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Armar não é o melhor caminho para a paz, diz arcebispo emérito de Aparecida

Colaboração para o UOL, em São Paulo

12/10/2022 12h56Atualizada em 12/10/2022 14h19

Dom Raymundo Damasceno, arcebispo emérito de Aparecida (SP), disse, em entrevista ao UOL News, que armar a população não trará mais paz para a sociedade brasileira. A declaração do religioso ecoa as críticas feitas, no ano passado, pelo atual arcebispo da Arquidiocese, Dom Orlando Brandes. Na ocasião, Dom Orlando criticou a política armamentista do governo federal.

"Temos que nos unir uns aos outros e saber conviver em paz porque não é armando a população que vamos construir um Brasil com mais fraternidade e solidariedade, pelo contrário", disse Dom Damasceno. "Armar não é o melhor caminho para a paz entre as pessoas."

O arcebispo emérito lamentou o uso político da religião no período eleitoral. Para ele, o momento deveria ser dedicado à apresentação de propostas para o país.

"Evidentemente, não é o que a Igreja deseja [o uso da religião em campanhas políticas]. A Igreja pede que esse período de campanha eleitoral seja de apresentação de propostas e projetos de governo, que seja um momento de reflexão para que as pessoas possam fazer o discernimento correto do candidato que vão escolher", disse.

Hoje, o presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, visita o Santuário de Aparecida, no interior paulista. Pela manhã, durante a homilia na principal missa celebrada do dia de Nossa Senhora Aparecida, o arcebispo Dom Orlando disse que é preciso combater o "dragão do ódio", da mentira, do desemprego, da fome e da incredulidade. O arcebispo também lembrou aos fiéis a importância do voto como exercício de cidadania.

'Fake news é pecado', diz arcebispo emérito de Aparecida

Falando sobre a disseminação de notícias falsas durante o período eleitoral, Dom Damasceno afirmou que cristãos devem evitar a prática.

"Fake news é pecado porque se deturpa a verdade acerca de um candidato", disse. "Está se dizendo uma meia verdade e, por isso, creio que se deve evitar. Um cristão e cidadão consciente tem que dar a informação verdadeira e não desinformar as pessoas para que facilite a escolha do candidato."

Segundo ele, uma pessoa "mal informada" pode ser induzida a votar num candidato que não gostaria, pois não o conhece de verdade.

Dom Damasceno: Não podemos instrumentalizar a religião para fazer propaganda política

Dom Damasceno também repercutiu o caso do bispo Sérgio Von Helder, que ficou famoso há 27 anos ao chutar a imagem de Nossa Senhora Aparecida durante o programa "Palavra da Vida", na Record.

Hoje, Von Helder se tornou um seguidor fiel de Bolsonaro e, em suas redes sociais, só existem postagens com críticas ao ex-presidente Lula (PT).

O arcebispo emérito criticou a proximidade de religiosos com a política. "A gente não pode instrumentalizar a religião para fazer propaganda explícita política ou eleitoral. As coisas não se misturam nesse sentido", afirmou.

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