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'Mentiroso' x 'ministro pipoqueiro': Leite e Onyx se atacam em debate no RS

Hygino Vasconcellos

Colaboração para o UOL, em Porto Alegre

10/10/2022 23h08Atualizada em 11/10/2022 00h36

O ex-ministro Onyx Lorenzoni (PL) e o ex-governador Eduardo Leite (PSDB) trocaram farpas no debate da Band RS na noite de hoje. Foi o primeiro evento com os dois juntos desde o primeiro turno, quando oito candidatos estiveram no debate na emissora. Onyx fechou a disputa na frente de Leite, com 37,5% dos votos válidos contra 26,81%.

Logo na primeira pergunta, sobre o modelo de gestão do Banrisul, o tucano chamou o adversário de "ministro pipoqueiro", já que Onyx ocupou cinco cargos diferentes em um intervalo de pouco mais de três anos dentro do governo de Jair Bolsonaro (PL). Ele foi ministro-chefe da Casa Civil, ministro da Cidadania, ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência e ministro do Trabalho e Previdência.

"Ficou pipocando em ministérios, não conseguiu parar em nenhum porque não deu certo em nenhum. Ministro pipoqueiro, um ministro que ficou pipocando", disse Leite. Onyx rebateu: "Vemos conjunto de mentiras, é uma pena que minta tanto e se enrole nas mentiras".

Leite contra-atacou e salientou que o oponente ficou "passando de ministério em ministério" para não assumir como deputado federal. "Se alguém se apresentar para você para uma vaga de emprego, tendo passado em três anos por cinco empregos diferentes, desconfie. Pelo menos busque referências", complementou.

Ao questionar sobre o plano de governo do adversário, o ex-governador criticou ainda as várias referências de Onyx ao governo federal e ao presidente Jair Bolsonaro (PL). "Aqui não é quintal de Brasília", criticou Leite.

O ex-ministro disse que o ex-governador "se elegeu nas costas de Bolsonaro" e, depois do pleito, "começou a fazer ataques" ao presidente.

"Candidato, nós somos realmente muito diferentes. O senhor concorreu duas vezes a prefeito de Porto Alegre, nas duas vezes não conseguiu chegar a 10% [dos votos válidos] pelos seus próprios méritos, talvez por sua falta de capacidade", afirmou Leite.

"Agora se apresenta para os gaúchos pendurado no presidente Bolsonaro porque não tem luz própria, porque não tem ideias próprias, porque não consegue defender um projeto, porque não consegue demonstrar capacidade de gestão e menos ainda capacidade política. O governador precisa reunir as duas capacidades. O senhor foi chefe da Casa Civil, que é uma atividade que exige relacionamento político, quem pediu para o senhor sair de lá não foi a não ser os próprios deputados, porque o senhor não consegue se relacionar politicamente. Isso é muito ruim para o nosso estado. Eu não me elegi nas costas de Bolsonaro e trabalhei muito bem com a equipe dele", rebateu Leite.

Na sequência, Onyx levantou o tom. "A nossa diferença, sabe, é que você é um sujeito arrogante, prepotente, eu sou um cara humilde. O presidente Jair Bolsonaro, sempre que precisou de mim, ele sabia que qualquer camiseta que ele me entregasse do nosso time, eu ia cumprir. Os gaúchos já sabem que o senhor é mentiroso."

Privatizações e crise fiscal. Os embates também seguiram ao se falar sobre economia. Onyx criticou a política do "tranca em casa" de Leite para conter a transmissão do coronavírus, o que, para ele, prejudicou as empresas e a população. "Você destruiu vidas. Deixou mães sem ter onde colocar os filhos."

Além disso, questionou o projeto de privatização da Corsan (Companhia Riograndense de Saneamento), a renegociação da dívida do Estado com a União e as reservas financeiras do Banrisul.

Onyx disse que vai renegociar dívida com o governo federal "em termos justos". Já Leite afirmou que saneou as contas para pagar os salários de servidores e professores.

Por diversas vezes, Onyx foi perguntado sobre propostas de governo e fugiu de dar respostas. Apelou para Deus: "Que ele ilumine e desempedre seu coração". E disse que o oponente "só falava em números".

A renúncia de Leite para disputar as prévias do PSDB e tentar - sem sucesso - se lançar candidato à Presidência foi o principal foco de ataques de Onyx e também outra maneira de chamá-lo de descumpridor de promessas e de criticar ter deixado de lado "a maior honra para qualquer gaúcho, que é ser governador do estado".

Além do PL, Onyx tem na sua coligação Republicanos, Patriota e Pros. Sua vice é Cláudia Jardim (PL). Já Leite tem, além do PSDB, Cidadania, PSD, Podemos, União Brasil e MDB, de onde vem seu vice, Gabriel Souza.

O jornalista Oziris Marins mediou o encontro entre os candidatos.