ski, moto, não conhece a realidade do Brasil. Por isso que diz, e disse, que o Brasil não tem fome. Ora, candidato, você cortou mais de 90% dos programas do dinheiro para casas populares, para delegacias da mulher, tirou dinheiro de creches e de escolas, sabe para quê? Para que não, para pagar o orçamento secreto, para comprar apoio no Congresso Nacional. Isso é corrupção. Hoje as nossas crianças estão comendo bolacha e suco em pó. No meu governo vai ser diferente, eu não terei um governo corrupto como o do senhor e do PT, eu dou importância e respeito às crianças do Brasil.

[Carlos Nascimento]: Por favor, o tempo, a tréplica.

[Jair Bolsonaro]: Senadora, a senhora derrubou o veto do dito "orçamento secreto". Esse orçamento é totalmente administrado pelo relator, ora do Senado, ora da Câmara. Eu não tenho a relação dos parlamentares que usam desse recurso. No ano passado, a senhora usou desse recurso. A sua atual vice, no corrente ano, usou também desse recurso. Não repito a questão de creche, etc., etc., orçamento, repito: não sou eu, eu não faço, não é um decreto. O orçamento é uma lei, e para ser lei passa pelo Parlamento. A senhora, repito, a senhora tem uma chance enorme, maravilhosa de, agora, como parlamentar, pegar dinheiro desse dito "orçamento secreto" e mandar para essas áreas carentes.

[Carlos Nascimento]: O candidato Jair Bolsonaro, do PL, é o segundo a participar. A quem o senhor pergunta, candidato?

[Jair Bolsonaro]: Como está estreando aqui, o Padre Kelmon.

[Carlos Nascimento]: Pode fazer a pergunta.

[Jair Bolsonaro]: Como o senhor está estreando, padre Kelmon, na ONU, eu falei sobre perseguição de religiosos, especificamente Nicarágua, onde padres são presos, freiras são expulsas do país e rádios e televisões são fechadas. E o Ortega, o ditador, é amigo íntimo de Lula. E o Lula disse que nessas questões nós não devemos nos meter. Pergunto ao senhor, Padre Kelmon: o Brasil deve fazer gestões contra esse tipo de ditadura pelo mundo?

[Padre Kelmon]: Com certeza. Nós somos uma nação cristã, 84% da população do Brasil é uma população cristã, entre católicos romanos, católicos ortodoxos e cristãos. Nós corremos os mesmos riscos que correm o povo da Nicarágua. Porque a Nicarágua foi tomada por um ditador há 20 anos e que está perseguindo, nessas últimas duas semanas, nós acompanhamos por todos os meios de comunicação, a perseguição ferrenha aos cristãos. São padres que estão na cadeia, bispo que está preso, o povo que não pode mais frequentar as missas, não se celebra mais, então, é uma perseguição explícita; e por que o Brasil corre esse risco? Porque o ditador da Nicarágua é amigo do grupo do foro de São Paulo, e esse pessoal, eu não vi em nenhum momento esse pessoal da esquerda brasileira reclamar, falar, criticar. Todos em silêncio. Ou seja, são amigos, são mais do mesmo, mas quando eles cometem essas atrocidades, ninguém fala nada. Ninguém diz nada. O cristão é morto, é perseguido, e essa situação nós não queremos no Brasil. E para que isso seja evitado nós, católicos, ortodoxos e evangélicos, nós precisamos ficar muito atentos a estes que fazem parte desse mesmo clube e que têm as mesmas pautas, defesa da morte—

[Carlos Nascimento]: O tempo, por favor.

[Padre Kelmon]: Porque esses defendem a morte.

[Carlos Nascimento]: A réplica, por favor.

[Jair Bolsonaro]: Prezado padre, parabéns pela sua exposição. Nós não podemos realmente aceitar perseguição a religiosos no mundo todo. Na Nicarágua está sendo uma covardia, prendendo padres com 70, 80 anos de idade, expulsando freiras com 80, 90 anos de idade, fechando meios de comunicação, como fechou agora os sinais da TV CNN. Nós devemos reagir. Eu repito aqui o que falei na ONU: o Brasil está de portas abertas para acolher padres, freiras, outros religiosos que estejam sofrendo perseguição lá, que é uma verdade, o Brasil os acolherá. Nós não daremos as costas para esses perseguidos pelo mundo.

[Carlos Nascimento]: A tréplica, por favor.

