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Abramovay: Bolsonaro segue roteiro de líder autoritário, como na Venezuela

Colaboração para o UOL

10/10/2022 12h21Atualizada em 10/10/2022 12h54

O diretor na América Latina da ONG Open Society Foundations, Pedro Abramovay, disse, ao UOL Entrevista de hoje, que o governo Jair Bolsonaro (PL) adota uma postura semelhante a regimes populistas, como o da Venezuela.

"Acho que o caso da Venezuela, com Hugo Chávez, nessa questão do Supremo [aumentar número de ministros], depois com Nicolás Maduro na militarização da gestão pública, é um caso similar a muitos outros do ponto de vista de ataques a instituições", afirmou. "Similar ao que acontece na Hungria, Nicarágua, Turquia."

Em entrevista à revista Veja, o presidente e candidato à reeleição chamou o ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), de "ditador" e não descartou aumentar o número de ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) caso vença a disputa ao Planalto contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Como mostrou o colunista do UOL Chico Alves, na Venezuela, a reforma do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) reduziu de 32 para 20 o número de ministros, mas com ampla maioria para os governistas — apenas três dos magistrados escolhidos são ligados à oposição. Entre os ministros alinhados com o presidente Nicolás Maduro, vários já cumpriram o tempo máximo de mandato (12 anos), mas serão mantidos de forma ilegal.

Abramovay: políticas pró-armamento são 'bolsa-arma' para o crime organizado

Abramovay também chamou de "bolsa arma' o incentivo ao armamento e a flexibilização da posse e porte de armas promovidos pelo governo Bolsonaro. Na avaliação do jurista, o presidente acaba sustentando o crime organizado.

"Tudo o que o crime organizado quer no Brasil é que você aumente o fornecimento de armas para que possa comprar de quem compra legalmente ou roubar. Essa política é quase uma bolsa arma para o crime organizado. A gente já sente esse efeito, o crime está mais armado do que antes."

Pedro Abramovay: 'Ligar Lula ao crime é mentira rasteira'

Para o diretor na América Latina da ONG Open Society Foundations, a tentativa de associar o PCC a Lula é uma "mentira rasteira" do bolsonarismo.

"O jogo sujo tem muitas dimensões, mentiras e fake news são uma das principais. Elas são novas e temos dificuldade em lidar. Para uma eleição presidencial, o sinal emitido hoje é que vale mentir. Questões como essa são mentiras rasteiras, não é política", disse.

No último dia 3, o TSE multou em R$ 15 mil o site Antagonista e apoiadores de Bolsonaro por novas publicações em referência a Marcola, apontado como líder da facção criminosa PCC, e o ex-presidente Lula,.

O UOL Entrevista vai ao ar às segundas e quintas-feiras, às 10h.

Onde assistir: ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL.

Veja a íntegra do programa: