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Apoiada por Michelle Bolsonaro, Damares Alves é eleita senadora pelo DF

Ana Carla Bermúdez

Colaboração para o UOL

02/10/2022 19h10Atualizada em 02/10/2022 20h51

A ex-ministra Damares Alves (Republicanos) foi eleita senadora pelo Distrito Federal nas eleições de 2022. Ela teve 714.562 votos (44,98% do total).

Damares tem 58 anos e é advogada e pastora. Em dezembro de 2018, logo após a eleição de Jair Bolsonaro (PL) para a Presidência da República, ela foi confirmada no comando do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos. Antes, trabalhava como assessora no gabinete do então senador Magno Malta, aliado do presidente.

No início do governo, ganhou destaque por falas polêmicas —em janeiro de 2019, fez referência a uma "nova era no Brasil", na qual "menino veste azul e menina veste rosa".

Em setembro de 2020, uma reportagem do jornal Folha de S.Paulo revelou que a ex-ministra agiu nos bastidores para impedir a realização de um aborto legal no caso de uma menina de dez anos que engravidou após estupro.

A qualidade das políticas públicas sob a gestão de Damares foi questionada por organizações da sociedade civil. Em agosto de 2020, por exemplo, a Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos —administrada pelo ministério de Damares - passou a ser chefiada por dois agentes de carreira da PRF (Polícia Rodoviária Federal). Nenhum dos dois tinha experiência na área de direitos humanos

Damares deixou o ministério no início deste ano para disputar as eleições.

Corrida pela cadeira no Senado

A disputa pelo Senado no Distrito Federal se polarizou entre duas ex-ministras de Bolsonaro: Damares e a deputada Flávia Arruda, que comandou a Secretaria de Governo da Presidência da República.

Flávia se lançou candidata na mesma chapa de Ibaneis Rocha (MDB), governador do Distrito Federal e candidato à reeleição, em um arranjo entre MDB, PL e PP. O acordo foi costurado com ajuda de Bolsonaro. À época, ventilou-se que Damares desistiria do Senado, abrindo espaço para Flávia, e disputaria uma vaga na Câmara dos Deputados.

A negociação, no entanto, desagradou a primeira-dama Michelle Bolsonaro, que interveio para que Damares lançasse uma candidatura avulsa ao Senado.

Em meio a esse imbróglio, Bolsonaro evitou cravar apoio a Flávia ou a Damares durante a corrida eleitoral. No início de setembro, o presidente declarou estar "indeciso, na coluna do meio, nessa questão".

A primeira-dama, por sua vez, apoiou publicamente a candidatura de Damares —na reta final da campanha, ela chegou a dizer que seus candidatos são os mesmos do presidente.

"O meu voto e da minha família é de Damares Alves. E os meus candidatos são os candidatos do meu marido, Jair Messias Bolsonaro", declarou.

Flávia apareceu à frente nas pesquisas de intenção de votos divulgadas ao longo da campanha. Na reta final, no entanto, a deputada perdeu a dianteira para Damares.

Como fica a bancada do DF no Senado

Damares se juntará a Izalci Lucas (PSDB) e Leila Barros (PDT) na bancada do Distrito Federal no Senado. Ela ocupará a cadeira que hoje é do senador Reguffe (sem partido).

No Senado, diferentemente da Câmara, os mandatos duram oito anos. Por isso, os mandatos dos senadores Izalci Lucas e de Leila Barros, que se iniciaram em 2019, vão até 2027. Já o mandato de Damares, que terá início em 2023, se encerrará em 2031.

Ela tem Manoel Arruda (União Brasil) como primeiro suplente, e Pastor Egmar (Republicanos) como segundo. Eles podem assumir a cadeira em casos como renúncia ou licença da senadora eleita.