[Padre Kelmon]: Corremos esse risco aqui no Brasil, e, para que isso seja evitado, nós cristãos precisamos nos unir. Nos unir naquilo que é comum a todos, Jesus de Nazaré. Um padre está, hoje, candidato a presidente da República porque nós estamos preocupados com os rumos, os rumos que estão se tomando nessa nação! Persegue-se valores, persegue-se padres fora daqui. Nós sabemos que isso é toda uma articulação existente na esquerda que se aplica em alguns países e tenta se aplicar no Brasil, mas nós cristãos vamos reagir.

[Carlos Nascimento]: Muito bem, o próximo a perguntar, candidato Ciro Gomes, a quem vai dirigir a pergunta, por favor?

[Ciro Gomes]: À senadora Soraya. Senadora, eu fiz pública a minha opinião em respeito a uma opinião sua em que eu fiquei bastante admirado pela franqueza, já lhe disse pessoalmente. A senhora assumiu com toda a transparência e intimidade de uma pessoa que nada tem a dever, junto ao povo brasileiro, a ideia de que se arrependeu de votar no governo Bolsonaro, e, entre outros argumentos, a percepção de 70% do povo de que é um governo que está também entregue à corrupção. Mas o governo Bolsonaro se constitui denunciando a corrupção do PT e do Lula. O que aconteceu no Brasil para a corrupção ter tanto domínio na nossa política?

[Soraya Thronicke]: Candidato, muito obrigada. Primeiro eu gostaria cumprimentar a população brasileira, cumprimentar todos vocês, e agradecer a oportunidade democrática. Dizer, antes de tudo, candidato Ciro, que uma sabatina, um debate é como uma entrevista de emprego. Você imagina, você contrataria, você aí na sua casa contrataria um candidato que faltou à entrevista de emprego? Esse é o candidato Luiz Inácio Lula da Silva, que não merece seu voto de maneira nenhuma. Ele não veio sequer à entrevista de emprego. Uma covardia. Isso é coisa de quem não gosta de trabalhar. Mas, enfim, Ciro, realmente, ao lado de Jair Bolsonaro nós levantamos as bandeiras do combate à corrupção, da economia de mercado liberal, do respeito às instituições, que é onde o conservadorismo começa. E, principalmente, de um grupo, de um partido. Sim, ajudei a eleger Jair Bolsonaro, e não me arrependo naquele momento porque era necessário tirar o PT do poder. Sabe o que eu sinto? O meu sentimento? Decepção e tristeza. Como muitos brasileiros. É muita decepção. Não me arrependo porque foi necessário, e eu acreditei, acreditei muito e com veemência, mas ele abandonou essas bandeiras. Foi ele que abandonou. Eu continuo com elas, e ele traiu o nosso partido, eu continuo nele. Eu continuo no mesmo lugar, a pergunta tem que ser para ele: por que é que ele traiu a nação brasileira? Ele que traiu.

[Ciro Gomes]: Eu não tenho nenhuma vontade de atacar pessoalmente a ninguém. Tento ser cordial com todos. Mas o fato, no Brasil, meu irmão, minha irmã brasileiros, é o que nos impõe refletir nessa noite em que estamos aqui, menos o candidato Lula, que não veio por caô, por estar com salto alto, acha que já ganhou, e, portanto, desrespeita todos nós, seus oponentes, e desrespeita especialmente a você. Mas ele não vem mesmo é porque não tem como explicar nem as promessas, porque tem quatro mandatos que você deu a ele e ele não cumpriu, e nem a denúncia de corrupção. Mas, veja, o Bolsonaro teve a oportunidade de ouro, porque foi eleito em função da mais devastadora crise econômica da história brasileira em cima do mais generalizado escândalo de corrupção, e infelizmente foi levado ao constrangimento porque teve filhos denunciados igual o Lula, rendeu-se à corrupção, eu quero prometer mudar isso.

[Carlos Nascimento]: A tréplica, por favor.

[Soraya Thronicke]: Eu também quero dizer aqui que eu também não quero atacar ninguém na sua honra, em nenhuma... de forma pessoal, mas eu ando com o povo brasileiro, que está passando fome, que está nas filas do SUS, o povo brasileiro que está desempregado, chorando, que está revirando o lixo para encontrar o que comer, e principalmente do brasileiro que rala, que paga uma das maiores cargas tributárias desse país, e simplesmente não tem a contraprestação do Estado. Eu não posso deixar de aproveitar esse espaço para falar a verdade para o povo brasileiro. Sinto muito se a pessoa veste a carapuça e se sente ofendida. Aí é outra história, mas o povo brasileiro vai saber.

[Carlos Nascimento]: Tempo, por favor. O senhor levantou a mão?

[Ciro Gomes]: Direito de resposta, sendo chamado de corrupto aqui, eu quero saber qual a acusação.

[Carlos Nascimento]: Ok, nós estamos já avaliando o seu pedido de resposta e daremos já a informação. Agora, nesse momento, a candidata do União Brasil, Soraya Thronicke, por favor, faça a sua pergunta, dirigida a quem?

[Soraya Thronicke]: Luís Felipe D'Avila. Candidato, você já brincou de o que é, o que é? Eu vou te perguntar. O que é, o que é? Não reajusta merenda escolar, mas gasta milhões com leite condensado? Tira remédio da farmácia popular, mas mantém a compra de Viagra. Não compra vacina pra covid, mas distribui prótese peniana para os seus amigos. O que é, o que é?

[Luiz Felipe D'Avila]: Bom, primeiro é um prazer estar aqui em mais um debate. Eu espero que hoje nós discutamos propostas pro futuro do Brasil. O eleitor brasileiro quer saber como o Brasil vai voltar a crescer, a gerar renda e emprego. Este é o tema. A polarização vem acabando com a discussão sensata neste país. A discussão de propostas. E um Brasil que não cresce há mais de dez anos precisa de respostas concretas de como o Brasil vai voltar a crescer, a gerar renda e emprego. Eu sou um brasileiro como vocês, que trabalha, que vive do mercado, que não vive da política, e nós precisamos tirar esse estado ineficiente, pesado das costas de quem produz, trabalha, empreende. Senadora, é uma vergonha quando nós olhamos o orçamento dessa nação. Não são as prioridades do cidadão que estão contempladas. São as prioridades das corporações, de quem tem lobby no Congresso. Por isso, quando se aprova uma PEC kamikaze, quebrando o teto de gasto, gastando mais do que se tem, o que acontece é que o Brasil paga 500 bilhões de dólares de juros e só tem 23 bilhões de investimento público. Por isso essa desgraça. O que a senhora declara aqui é um Brasil que não tem noção das suas prioridades. A prioridade é a merenda. É a farmácia popular. E tudo isso se perdeu no que se chama de orçamento secreto. Uma excrescência que sim, conta com o peso do Congresso Nacional e do presidente da república. É uma vergonha!

[Carlos Nascimento]: Tempo. Por favor, a tréplica.

[Soraya Thronicke]: Candidato.

[Carlos Nascimento]: Réplica, perdão.

[Soraya Thronicke]: Quem vetou o aumento da merenda escolar e gastou e milhares de reais com leite condensado, quem cortou o orçamento da Farmácia Popular, mas manteve Viagra, quem foi que atrasou as vacinas para o povo brasileiro, mas não atrasou na prótese peniana para os seus amigos, foi o atual governo. E eu estaria ao lado dele, eu não estaria aqui neste lugar se ele tivesse sido honesto, se ele não tivesse mentido para todos nós brasileiros, eu estaria, sim, ao lado dele. E simplesmente o que foi feito é que estragaram até mesmo a reputação de uma direita brasileira que estava nascendo.

[Carlos Nascimento]: Agora sim.

[Soraya Thronicke]: Não é representante da direita, nos enganou.

[Carlos Nascimento]: Por favor, agora sim, a tréplica.

[Luiz Felipe D'Avila]: Senadora Soraya, eu compartilho da sua indignação, mas também me estranha como foi possível votar a PEC Kamikaze, como foi possível votar a PEC dos Precatórios, dar o calote, o cidadão brasileiro tem o direito de receber um direito que ganhou contra o Estado, e agora não vai receber porque aprovaram uma Emenda Constitucional dizendo que essa conta só vai ser paga por seus filhos e netos. É um desrespeito total com o pagador de impostos. Na verdade, você que trabalha, produz, trabalha cinco meses por ano para pagar imposto, para pagar imposto que não vai para suas prioridades, vai para a prioridade do corporativismo. Nós temos que acabar com isso, e só tem um jeito, você colocar no poder alguém como você, como eu, para acabar com a farra dos políticos.

[Carlos Nascimento]: Obrigado. Candidato Bolsonaro, o senhor pediu direito de resposta na pergunta e na resposta de Soraya Thronicke, do União Brasil. É isso?

[Jair Bolsonaro]: Sim. E depois também fui acusado de corrupto.

[Carlos Nascimento]: Pergunta e réplica, perdão. Pergunta e na réplica. É isso mesmo. Bom, já estamos estudando as duas situações. Padre Kelmon, do PTB, agora fará a pergunta. Para quem o senhor vai perguntar?

