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Bolsonaro a argentino que indagou se aceitaria derrota: 'Fala do teu país'

Jair Bolsonaro, em escola municipal dentro da Vila Militar do bairro Deodoro, no Rio de Janeiro, onde votou pela manhã - THIAGO RIBEIRO/AGIF - AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/AGIF - AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/ESTADÃO CONTEÚDO
Jair Bolsonaro, em escola municipal dentro da Vila Militar do bairro Deodoro, no Rio de Janeiro, onde votou pela manhã Imagem: THIAGO RIBEIRO/AGIF - AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/AGIF - AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/ESTADÃO CONTEÚDO

Do UOL, no Rio de Janeiro

02/10/2022 11h43Atualizada em 02/10/2022 14h29

O presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL), ao ser questionado na manhã de hoje por dois jornalistas argentinos sobre se aceitaria uma possível derrota nas urnas para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), respondeu, em direção ao repórter Diego Iglesias: "Ô, cara, vai falar do teu país".

Antes, o candidato já havia virado o rosto para o jornalista. Isso aconteceu momentos após o presidente votar no Rio de Janeiro. Iglesias perguntou se Bolsonaro reconheceria uma derrota.

"Parece-me uma frase muito depreciativa e xenófoba. Ele se irritou porque lhe perguntei: 'Presidente, o senhor vai reconhecer o resultado eleitoral se perder?'. Ele me perguntou de que país eu era, eu disse a Argentina, e perguntei a mesma coisa novamente. E ele saiu de lá com raiva", declarou Iglesias.

Ao ser questionado, o presidente saiu da parte da grade em que estava posicionado o repórter argentino e foi para outro local. Quando percebeu que o cinegrafista de Iglesias, Mariano Perrino, colocou o microfone na sua frente, Bolsonaro disse a frase.

Os jornalistas brasileiros que faziam a cobertura escutaram, mas não entenderam o que havia acontecido. Somente depois que o candidato se afastou e as gravações das emissoras de outras TVs foram vistas é que foi possível identificar a quem Bolsonaro se dirigia.

Presidente foge da pergunta sobre o TSE. O presidente votou em uma escola municipal dentro da Vila Militar do bairro Deodoro, na capital fluminense. O questionamento que mais ouviu dos jornalistas que estavam na seção eleitoral foi sobre o respeito à apuração do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Essa pergunta foi dirigida a Bolsonaro na chegada ao local, mas ele parou de falar e entrou na escola. O questionamento foi repetido quando o presidente voltou à área da imprensa na saída da seção eleitoral.

O candidato do PL desconversou e falou em "datapovo" — repetiu o discurso de que sofre boicote dos institutos de pesquisa e que vencerá no primeiro turno.

"O que vale é o datapovo, e eleições limpas [reconheço] sem problemas nenhum."

O presidente nunca reconheceu que as eleições brasileiras são limpas. Ele lançou suspeitas infundadas de fraudes nas eleições nos últimos anos. Em nenhum momento ele mostrou provas, mas chegou a sugerir que a votação só seria transparente com voto impresso ou fiscalização das Forças Armadas.

Campanha com críticas à Argentina. As perguntas sobre reconhecer uma eventual derrota em primeiro turno, possibilidade verificada pelo Datafolha e Ipec de ontem, incomodam o presidente.

Nos comícios, foi comum Bolsonaro falar sobre a Argentina como exemplo negativo de administração. O presidente argumentava que é uma nação a caminho do caos social por ser governado por pessoas de esquerda.