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Bolsonaro diz 'não ver outra coisa a não ser eleições decididas amanhã'

Do UOL, em São Paulo

01/10/2022 19h55Atualizada em 01/10/2022 23h19

O presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, falou em live hoje à noite que é impossível "ver outra coisa a não ser as eleições serem decididas amanhã e com uma margem superior a 60%". As pesquisas de intenção de votos, incluindo a Datafolha e Ipec divulgadas há pouco, apontam para possível vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em primeiro turno, realizado neste domingo (2).

"A gente não consegue ver outra coisa a não ser as eleições serem decididas amanhã e com uma margem superior a 60% [de votos nele]. Eu tô sendo até, com todo respeito né, todo candidato diz que já ganhou, já levou, eu nunca fiz nada puxando a brasa para minha sardinha, é a minha visão também, já participei de muitas eleições pelo Brasil", afirmou.

No fim da live, Bolsonaro disse que o resultado eleitoral "não pode ser diferente" de sua vitória. "A gente vê nas ruas, a gente vê nas mídias sociais, vê nas enquetes, enquete até em blog de esquerda dá o nosso nome, dá disparado".

Pesquisa Ipec realizada com entrevistas pessoais, contratada pela TV Globo e divulgada hoje, aponta que Lula está com 51% das intenções de votos válidos e tem possibilidade de vitória em primeiro turno. Bolsonaro aparece em segundo, com 37% dos votos válidos.

o Datafolha divulgado hoje mostra que o cenário está em estabilidade, quando comparado à pesquisa anterior, de 29 de setembro. O ex-presidente segue liderando com 50% das intenções de votos válidos. O chefe do Executivo manteve 36%.

    Votos válidos são os com exclusão de brancos, nulos e indecisos. No caso de Lula, considerando a margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos e sua própria pontuação, há possibilidade de vitória em primeiro turno. Segundo a Lei das Eleições do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), para o candidato ganhar o pleito sem necessidade de segundo turno ele precisa de 50% dos votos válidos mais 1.

    Na transmissão ao vivo desta noite, o presidente desacreditou novamente as pesquisas eleitorais e, ao repercutir o Datafolha, falou: "Tá de brincadeira, né?". Segundo Bolsonaro, ele foi recebido como "um popstar" em agenda e acusou Lula de não sair pelo Brasil.

    Críticas contra a Rede Globo. Após ter participado de debate presidencial na Rede Globo na quinta-feira (29), Bolsonaro insinuou que Lula "talvez tenha negociado alguma coisa" com a emissora.

    Fique tranquila, Rede Globo. Tem a renovação da concessão de vocês na terça-feira, se tiver tudo quite, sem problema nenhum a renovação. Mas se tiver algo, devendo alguma coisa, eu não posso contrariar a lei e vou indeferir. Daí vocês vão negociar esse indeferimento, se houver. Deixar bem claro, se houver, se tiver algo que realmente justifique o indeferimento e vocês vão negociar com o parlamento brasileiro. Quem dá a última palavra sobre a concessão de televisão é o parlamento brasileiro
    Jair Bolsonaro em live

    Lula "passou vexame" no debate da TV Globo, segundo Bolsonaro. O presidente repudiou seu opositor, "o outro candidato aí", e disse que "a gente não quer isso para o nosso país".

    Pela quarta live seguida, vestiu verde e amarelo. Ao longo das transmissões desta semana, o presidente pediu que seus apoiadores fossem votar vestidos com as cores da bandeira do Brasil e apareceu hoje, novamente, trajando verde e amarelo para reforçar a mensagem.

    "O outro lado talvez vá de vermelho, é até uma sugestão, vai de vermelho, pô. Não vão ser hostilizados, pode ter certeza, é um direito seu votar de vermelho", completou.

    "Deu branco" no "horário eleitoral gratuito". Como tem feito no último mês, Bolsonaro dedicou os minutos finais da live a apresentar seus candidatos ao redor do Brasil. Ao falar de sua recomendação para o governo de Pernambuco, o presidente se confundiu com o nome e o cargo do postulante ao falar de Anderson Ferreira.

    "Prezado Anderson, candidato ao Senado. Anderson, candidato ao governo do estado, repito. O Anderson, candidato? Anderson não, ajuda aí, pô! Deu branco, tá dando branco aqui. Deu branco aqui, pô. Quem é o candidato ao governo por Pernambuco? Que eu tô pagando vexame aqui, Anderson? É o Anderson? Tô pagando vexame aqui, pô. 200 mil pessoas me assistindo, tô pagando vexame aqui. Deu um branco aqui. É o Anderson, candidato ao governo de Pernambuco", disse sobre o indicado do PL.

    Na véspera da eleição, Bolsonaro teve agenda cheia. Ele começou o dia com motociata em São Paulo e, ao mesmo tempo, outros eventos iguais eram realizados em Brasília, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. Depois, o presidente seguiu para Joinville (SC), onde ele aposta que terá ainda mais votos do que em 2018, conforme disse na live.

    Bolsonaro fala que Executivo pode interferir se aliado for impedido de tomar posse. Na live, o presidente também declarou que o Executivo pode interferir nas eleições caso os seus candidatos aliados não tomem posse. Rapidamente, Bolsonaro citou o nome do governador e candidato à reeleição, Cláudio Castro (PL), e focou nos seus candidatos ao Senado: Clarissa Garotinho (Pros), o Romário (PL) e o Daniel Silveira (PTB).

    "Todos, sem problemas para concorrer às eleições. (...) Eu tenho certeza que se qualquer um deles ganhar, assume. Eu tenho certeza qualquer um ganhar, e eu for reeleito, assume", começou o presidente.

    Depois, ainda na live, segundo o jornal O Globo, Bolsonaro afirmou ser necessário colocar um "ponto final" em "certas pessoas que acham que pode fazer o que bem entender em qualquer lugar do Brasil".

    "Nós temos que dar um ponto final nessas pessoas que não só pensam, mas agem assim. Muitos me criticam quando eu falo em quatro linhas. A gente vai jogar todo mundo bonitinho dentro das quatro linhas. É igual aos três candidatos ao Senado pelo RJ: quem ganhar, vai tomar posse. Ponto final. É simples, é a vontade popular. E o Executivo vai interferir se for o caso."

    No início de setembro, porém, o TRE-RJ (Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro) indeferiu o registro do candidato Daniel da Silveira ao cargo de senador. Ele foi considerado inelegível por causa da sua condenação criminal no STF (Supremo Tribunal Federal). A decisão foi tomada por 6 votos a 1.