Com criança no colo, Bolsonaro fala em 'liberdade custe o que custar'
O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou hoje (11) que considera ter o "dever" de "deixar o país livre lá na frente" e a "obrigação de lutar pela nossa liberdade" durante evento em Balneário Camboriú, em Santa Catarina.
Ao lado de aliados, entre parlamentares, prefeitos e empresários, o presidente pegou uma menina no colo e a citou no discurso.
Por que lutamos? Para quem lutamos? Lutamos (...) pela Gabriele. Hoje, nós temos o dever ou a obrigação de deixar esse país livre para a Gabriele lá na frente. (...) Nós temos a obrigação de lutar pela nossa liberdade, pelo nosso futuro e pelo futuro da Gabriele custe o que custar
Jair Bolsonaro
O candidato à reeleição foi muito aplaudido após a fala.
Aumento de ministros do STF. As afirmações de Bolsonaro a respeito de liberdade ocorrem na sequência de declarações dele a respeito de aumentar o número de ministros do STF (Supremo Tribunal Federal). Na sexta-feira da semana passada (7), o presidente disse a jornalistas que deve discutir o assunto depois das eleições. A proposta seria um acréscimo de cinco integrantes na Corte.
"Se você aumenta o número de ministros do Supremo, você pulveriza o poder deles. Eles passam a ter menos poder, e lógico que não querem isso", declarou.
A possibilidade foi ecoada por aliados de Bolsonaro. Líder do governo na Câmara, o deputado Ricardo Barros (PP-PR) falou que o aumento serviria como "enquadramento" do que ele julga ser um "ativismo político" do Judiciário. Vice-presidente e senador eleito, Hamilton Mourão (Repubicanos-RS) também mencionou o assunto e depois recuou. Ele passou a defender a fixação de um mandato para os ministros.
Indireta sobre o mercado. No discurso, Bolsonaro fez referência a uma frase que, segundo ele, teria sido dita por um opositor em relação a reações do mercado financeiro em face das eleições. O atual governante federal não fez menção ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, adversário nas urnas no segundo turno.
"Há poucos dias um cara [sic] falou que se o Bolsonaro ficou feliz, que o mercado ficou feliz, 'comigo o mercado não ficará feliz'. Isso o outro lado falou."
Bolsonaro disse ainda que "gostaria de perguntar ao outro lado onde é que não existe mercado que o povo vive feliz?". "Não existe em lugar nenhum do mundo. Essas pautas econômicas vocês sentem aqui", finalizou.
Combatente homenageado. O evento também teve uma homenagem a Arnoldo Lana, 101 anos, ex-militar que combateu na 2ª Guerra Mundial. Neste momento, tocou a Canção do Expedicionário, que se tornou um hino da FEB (Força Expedicionária Brasileira), nome das tropas brasileiras que lutaram na Europa .
A música foi entoada pelo próprio Bolsonaro, que subiu no palanque ao lado do veterano da FEB Arnoldo Lana. Ao fim do evento, Arnoldo foi cercado e tirou fotos com apoiadores bolsonaristas. "A gente fica meio emocionado", comentou ele.
Aniversário de Hang. Aniversariante do dia, o empresário Luciano Hang, dono da varejista Havan, ganhou bolo durante o evento com o presidente.
Hang é um ferrenho aliado do candidato do PL. Ele completou 60 anos e, em celebração, os organizadores prepararam um bolo nas cores verde amarelo (mesmas do terno que ele costuma utilizar em aparições públicas). Bolsonaro deu uma beliscada no bolo ao final ao final da canção de parabéns.
Campanha mira na abstenção. A passagem de Bolsonaro por Balneário Camboriú foi marcada por discursos de incentivo à participação no pleito e tentativa de reduzir a abstenção. No palanque, aliados fizeram apelos para que os que não votaram no primeiro turno compareçam às urnas no dia 30 de outubro.
Candidato ao governo de Santa Catarina, Jorginho Melo (PL) declarou que é preciso pedir votos até a última hora. "Vamos fazer 80% dos votos". No primeiro turno, o presidente ficou com 62,21% em Santa Catarina. Luiz Inácio Lula da Silva (PT) marcou 29,54%.
Dois objetivos de Bolsonaro durante a viagem pela região Sul se complementam: estimular a diminuição da abstenção —cativando votos entre os que se ausentaram das urnas— e estimular líderes políticos a se engajarem com ele na campanha.
No primeiro turno, um milhão de catarinenses não votaram. Em todo o Brasil, a abstenção chegou a 20,9% dos eleitores (32,7 milhões de pessoas). Embora o resultado seja estável se comparado às eleições de 2018 (20,3%), ano em que Bolsonaro foi eleito, é a maior abstenção das últimas seis eleições majoritárias.
A avaliação da equipe de Bolsonaro é de que parte deste eleitorado votou no candidato em 2018 e não repetiu a escolha neste ano.
O presidente trabalha para aumentar a quantidade de votantes nos estados onde tem a preferência e assim tentar inverter o resultado do primeiro turno, quando teve pouco mais de 6 milhões de votos a menos do que Lula.
Senador eleito, Jorge Seif (PL) ressalta que Bolsonaro fez 62,21% dos votos em Santa Catarina no primeiro turno. Ele espera que o combate a abstenção faça este percentual crescer para um intervalo entre 70% e 80%.
Parceria com prefeitos. O encontro com lideranças políticas teve o objetivo de incentivar o eleitorado a voltar a votar Bolsonaro. A campanha trabalha com a ideia de "supercapilaridade", entendimento de que a realidade regional se sobrepõe a questões partidárias.
É por este motivo que o candidato à reeleição se empenhou tanto em fechar alianças com governadores e se reunir com prefeitos. O raciocínio por trás destas reuniões é que são os administradores estaduais municipais os aliados com maior capacidade de virar votos e de convencer o eleitor a ir às urnas.
Em Balneário Camboriú, na manhã de hoje, havia cerca de 230 prefeitos e vice-prefeitos —Santa Catarina tem 295 cidades. Incluindo parlamentares, empresário e lideranças religiosas, compareceram cerca de mil pessoas no evento.
A viagem a Balneário Camboriú é a primeira parada de uma investida pelo Sul do Brasil. Durante a tarde, Bolsonaro estará em Pelotas (RS).
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