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Ex-ministro da Fazenda: Ideias econômicas de Lula até agora são condenáveis

Colaboração para o UOL, em São Paulo

06/10/2022 15h10

O ex-ministro da Fazenda Maílson de Nóbrega participou hoje do UOL News e classificou as ideias econômicas do presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como condenáveis, e também apontou que o ex-presidente precisa sinalizar que seu governo terá uma regra sobre o controle de gastos.

"Até agora o Lula tem umas ideias [econômicas] muito mal pensadas que são ideias condenáveis e lamentáveis", começou. Na sequência, o ex-ministro também criticou Lula por dizer durante sua campanha que irá acabar com o teto de gastos do governo.

"Dizer que não precisa do teto de gastos porque as pessoas sabem que ele foi um presidente responsável [é lamentável]. Não é assim que funciona, o mundo funciona à base de regras e as regras servem tanto para proteger a sociedade de erros, e para proteger o próprio presidente das pressões que podem se tornar irresistíveis".

Ele também afirmou que o Brasil está em uma situação fiscal preocupante por conta das políticas adotadas por Jair Bolsonaro (PL), e reafirmou que o teto de gastos pode, inclusive, ajudar a tirar o país de uma situação delicada.

"A reconstrução da âncora fiscal que foi destruída no governo Bolsonaro passará necessariamente por algum componente que controle despesas. Pode ter algum outro componente com relação à dívida ativa ou superávit primário, mas o fundamental é sinalizar que o governo tem uma regra de controle de gastos. O Lula precisa rever isso".

Mas, apesar de criticas ao plano econômico de Lula, o ex-ministro classificou como "relevante" a declaração de apoio a Lula feita por economistas como Edmar Bacha, um dos responsáveis pelo Plano Real, Pedro Malan e Armínio Fraga, e afirmou que isso pode, inclusive, ajudar o ex-presidente a conquistar votos de outros candidatos derrotados no 1º turno.

"Se você considerar que o desafio tanto para Lula, quanto para Bolsonaro, será conquistar os eleitores do Ciro e da Simone é muito importante para quem vai ter essa decisão ouvir nomes como esses. O desafio é conquistar os 7,2% que é a soma dos votos dados a Simone e ao Ciro, e nesse ponto acho que o Lula está em melhor posição", finalizou.

Kupfer: Lula está na obrigação de apresentar programa econômico mais claro

"A coisa está colocada entre democracia e não, o programa [econômico] vem depois. Porém, com a correlação de forças no Congresso estabelecida, o Lula está na obrigação de apresentar um programa econômico mais claro, e especialmente mais claro em relação à responsabilidade fiscal", disse o colunista do UOL José Paulo Kupfer sobre a declaração de apoio de diversos economistas a Lula.

Kupfer também destacou que a declaração de votos tem um peso eleitoral grande e favorável ao candidato do PT, mas salientou que esse apoio não se deve à convergência de ideais econômicos, e sim em defesa da democracia no país.

"A eleição antes de qualquer programa econômico, antes de qualquer exportação, é uma eleição entre a defesa e garantia da democracia e as incertezas em relação a isso. A incerteza em relação às mudanças constitucionais, a incerteza em relação a alterações no judiciário e no Supremo Tribunal Federal, especialmente, é o que o presidente Bolsonaro acena com a sua vitória no 2º turno".

Sakamoto: Bolsonaro tenta votos no Nordeste chamando povo de burro por votar em Lula

O colunista do UOL Leonardo Sakamoto comentou hoje a fala do presidente Jair Bolsonaro (PL) durante uma live sobre a taxa de analfabetismo no Nordeste. O presidente atribuiu sua derrota na região para Lula ao fato de o Nordeste ter nove dos 10 estados com maior taxa de analfabetismo no Brasil, e Lula ter vencido em todos eles. O presidente, portanto, precisa reverter a desvantagem na região para ter chances de vitória no 2º turno.

"Burro é quem cultiva o preconceito violento como sabedoria, como muitos políticos. O Bolsonaro associou essa vantagem de 12,9 milhões de votos do Lula nesse 1º turno ao fato do Nordeste ter uma taxa maior de analfabetismo", disse durante participação no UOL News.

"Essa ideia de um voto errado vinculado a um nível de educação, de renda ou cor de pele é uma bizarrice criminosa", completou.

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