Topo

Após fala de Bolsonaro, Lula vai a debate com broche contra abuso infantil

Do UOL, em São Paulo e Brasília*

16/10/2022 20h41

O candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, foi ao debate de hoje com o presidente Jair Bolsonaro (PL) usando um broche na lapela em homenagem à Campanha Nacional de Mobilização de Combate à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes. O debate é organizado pelo UOL, TV Bandeirantes, TV Cultura e Folha de S.Paulo.

O símbolo da campanha é uma flor amarela, a mesma usada por Lula na noite de hoje. O slogan da campanha é "Faça bonito, proteja nossas crianças e adolescentes".

Ao UOL, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, disse que a ideia do ex-presidente usar broche da rosa amarela foi dela.

"Foi lançado em 2003 quando implantou-se o disque 100", afirmou. "Disque denúncia contra a exploração sexual infantil. Foi Lula quem implantou."

Lula decidiu usar o adereço um dia depois de viralizar um vídeo com uma entrevista de Bolsonaro a um podcast na sexta-feira (14). Na ocasião, Bolsonaro se referiu a um encontro com venezuelanas dizendo que havia adolescentes "arrumadas para ganhar a vida", insinuando prostituição infantil.

Também disse que "pintou um clima" e decidiu parar no local. Em outro momento, Bolsonaro afirmou que as jovens venezuelanas estavam ali "pra fazer programa".

Lula já provocou na entrada. Lula já havia mencionado o caso quando questionado ao chegar ao debate.

O ex-presidente Lula usa pin com símbolo da campanha de combate ao abuso e exploração sexual de crianças - Mariana Greif/Reuters - Mariana Greif/Reuters
O ex-presidente Lula usa pin com símbolo da campanha de combate ao abuso e exploração sexual de crianças
Imagem: Mariana Greif/Reuters
"Ele agiu com muita má-fé com aquela menina. Ele, no cargo de presidente, deveria respeitar muito", disse Lula a jornalistas ao chegar à sede da TV Bandeirantes. "É a molecagem que é feita sempre que ele pode. Ele é assim, parece que nasceu assim e vai terminar a vida assim, zombando de coisas sérias."

Já Bolsonaro declarou ao chegar que passou por uma "acusação sórdida e infame", apontando que o ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), barrou a campanha petista de utilizar a fala em propagandas eleitorais.

Imagem da campanha contra violência sexual contra crianças e adolescentes - Reprodução - Reprodução
Imagem da campanha contra violência sexual contra crianças e adolescentes
Imagem: Reprodução
"Tentaram me atingir naquilo que é mais sagrado para mim. A defesa da família e das crianças", disse Bolsonaro.

"Quero lembrar que Lula e sua equipe me acusam o tempo todo de genocida, de miliciano, de canibal, e essa última, pedofilia. Eu lamento que não tenha nada de concreto sobre mim e de bom para falar sobre ele."

Questionado sobre o que quis dizer com a expressão "pintou um clima", Bolsonaro desconversou e disse que usa a fala em outros contextos. Sobre a insinuação que as jovens venezuelanas estariam se prostituindo, o presidente disse que "não fez acusação direta de nada".

"O que elas estavam fazendo naquele momento, a conclusão fica para cada um", disse.

Meninas participavam de ação social. Como mostrou o UOL, quando Bolsonaro (PL) chegou de moto a uma casa de venezuelanas em São Sebastião, proximidade de Brasília, a garagem estava transformada em um salão de beleza. Uma cabeleireira e oito pessoas de sua equipe cortavam cabelo, faziam escova, prancha e babyliss em um grupo de mulheres venezuelanas.

"Não tem nada a ver com o que ele está falando agora", diz uma das venezuelanas, que pediu para ter seu nome preservado, pois teme retaliação. O UOL confirmou que ela estava no local no dia da visita do presidente.

Esse dia foi uma ação que acontecia na casa. Uma brasileira que fazia curso de estética vinha até aqui para fazer a prática do que estava aprendendo, de corte de cabelo, design de sobrancelha. Então, nós reuníamos um grupo de mulheres e era isso o que acontecia naquele dia"
Mulher venezuelana que estava durante visita de Bolsonaro em São Sebastião (DF)

*Participaram desta cobertura: Em São Paulo: Ana Paula Bimbati, Beatriz Gomes, Caê Vasconcelos, Felipe Pereira, Herculano Barreto Filho, Isabela Aleixo, Juliana Arreguy, Letícia Mutchnik, Lucas Borges Teixeira, Stella Borges, Saulo Pereira Guimarães e Wanderley Preite Sobrinho. No Rio de Janeiro: Lola Ferreira. Em Brasília: Camila Turtelli, Leonardo Martins, Paulo Roberto Netto e Weudson Ribeiro. Colaboração para o UOL: Amanda Araújo e Pedro Villas Boas