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O que aconteceu na eleição de 2022 com os deputados que racharam com o PSL?

Ex-aliada do presidente Jair Bolsonaro, a deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP) não conseguiu ser reeleita - 9.jan.2019 - Reprodução/Twitter
Ex-aliada do presidente Jair Bolsonaro, a deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP) não conseguiu ser reeleita Imagem: 9.jan.2019 - Reprodução/Twitter

Giorgia Cavicchioli

Colaboração para o UOL

03/10/2022 18h52

Em 2018, ano em que Jair Bolsonaro foi eleito presidente do Brasil pelo PSL, muitos políticos foram eleitos deputados federais e estaduais pelo partido que elegeu na onda do atual chefe de governo.

No entanto, com o passar dos anos, muitos parlamentares racharam com a legenda —que, hoje, nem existe mais— e buscaram outras alternativas para se elegerem novamente. Em fevereiro, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) aprovou a fusão do PSL com o Democratas, gerando o União Brasil.

Esse foi o caso de Janaina Paschoal, por exemplo, que foi eleita deputada estadual por São Paulo há quatro anos com 2.060.786 votos. Neste ano, ela concorreu a uma vaga no Senado pelo PRTB e recebeu 430.224 votos, e não foi eleita. O vencedor foi o ex-ministro Marcos Pontes (PL), que recebeu 10.714.913 votos.

A advogada ganhou visibilidade nacional durante o impeachment da presidente Dilma Rousseff em 2016. Depois disso, se tornou uma grande aliada de Bolsonaro nas eleições que aconteceram dois anos depois. Este ano, em entrevista ao UOL, ela afirmou que o presidente teria tentado "atrapalhar" sua campanha.

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A deputada estadual Janaina Paschoal (PRTB) perdeu a vaga no Senado para o ex-ministro Marcos Pontes (PL)
Imagem: Reprodução

Nada de Joice e Frota

Após a apuração deste domingo (2), o presidente fez questão de lembrar que dois de seus grandes aliados em 2018, os deputados federais Alexandre Frota (PSDB) e Joice Hasselmann (PSDB), não conseguiram ter um bom desempenho após terem rachado com ele.

"O nosso partido fez 101 deputados, meu Deus do céu. Alguém sabe se a Joice Hasselmann foi reeleita?", disse. Ao receber gritos de "não" de seus apoiadores, ele também perguntou sobre Frota.

A deputada apresentou desempenho muito baixo em comparação ao 1 milhão de votos em 2018. Nestas eleições, ela recebeu apenas 13.679 e não vai continuar na Câmara por mais um mandato.

Já Frota, que disputou uma vaga na Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo), teve 24.224 votos. Eles não foram suficientes para que o ator assumisse o cargo de deputado estadual.

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Em 2018, Eduardo Bolsonaro, Joice Hasselmann e Alexandre Frota eram aliados
Imagem: 18.dez.2018 - Zanone Fraissat/Folhapress

Silveira longe do Senado

O deputado federal Daniel Silveira, que foi eleito em 2018 pelo PSL do Rio de Janeiro com 31.789 votos, é outro nome bastante conhecido por suas polêmicas. Foi ele quem quebrou a placa com o nome da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), que foi assassinada em uma emboscada naquele mesmo ano.

Neste ano, Silveira buscava sua eleição ao Senado pelo PTB do Rio de Janeiro e, mesmo com sua candidatura indeferida pela Justiça Eleitoral, ele tentava angariar votos para depois brigar para ter sua eleição validada. Neste domingo, ele recebeu 19,23% dos votos e não foi eleito.

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Daniel Silveira (PTB) perdeu a eleição para senador pelo Rio de Janeiro
Imagem: Câmara dos Deputados

Mais votos em apoiadores

Os que mantiveram uma aliança com Bolsonaro, no entanto, tiveram melhor sorte nas eleições de 2022. Esse foi o caso de Bia Kicis, por exemplo, que foi reeleita como a deputada federal mais votada do Distrito Federal no domingo (2).

Ela teve 214.733 votos, o que representa mais que o dobro que recebeu em 2018, quando foi eleita para o cargo com 86.415 votos. Apoiadora fiel do presidente, ela preside a Comissão de Constituição e Justiça na Câmara dos Deputados desde março de 2021.

Já o delegado Bruno Lima, por exemplo, conhecido pelo seu trabalho a favor dos animais, foi eleito deputado estadual em 2018 pelo PSL em São Paulo com 103.823 votos. Agora, ele concorreu ao cargo de deputado federal pelo PP de São Paulo e foi eleito, recebendo 460.170 votos.

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Carla Zambelli ampliou sua votação para deputada federal em relação ao pleito de 2018
Imagem: Reprodução

Outro nome que ficou fortemente atrelado ao nome de Bolsonaro foi o da deputada federal Carla Zambelli, que foi eleita pelo PSL em 2018 com 76.306 votos. Assim como o presidente, ela deixou o PSL e agora é filiada ao PL. Neste ano, ela obteve quase 12 vezes a quantidade de votos de 2018: 946.244.

Sem sucesso

No entanto, nem todos os grandes apoiadores de Bolsonaro conseguiram um cargo público este ano. Esse foi o caso do Delegado Waldir Soares (União Brasil), que buscava uma vaga no Senado por Goiás, mas perdeu para Wilder Morais (PL), que foi eleito com 25,25% dos votos.

O delegado ficou em terceiro lugar na disputa, recebendo 17,04% dos votos e ficando atrás também de Marconi Perillo (PSDB), que teve 19,80%. No entanto, Waldir tem compromisso com a Câmara Federal até o final deste ano.

Outro caso emblemático foi o do candidato ao governo de Goiás Major Vitor Hugo (PL). Ele perdeu para Ronaldo Caiado (União Brasil), que foi reeleito no primeiro turno.

Caiado teve cerca de 52% dos votos. Em segundo lugar, apareceu Gustavo Mendanha (Patriota), com 25%. Vitor Hugo ficou em terceiro lugar, com quase 15%, o que representa 516.579 dos votos.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do informado, Marcos Pontes (PL) recebeu 10.714.913 votos na disputa pelo Senado em São Paulo, e não 8.760.345 votos. O texto foi corrigido.