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Vice do PT: Moro com Bolsonaro é espetáculo ridículo e expõe trama

Colaboração para o UOL, em São Paulo

17/10/2022 13h56

O deputado federal e vice-presidente nacional do PT José Guimarães participou do programa de Análise de Debate do UOL hoje e criticou a presença do ex-juiz e senador eleito Sergio Moro (União Brasil) na comitiva do presidente Jair Bolsonaro (PL) que acompanhou o debate promovido pelo UOL, em parceria com Band, Folha de S.Paulo e TV Cultura ontem (16). Guimarães classificou a situação como ridícula.

"Moro no debate é um espetáculo ridículo, porque isso serve para mostrar que a trama montada por ele não foi para investigar corrupção, foi para construir o projeto de poder liderado pelo Bolsonaro. É uma coisa vergonhosa para o país isso. O juiz que comandou a operação Lava Jato vai ser assessor do Bolsonaro", disse.

Ainda durante sua participação no programa, Guimarães afirmou que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) precisa elevar o tom e ser mais agressivo no próximo debate, atacando Bolsonaro em temas mais sensíveis como a corrupção, por exemplo.

"No próximo debate, Lula precisa bater nele [Bolsonaro] com os quatro pés e as quatro mãos por conta do que esse governo representa do ponto de vista da corrupção. Na covid, nas rachadinhas da família e por aí vai. Acho que nesse ponto faltou uma ofensiva maior nossa da campanha no enfrentamento desse debate".

Por fim, o vice-presidente nacional do PT também afirmou que sim, Lula precisava comparar legadas da época em que foi presidente, mas não deve se prender a esse tipo de comparação. Ele afirmou que o eleitorado está interessado, na verdade, em saber do futuro.

"Acho que faltou um pouco de futuro [no debate]. O Lula insiste muito no legado e está correto nessa tese de que comparar os dois legados é fundamental, mas não pode ficar só nisso porque o Bolsonaro não tem o que mostrar e o Lula tem. (...) acho que tem que falar também de futuro. O Brasil é outro e a situação econômica do país é outra. O Brasil não é o mesmo de 2002, quando Lula assumiu", finalizou.

Stycer: Direito de réplica dos jornalistas e checagem fazem falta ao debate

"Vejo dois problemas nesse tipo de debate. Um é a regra que proíbe jornalistas de fazerem réplicas aos seus entrevistados. Isso é comumente uma exigência das campanhas e as emissoras, no desejo de viabilizar os debates, aceitam. Acho que as organizações jornalísticas deveriam bater o pé e não aceitar mais essa regra. É muito ruim um jornalista fazer uma pergunta que é uma provocação importante, e o candidato simplesmente ignorar e não tratar do assunto, vai falar de outro assunto", começou o colunista do UOL Maurício Stycer.

"A segunda coisa que é algo que precisamos evoluir é a ideia de checagem de fatos em debates. Acho que as organizações precisam se preparar melhor para ter, em tempo real ou ao final de cada bloco, uma checagem rápida de mentiras que foram ditas", completou.

Stycer ainda afirmou que a checagem é algo imprescindível para o bom andamento das discussões e proposições. "A difusão de mentiras é um negócio enlouquecedor e muito ruim, fica o dito pelo não dito. São questões a serem tratadas para o futuro".

Oyama: Wajngarten se afastou para costurar surpresa de Moro com Bolsonaro

"O que estava fazendo Fabio Wajngarten, revelou-se agora, ele estava costurando essa ida do ex-juiz Sergio Moro para o debate. Essa foi a surpresa que a campanha do Bolsonaro estava armando. Se dedicou a organizar isso e isso teve um efeito, sem dúvida, benéfico para o candidato Bolsonaro", disse a colunista do UOL Thaís Oyama.

Ela também destacou que o objetivo de Bolsonaro era causar impacto e também desconforto para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na avaliação da campanha do atual presidente, inclusive, o objetivo foi atingido e bem-sucedido, apesar das divisões internas de opiniões.

Por outro lado, apesar de benéfica para a imagem de Bolsonaro, a colunista do UOL afirmou que para o ex-juiz fica um sentimento dúbio. Ela destacou que Moro e Bolsonaro brigaram depois de Moro ter aceitado fazer parte do governo, e agora se alia novamente ao atual presidente.

"Para Bolsonaro foi muito bom, mas não diria que pode-se dizer o mesmo para o ex-juiz Sergio Moro", finalizou.

Assista a íntegra do programa de Análise do Debate: