TSE ordena que Lula e Bolsonaro excluam vídeos que os associem ao aborto
O TSE, por meio da ministra Cármen Lúcia, ordenou que o senador Flávio Bolsonaro (PL) pare de veicular vídeos que associem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com a legalização do aborto. O adversário de seu pai, o presidente Jair Bolsonaro (PL), fez uma fala dúbia sobre o assunto em abril, mas a Justiça entendeu que uso eleitoral descontextualizava o que havia sido dito pelo petista.
Segundo Cármen Lúcia, a campanha de Bolsonaro foi responsável por "indevida descontextualização e adulteração grosseira" das falas de Lula, em que o ex-presidente cita que o aborto deve ser tratado como um tema de saúde pública.
Isso porque na propaganda eleitoral, o trecho é exibido isoladamente seguido da frase "E se uma mãe pode assassinar seu próprio filho em seu próprio ventre, o que falta a nós para matarmos uns aos outros?", assinada por Madre Teresa de Calcutá. No entanto, apesar de ser comum a atribuição da frase à religiosa, não há indícios da autoria desta frase em específico. Madre Teresa fez várias outras declarações contrárias ao aborto.
O entendimento da Justiça foi de que a distorção dos fatos prejudicaria a campanha e a imagem de Lula.
No mesmo sentido, a ministra Maria Claudia Bucchianeri, também exigiu que Lula pare de usar peças publicitárias relacionando Bolsonaro ao aborto. Em uma clara defensiva aos ataques do presidente, o horário eleitoral petista relembrou uma entrevista do chefe do Executivo dizendo que ele e sua então esposa, Ana Cristina Siqueira Valle, pensaram se manteriam ou não a gravidez de Jair Renan.
O que disse Lula e Bolsonaro à época e a batalha sobre o aborto
Luiz Inácio Lula da Silva defendeu, no dia 5 de abril deste ano, que o aborto fosse tratado como um assunto de saúde pública e criticou a seletividade com que a pauta de costumes era tratada.
Para ele, as mulheres pobres morriam ao abortar, mas a "madame pode fazer um aborto em Paris ou Berlim em uma clínica boa". O então pré-candidato estava em um debate em São Paulo junto de ex-integrantes do Parlamento Europeu.
A campanha petista, porém, também já se utilizou da temática como forma de associar o adversário à prática do aborto. "Ele diz uma coisa: 'somos contra o aborto'. Mas faz outra. Numa entrevista ele já defendeu o aborto de um de seus filhos", afirma a peça publicitária.
A entrevista mencionada foi feita em fevereiro de 2000, para a revista IstoÉ Gente, quando perguntado sobre o que ele achava sobre a legalização do aborto, Bolsonaro declarou que "Tem de ser uma decisão do casal".
Avançando na conversa, o então deputado federal disse que já havia vivido essa situação de dúvida sobre manter ou não um filho em gestação e que teria deixado a esposa escolher. A escolha foi de manter a gravidez do quarto filho, Jair Renan, que na época da fala do pai tinha 1 ano e meio de idade.
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