[Padre Kelmon]: Ciro Gomes. Candidato Ciro Gomes, todos os candidatos aqui vão à igreja no período eleitoral. Curiosamente, só os vemos nos templos e igrejas nesses períodos. Como um cristão que o senhor é, o senhor é contra o aborto? Caso a resposta seja positiva, aceitaria assinar ainda hoje um pacto pela vida, se comprometendo a proteger as vidas dos bebês nos ventres de suas mães? O convite para assinar—

[Carlos Nascimento]: Por favor.

[Padre Kelmon]: ... também está aberto a todos os candidatos presentes.

[Carlos Nascimento]: Tempo esgotado. Por favor, a resposta.

[Ciro Gomes]: Reverendo, eu, de fato, estou preocupado com a sorte do povo brasileiro. Deixa lhe dar aqui alguns números, o senhor é recente na atividade política, e é bem-vindo. Mas no Brasil, nesse momento, entre desemprego aberto, desalento, que é o que desistiram de emprego, ou vivendo de bico, na mais selvagem informalidade, nós temos 2/3 do povo brasileiro. E eu estou muito concentrado, produzindo soluções para isso, um programa de renda mínima de cidadania, que espanque a fome que está no lar de 125 milhões de pessoas que hoje não fazem as três refeições, resolver o problema do endividamento explosivo das famílias que estão hoje a conta de 66 milhões e 600 mil pessoas, estabelecer uma lei antiganância, que vede a superação de 200%, de 100% de juros, no crédito de curto prazo, e fazer uma revolução pedagógica na educação. O senhor deve estar pensando: Está escapando da questão? Não, não estou. Quero só lhe advertir com muita humildade e cuidado é de que o nosso poder como presidente para este assunto é nenhum. Nenhum, mesmo. O Congresso Nacional Brasileiro também ele próprio tem evitado. Por quê? Porque é um assunto que envolve aspectos de saúde pública, envolve aspectos morais muito graves, aspectos religiosos, e nós cristãos temos absoluta aversão a qualquer tipo de morte. Portanto, o aborto para nós é uma tragédia. A questão não é essa. A questão é qual é o papel do Estado no enfrentamento dessa tormentosa questão. Eu confesso que, para mim, a legislação como está é o alcance possível que nós na sociedade brasileira tão dividida alcançamos.

[Carlos Nascimento]: A réplica, por favor.

[Padre Kelmon]: Povo brasileiro, nós todos sabemos que o assassinato, o aborto é um assassinato, e o senhor sabe disso, então nós temos que ter um posicionamento firme, defender a vida, porque se nós não defendermos a vida, tudo o que o senhor está dizendo aí: vai fazer educação, fazer isso, fazer aquilo, o senhor vai fazer para quem se não existir o ser humano? É preciso o ser humano existir primeiro para que o senhor, eu, ou qualquer um que esteja aqui, pleiteando a presidência da República, faça alguma coisa. Então se você elimina o ser humano, já no ventre materno, se você faz esse ato diabólico, você também não vai poder, como Estado, servir a ninguém. Não existirá pessoas. Foram assassinadas. Então, nós temos que ter um posicionamento firme. Os senhores que estão na política há mais tempo do que eu, devem fazer um posicionamento firme em defesa da vida.

[Carlos Nascimento]: Tempo, por favor. A tréplica do candidato Ciro.

[Ciro Gomes]: Não há ninguém mais dedicado a defender a vida nesse grupo aqui, que tem muitas boas pessoas, outras nem tanto, do que eu. Deixa eu lhe dizer, fui ao Plenário das Nações Unidas receber o Prêmio Mundial de Combate à Mortalidade Infantil, Prêmio Maurice Pate. O que eu quero lhe dizer, entretanto, por seriedade, é que não está na nossa potência de candidato a presidente, não sei se a sua psicologia é de pretender presidir o Brasil. A minha é, eu quero presidir o Brasil. E como Presidente do Brasil, eu compreendo as questões brasileiras como elas são. E há um ponto muito delicado de equilíbrio nesse enfrentamento da tragédia do aborto, que é a legislação em vigor brasileira, mais os julgados. Por exemplo, a facilitação de aborto, em casos de fetos anencéfalos, é um ditado do Supremo Tribunal Federal, e eu respeito isso porque é uma questão complexa.

[Carlos Nascimento]: Obrigado. Eu queria informar ao candidato Bolsonaro que os dois primeiros pedidos de resposta foram negados porque não houve ofensa pessoal ao candidato. O terceiro pedido de resposta está sendo examinado. Agora a pergunta, a última pergunta deste bloco será do candidato Felipe D'Ávila, do Novo, que deve perguntar à Simone Tebet.

