Topo

Lavareda: Virada de Bolsonaro é quase impossível; debate não será decisivo

Colaboração para o UOL

28/10/2022 09h09

Para o cientista político e presidente do Conselho Científico do Ipespe, Antonio Lavareda, é "praticamente impossível" que Jair Bolsonaro (PL) consiga uma virada contra o ex-presidente Lula (PT) na eleição presidencial deste domingo (30). Ele entende que as pesquisas já sinalizaram uma vitória petista e nem mesmo o debate de hoje conseguirá mudar o cenário.

"É muito difícil, praticamente impossível, haver inversão na última semana de uma eleição de 2º turno. Pesquisas assinalaram um avanço, uma recuperação da margem do Lula sobre Bolsonaro. Na média das pesquisas, a diferença de Lula é de 5,8 [pontos percentuais]. Essa diferença era menor (5,2) na semana passada. Arredondando, isso significa um ponto", observou Lavareda no UOL News desta sexta-feira (28).

Lavareda falou ainda sobre o confronto entre os dois candidatos no debate promovido pela Rede Globo.

"Tem debate, vai ter alguma influência e não sabemos o desfecho, mas não acredito, pela história da influência dos debates, que ele venha a ser decisivo. A última vez que um debate influenciou foi em 2006. O Lula não compareceu e isso o prejudicou. Segundo analistas, isso foi responsável por levá-lo ao segundo turno", lembrou.

Ele também comentou que a abstenção deve aumentar cerca de 1 ponto percentual, mas afirmou que todas as pesquisas estão levando isso em conta. "Esse fato, junto com a realidade de não ter voto útil, contribui para que pesquisas se aproximem bastante — quando não coincidam — com o resultado no 2º turno".

Apuração sem grandes margens de vantagem

Lavareda também apontou como deve ser a apuração de domingo. Ele acredita que, assim como em 2018, os primeiros resultados já vão mostrar uma grande quantidade de urnas apuradas.

"Se tivéssemos o mesmo padrão do 1º turno, teríamos uma dianteira de Bolsonaro expressiva no início, superior a 20 pontos, com isso diminuindo ao longo do tempo. Em uma hora e meia, menos de duas horas, Lula empataria e eventualmente ultrapassaria, conforme dados da pesquisa. Mas em 2018 isso foi diferente. Primeiro já chegaram 60% das urnas apuradas. Com um percentual desse, já teremos votos do Nordeste, e a distância não vai estar tão grande", explicou ele.

Bolsonaro pós-eleições

O cientista político avalia também o papel do presidente Bolsonaro caso a previsão de derrota seja confirmada. Segundo Lavareda, o atual presidente seguirá forte, mas, para fazer uma oposição eficiente, precisará de apoio de um partido.

"Bolsonaro vai continuar a ser o líder eleitoral desse espectro do centro até a extrema direita. Vai ter outros competidores. No centro, devemos olhar a Simone Tebet, vocacionada a reestruturar o centro direito democrático. Mas se Bolsonaro será capaz de liderar uma oposição, é mais dificil. Ele poderá encontrar algum partido, talvez o PL, que sai vitalizado, pra fazê-lo. E, como liderança eleitoral, dificilmente não se manterá", analisou.

O UOL News vai ao ar de segunda a sexta-feira em três edições: 8h, 12h e 18h, sempre ao vivo.

Quando: de segunda a sexta às 8h, 12h e 18h.

Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL.

Assista à íntegra do programa: