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CEO da Quaest: Auxílio Brasil 'eleitoreiro' gerou efeito positivo para Lula

Colaboração para o UOL

28/09/2022 08h57

Mesmo com a implementação do Auxílio Brasil, o presidente Jair Bolsonaro (PL) não teve crescimento nas pesquisas de intenção de voto, de acordo com a avaliação de Felipe Nunes, CEO da Quaest Pesquisa, durante participação no UOL News nesta quarta-feira (28).

"Em julho deste ano, dei entrevista dizendo que o Auxílio não geraria efeito político pela maneira que estava sendo feito. E hoje isso se confirma por dois motivos. Primeiro, porque vem com embalagem eleitoral. A gente perguntou na pesquisa se pessoas achavam que os benefícios econômicos eram altruísmo do presidente ou medida eleitoral. E 63% dos entrevistados dizem que são medidas eleitoreiras. E o segundo ponto é que a melhoria não chegou no bolso de pessoas mais pobres. Melhorou a percepção para a classe média, mas não melhorou a percepção sobre os alimentos para a classe mais baixa", analisou Felipe.

De acordo com o CEO da Quaest, foi possível perceber que as pessoas tiveram a percepção de que o Auxílio Brasil vai ser encerrado no final do ano. E isso beneficiou o principal adversário de Bolsonaro, o petista Luiz Inácio Lula da Silva.

"Quando as pessoas descobriram, de julho para agosto, que o Auxílio ia terminar no fim do ano, que a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) enviou para o Congresso com R$ 400, isso reforçou que era uma medida só para a eleição. Quando isso não impacta na vida das pessoas, combinado com outros fatores, fez com que Lula melhorasse seu desempenho, o que era inimaginável", apontou ele.

CEO da Quaest: Bolsonaro não está ganhando eleitor que votou nele

Felipe Nunes também explicou que Bolsonaro venceria a eleição de 2022 se conseguisse os votos que obteve em 2018. Mas ele tem perdido grande parte desse eleitorado.

"Só 70% dos eleitores que votaram em 2018 estão votando nele de novo. Enquanto 13% estão votando no Lula e 10% em outros. Ele perdeu 23% das intenções de voto para outros candidatos. Já o Lula trouxe para si 85% do eleitorado do Haddad. É uma conversão muito mais alta. Faz toda diferença", apontou Felipe.

CEO da Quaest: Bolsonaro precisaria de virada sem precedentes para vencer em 1º turno

Apesar da maioria das pesquisas indicar vitória de Lula na eleição presidencial, Bolsonaro tem dito que vai ganhar no 1º turno. Felipe Nunes entende que isso seria "uma virada improvável e sem precedentes".

"Estatisticamente as pesquisas mostram que Bolsonaro não tem condições de vencer no 1º turno neste momento. A distância para Lula é muito grande. Ele teria que fazer uma vitória sem precedentes. Claro que tudo pode acontecer, já vimos facada e aviões caindo que mudaram tudo. Mas é muito difícil que isso vai acontecer", concluiu o diretor da Quaest.

Josias: Carta de Celso de Mello deixa claro que apoio a Lula é pela democracia

Celso de Mello, ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), manifestou apoio a Lula e se juntou a outras personalidades que estão declarando voto no petista. O colunista Josias de Souza falou sobre esse movimento no UOL News.

"Não tem a mesma proporção, mas é o mesmo sentido do movimento que se formou em torno da defesa das eleições diretas. Lula foi beneficiado pelo Bolsonaro, que é visto como ameaça à democracia. Então, basta que Lula diga que vai restaurar democracia e, como nos governos dele não se constituiu uma ameaça à democracia, ele vira polo alternativo ao Bolsonaro. E ele vai reunindo gente que em tese não votaria no PT em nenhuma hipótese. Mas, para evitar, vota. É o caso do Celso de Mello", explicou Josias.

O colunista destacou ainda que a carta de apoio de Celso de Mello tem críticas fortes a Bolsonaro. "Na carta, ele desanca o Bolsonaro. Qualifica ele como deletério, diz que atuação dele revelou à nação um personagem indigno de ocupar cargo de presidente. Diz que a nação ficou estarrecida por atos e declarações, que é político menor e sem estatura presidencial, com elevado coeficiente de mediocridade".

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