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Mauro Mendes é reeleito governador de Mato Grosso no 1º turno

Governador de Mato Grosso, Mauro Mendes, é reeleito no primeiro turno - Divulgação
Governador de Mato Grosso, Mauro Mendes, é reeleito no primeiro turno Imagem: Divulgação

Gabriel Toueg

Colaboração para UOL

02/10/2022 20h00

O governador de Mato Grosso, Mauro Mendes Ferreira (União Brasil), foi reeleito hoje no primeiro turno para mais quatro anos no cargo. Com 1.114.549 votos (68,45%), ele venceu a primeira-dama de Cuiabá, Marcia Pinheiro (PV) — nome apoiado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) —, Marcos Ritela (PTB) e Moisés Franz (PSOL).

Mauro Mendes nasceu em Anápolis (GO) e tem 58 anos. O atual chefe do Executivo mato-grossense foi prefeito de Cuiabá duas vezes. Em 2010, candidatou-se ao governo do estado mas não foi eleito.

Em 2018, disputou novamente o cargo, quando venceu com 58,69% dos votos. Além do União Brasil, ele já foi filiado ao DEM, PSB e PR. Mendes se firmou no estado como candidato do presidente Jair Bolsonaro (PL), apesar de metade dos partidos de sua coligação apoiar outros candidatos ao Planalto.

Mato Grosso tem tradição de não levar a disputa ao Palácio Paiaguás para o segundo turno. Pelo menos desde 1990, nenhum dos pleitos foi resolvido na segunda rodada no estado. O estado é também um com maior alternância de partidos no poder do Executivo: desde 1982, já estiveram na cadeira nomes do PDS, PMDB (atual MDB), PFL (atual DEM), PSDB, PPS (atual Cidadania), PDT e União Brasil. O único partido recorrente no período foi o PMDB, que venceu as eleições em 1986 e em 2010.

Escondendo Bolsonaro

Mendes contava com o apoio de Bolsonaro, declarado publicamente em um evento na capital do estado. O apoio, entretanto, não custou pouco: Mendes precisou desfazer um acordo prévio para deixar o palanque para o presidente aberto e se coligou com o PL. A movimentação fez com que o senador Carlos Fávaro (PSD) e o deputado federal Neri Geller (PP) deixassem a coligação para apoiar Lula.

Apesar do apoio de Bolsonaro, Mendes procurou adotar durante a campanha um tom mais neutro, com distanciamento do presidente e da polarização política. Embora viesse declarando publicamente apoio e voto em Bolsonaro, Mendes vinha escondendo o presidente nas redes sociais e nos programas de rádio e TV. Seu posicionamento era o de focar na discussão sobre o estado, sem participar da política nacional.

Disputa na Justiça

Na reta final da campanha, Mendes acionou a Justiça para pedir indenização de R$ 100 mil depois de ter sido chamado de "maior corrupto de Mato Grosso" pelo prefeito licenciado de Cuiabá (MT) Emanuel Pinheiro (MDB), marido de Marcia Pinheiro. Emanuel chegou a dizer que Mendes "enriqueceu de forma ilícita", com favorecimento ao próprio filho.

A disputa pelo governo do MT entre as duas famílias foi marcada por acusações desse tipo. Dias antes, em coletiva de imprensa, Marcia Pinheiro abriu as contas bancárias da família e instou o governador a quebrar o sigilo bancário da própria família e de suas empresas — o que também originou uma outra ação de pedido de indenização por parte de Mendes.

Antes próximas, as duas famílias entraram em atrito anos atrás, em 2016, quando Emanuel, então deputado estadual, decidiu disputar a prefeitura de Cuiabá. Mendes recuou de sua própria candidatura à reeleição a pedido da esposa.

Na campanha daquele ano, Emanuel fez uma série de críticas à gestão de Mendes. A situação se complicou após a delação do ex-governador Silval Barbosa, que entregou um vídeo mostrando deputados recebendo maços de dinheiro. Um deles era Emanuel — no vídeo, ele colocava R$ 30 mil em seu paletó. O clima de inimizade entre ambos foi só piorando ao longo do tempo.