Eleições 2022

Erika Hilton vai à PGR contra Damares: 'Apurar se inventou ou prevaricou'

Colaboração para o UOL, em São Paulo

11/10/2022 13h46Atualizada em 11/10/2022 18h19

A deputada federal eleita pelo PSOL em São Paulo Erika Hilton acionou a PGR (Procuradoria-Geral da República) contra a senadora eleita Damares Alves (Republicanos-DF) por relatar supostos casos de abuso sexual contra crianças no Pará.

Em entrevista ao UOL News, Erika disse que não acredita integralmente no relato da ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, porém, afirma que, diante da gravidade das alegações, o caso merece ser investigado. "Parece mais uma sanha eleitoral bolsonarista", disse a parlamentar.

"Não me parece que a ex-ministra tenha se deparado com essa imagem, mas, se porventura tenha presenciado os horrores que relatou e nada fez para impedir essa violência, ela também cometeu um crime e precisa ser investigada", acrescentou Erika.

Damares foi um dos principais assuntos nas redes sociais ontem por causa de um vídeo que, segundo ela, teria imagens de crianças brasileiras que tiveram seus dentes arrancados para a prática de sexo oral.

Apesar da grave declaração, a ex-ministra não apresentou provas, nem disse quais providências foram tomadas para investigar o crime.

Em nota divulgada hoje, o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos disse que as afirmações feitas pela ex-ministra foram apresentadas "com base em numerosos inquéritos já instaurados que dão conta de uma série de fatos gravíssimos praticados contra crianças e adolescentes." (Leia mais abaixo)

Erika Hilton apontou que, caso o relato de Damares seja verdadeiro, ela foi conivente ao não acionar os órgãos responsáveis, como o Ministério Público e a Polícia Federal, para apurar a violência contra crianças.

"Agora, se a ministra faz isso se utilizando de um jogo eleitoreiro, é preciso também que haja uma investigação. Não podemos permitir que, na disputa eleitoral, se use de qualquer artifício para conseguir ganhar votos", disse a deputada eleita.

"É preciso que a Procuradoria abra uma investigação contra a ministra para que a gente possa descobrir se houve uma prevaricação das atividades dela, ou, se está inventando mais uma de suas histórias. Ela é alguém que já conhecemos por ter uma imaginação extremamente fértil e capaz de inventar horrores como esse", concluiu.

Erika Hilton: Bolsonaro sempre foi abertamente misógino e se elege com base em discurso de ódio

"Estamos em um momento do ódio como instrumento político", resumiu Erika Hilton ao falar sobre as violências e preconceitos que sofre como parlamentar.

"Temos um presidente da República que diz atrocidades contra a comunidade LGBTQIA+, faz falas racistas e debocha de mulheres. Ele sempre foi um homem abertamente misógino e descarado porque nunca teve vergonha de mostrar o que ele pensa", completou.

"Bolsonaro leva o seu mandato baseado no discurso de ódio, na violência contra as minorias e nas ideias trumpistas", afirmou.

Erika Hilton: Reeleição de Bolsonaro será ruim para maioria da população

A deputada eleita também falou sobre as expectativas para o segundo turno das eleições presidenciais.

"Se o Bolsonaro se reelege, a pauta de todo o povo brasileiro será retrocedida", avaliou Erika Hilton. "O Brasil não será bom para a grande maioria da população. Nós enfrentaremos retrocessos."

A parlamentar destacou que um eventual segundo mandato do presidente da República dará mais poder a ele no Congresso Nacional. "Ele será extremamente poderoso, pois terá maioria nas casas [legislativas]. Há um cenário extremamente perigoso e não só para as pessoas LGBTQIA+", disse.

"Não será apenas a comunidade LGBTQIA+, povos indígenas, mulheres ou os negros que sentirão os impactos desse retrocesso. O que o governo Bolsonaro representa com essa configuração de Congresso Nacional é um retrocesso a todo um conjunto da sociedade", acrescentou Erika.

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