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Hoje não é dia de pedir voto, diz padre após Bolsonaro deixar basílica

Do UOL, em Aparecida e em Brasília

12/10/2022 18h05Atualizada em 12/10/2022 18h49

Após o presidente Jair Bolsonaro (PL) participar de uma missa no Santuário Nacional de Aparecida, a 180 km de São Paulo, o padre Camilo Júnior, missionário redentista, afirmou que hoje (12), Dia da Padroeira, não era o momento de pedir de voto, mas de "pedir bênção" à santa. A declaração do padre ocorreu durante a cerimônia de consagração solene a Nossa Senhora Aparecida.

"Parabéns a você que está aqui dentro da Basílica, rezando. Você que entendeu que hoje é dia de Nossa Senhora Aparecida. É a ela as nossas palmas, é a ela a nossa aclamação, é a ela o nosso 'viva'. Só temos segurança nas mãos de Deus e no colo de Maria", disse.

"Parabéns a você que está aqui dentro e testemunha. Parabéns a você que está aqui dentro e está rezando, porque hoje não é dia de pedir voto. É dia de pedir benção" Padre Camilo Júnior

O celebrante foi muito aplaudido pelos fieis. Ele afirmou ainda que "tem pessoa que deseja a morte do outro, mas o outro é semelhante". Júnior disse ainda que, se a população está vivendo assim, é porque já se "despiu do amor de Cristo".

"O contrário do amor é a indiferença. Quando eu não permito mais que a vida do meu semelhante seja importante. Podemos ver crianças abandonadas, idosos caídos nas margens das calçadas, famílias com suas mesas vazias. E eu não sinto nada. A dor do outro não mais me atinge. Se estamos vivendo assim, é porque nós nos despirmos do amor de Cristo", disse.

Agenda eleitoral. Antes da cerimônia, Bolsonaro participou de uma missa na Basílica de Nossa Senhora Aparecida ao lado de aliados. O presidente, que é candidato à reeleição e tem maior adesão dos evangélicos, tenta ampliar o apoio entre os católicos frente ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A chegada de Bolsonaro ao santuário foi marcada por vaias e aplausos de fieis, e o padre Eduardo Ribeiro, que conduzia a cerimônia, precisou pedir silêncio ao público para dar início à missa. "Silêncio na basílica. Prepare o seu coração, viemos aqui para rezar", afirmou o padre.

Não comungou. Durante a missa, Bolsonaro não comungou, ao contrário de ex-ministros que o acompanhavam na comitiva, como Tarcísio de Freitas, candidato ao governo de São Paulo no segundo turno contra Fernando Haddad (PT), e Marcos Pontes, eleito senador por São Paulo.

O chefe do Executivo também permaneceu calado na maior parte da cerimônia, não completou as orações dos ritos religiosos nem rezou o Pai Nosso.

Com aliados, sem Michelle. O presidente chegou a Aparecida sem a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, que é evangélica e tem cumprido papel importante na campanha de reeleição de Bolsonaro com os evangélicos.

Acompanharam o presidente, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, a deputada reeleita Bia Kicis (PL-DF), ex-ministros como Marcos Pontos e João Roma, e o coordenador de comunicação da campanha de Bolsonaro, Fábio Wajngarten.

Saída ruidosa. Bolsonaro deixou o Santuário Nacional de Aparecida por volta das 16h. O presidente estava no banco do carona de uma caminhonete e abriu a porta, colocando parte do corpo para fora veículo, ainda no estacionamento.

Enquanto as sirenes eram acionadas, o candidato acenava para o público. Como ocorreu em toda a passagem de Bolsonaro, houve vaias e aplausos.