[Luiz Felipe D'Avila]: Senadora Simone Tebet, em breve, a senhora terá que votar uma matéria muito importante, que é o aumento do Poder Judiciário, 18% de aumento. Os juízes do Supremo vão ganhar 46 mil reais em um país em que o salário-mínimo é de 1.200. Eu gostaria de saber como a senhora votará este tema tão importante. Porque uma das funções do Presidente da República hoje é acabar com essa república de privilégios que só drena o bolso do pagador de impostos do Brasil.

[Simone Tebet]: Candidato Felipe, como senadora da República, eu vou votar contra, e já disse publicamente, no Senado Federal. Não podemos admitir, em um país que tem 33 milhões de pessoas com insegurança alimentar e passando fome, dez milhões de trabalhadores desempregados, e o desemprego maltrata, o desemprego machuca o trabalhador, quando nós temos crianças dormindo com fome, e o trabalhador quando consegue emprego ganhando apenas um salário mínimo, enquanto o Brasil não voltar a crescer, gerar emprego e renda para as pessoas, e nós matarmos a fome das nossas crianças brasileiras, é vergonhoso, é afrontoso, é imoral. Eu, como senadora da República, voto contra. E se for eleita Presidente da República, e o Congresso aprovar, eu me comprometo a vetar um aumento dessa grandeza. Está na hora de o Brasil ser de todos os 215 milhões de brasileiros; e nós termos a garantia de que todos os homens e mulheres públicos têm que ter o compromisso de ter a responsabilidade de servir primeiro a quem é detentor do poder, que é a sociedade brasileira. Gostaria de, nesse aspecto, dizer que a nossa obsessão é emprego, emprego, emprego, e, para isso, o Brasil precisa voltar a crescer. Só uma candidatura como a nossa pode garantir, com moderação e equilíbrio, a segurança jurídica que o investidor precisa para voltar a confiar no Brasil. Porque dinheiro tem. Para que o comerciante e o empresário possam investir, abrir portas e gerar emprego para os nossos trabalhadores.

[Carlos Nascimento]: Candidato D'Ávila, por favor.

[Luiz Felipe D'Avila]: Chegou a hora de enfrentar o corporativismo no Brasil, esse antro de privilégio, que é o Poder Judiciário, que é o mais caro do mundo. O Brasil precisa ter um Judiciário que volte a cumprir o seu papel de corte constitucional, que não viole as liberdades individuais dos brasileiros, e que a segurança do Estado não pode estar acima da insegurança do indivíduo. Está na hora de enquadrar o Supremo Tribunal Federal. O Supremo foi responsável por soltar Lula da Silva e deixar que um criminoso possa ser candidato a Presidente da República, um criminoso que desrespeita o povo brasileiro, não só pelos crimes de corrupção que cometeu, mas por não comparecer ao debate e defender suas ideias. Chega de Lula! Chega desse Barrabás que vem assaltando a nação brasileira.

[Carlos Nascimento]: A tréplica, por favor.

[Simone Tebet]: Eleita Presidente da República, um dos primeiros atos da minha gestão vai ser, através de um ato normativo, determinar, exigir que todos os ministros do meu governo deem transparência absoluta no orçamento brasileiro, no dinheiro que você paga, em forma de imposto, que está lá para ser executado pelo Executivo. Vocês vão ver ali não só os poderes com muito recurso, mas o orçamento secreto para onde está indo e para onde não está indo. Aqui está dizendo que não existe orçamento secreto, que isso não é corrupção. Não acreditem nisso, o orçamento secreto é corrupção do Governo Federal, que compra apoio do Congresso Nacional para poder se reeleger, faltando dinheiro lá para colocar no Posto de Saúde e na merenda escolar, faltando médico para fazer as cirurgias que vocês tanto precisam.

[Carlos Nascimento]: Obrigado. Nós estamos encerrando aqui o primeiro bloco desse debate. Você vê imagens do estúdio 4 do SBT, onde as equipes dos candidatos convidados e jornalistas acompanham o debate. Se você quiser saber mais sobre os bastidores, é só acessar as redes sociais dos veículos que participam do pool. Use a #debatepresidente. Este debate é realizado pelo maior pool de veículos de comunicação, formado por SBT, CNN Brasil, Terra, Nova Brasil, Estadão, Eldorado e Veja. Debate para presidente: a hora da decisão.

*Participaram desta cobertura:
Em São Paulo: Caê Vasconcelos, Felipe Pereira, Isabela Aleixo, Juliana Arreguy e Wanderley Preite Sobrinho
No Rio: Lola Ferreira
Em Brasília: Camila Turtelli, Eduardo Militão, Gabriela Vinhal e Leonardo Martins