Após apoiar Lula, Amoêdo critica reaproximação de Moro e Bolsonaro
O fundador do partido Novo, João Amoêdo, criticou hoje o senador eleito Sergio Moro (UB-PR) por ter se reaproximado do presidente Jair Bolsonaro (PL) depois de romper com o governo federal, em abril de 2020, acusando o chefe do Executivo de interferência na PF (Polícia Federal). Na época, Moro era ministro da Justiça e Segurança Pública.
"Infelizmente é incoerente por parte de Moro. Uma das principais deficiências no país é a falta de liderança. Na Lava Jato, ele se colocou como uma voz importante. Mas, nos últimos anos, tem tomado caminhos que deixam questionamentos", afirmou o empresário em entrevista à GloboNews.
Amoêdo mencionou a mudança de partido de Moro, que deixou o Podemos em março deste ano para tentar a eleição pelo União Brasil, e lembrou que o ex-juiz da Lava Jato se tornou ministro de Bolsonaro depois de ter colaborado para que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fosse condenado na Justiça Federal.
"Por que se candidatar por um partido, depois mudar para outro, que não representa exatamente a cara mais limpa na política? Ele, inclusive, dá argumentos, que Lula não usou, para questionar se ele não teria tido um viés maior, porque ele imediatamente assumiu um cargo com Bolsonaro. E, agora, depois de ter feito críticas ao governo, voltar para a campanha de Bolsonaro. Isso afeta a imagem dele e favorece mais Lula do que Bolsonaro ao fazer isso", analisou.
A manifestação ocorre num momento em que integrantes da alta cúpula do Novo criticam o fundador da sigla por declarar voto no petista no segundo turno.
"A triste declaração constrange a instituição, que se mantém coerente com seus princípios e valores e reforça que Amoêdo não faz mais parte do corpo diretivo do partido desde março de 2020", afirmou a legenda, comandada atualmente pelo empresário Eduardo Ribeiro.
Em entrevista à Folha de S.Paulo, Amoêdo afirmou que vê a possibilidade de reeleição do atual mandatário, em quem afirma ter votado em 2018, como "um risco substancialmente maior" à democracia que a candidatura de Lula.
"Nem Lula nem Bolsonaro merecem meu voto. Serei oposição a qualquer um dos dois. Porém, e infelizmente, a escolha que agora se apresenta na urna não é sobre os rumos que desejo para o Brasil, mas só a possibilidade de limitar danos adicionais ao direito como cidadão. É isso que espero manter: o direito de ser oposição."
Em resposta, o petista destacou o respeito a divergências ideológicas. "A gente pode ter muitas discordâncias. Mas, acima disso, está o respeito ao direito de discordar", disse Lula.
No início deste mês, a sigla havia liberado os filiados para apoiarem os candidatos de sua preferência no segundo turno. Com 2.679.745 de votos quando concorreu ao Palácio do Planalto em 2018, Amoêdo fez duras críticas à candidatura de Felipe D'Ávila (Novo), que teve neste ano 559.708.
D'Ávila e presidente do Novo contra Amoêdo
Em nota, o presidente do Novo, Eduardo Ribeiro, e o candidato da sigla à Presidência da República, Felipe D'Ávila, também criticaram o apoio de João Amoêdo a Lula no segundo turno. "Vergonhosa, constrangedora e incoerente a declaração de voto de João Amoêdo em Lula. O PT e o Lula representam tudo o que o nosso partido sempre combateu. Essa é a prova final de que o Novo nunca mudou, quem mudou foi o João", disse Ribeiro.
"A declaração de voto de Amoêdo a Lula é uma traição aos valores liberais, ao partido Novo e a todas as pessoas que criaram um partido para livrar o Brasil do lulopetismo, que tantos males criou ao Brasil. Amoêdo: pega o boné e vai embora. Você não representa os valores liberais", comentou D'Ávila.
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