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Com Mujica, Lula faz última caminhada da campanha na Paulista

29.out.2022 - José Mujica, Lula (PT) e Haddad (PT) na avenida Paulista - Caio Guatelli/UOL
29.out.2022 - José Mujica, Lula (PT) e Haddad (PT) na avenida Paulista Imagem: Caio Guatelli/UOL

Do UOL, em São Paulo e no Rio

29/10/2022 17h29Atualizada em 29/10/2022 21h26

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) terminou hoje a campanha ao Palácio Planalto com uma caminhada na avenida Paulista, região central de São Paulo. Com a presença do ex-presidente uruguaio José Mujica, Lula percorreu cerca de 2 km em pouco mais de uma hora e não fez comício ao final por respeito à legislação eleitoral.

Fernando Haddad (PT), candidato ao governo de SP, e Geraldo Alckmin (PSB), candidato a vice na chapa de Lula, estiveram presentes. No primeiro turno, Lula também encerrou a campanha com uma caminhada na avenida símbolo de protestos na capital paulista. Hoje, o petista deixou a caminhada na esquina da Paulista com a Consolação, por volta das 17h10.

Os manifestantes seguiram até a praça Roosevelt, no centro, onde fizeram uma concentração com ares de carnaval. O grupo começou a dispersar por volta das 18h30, quando uma chuva teve início.

No estado de São Paulo, Lula ficou cerca de sete pontos percentuais atrás de Jair Bolsonaro (PL) no primeiro turno —o petista teve 40,89% dos votos válidos, enquanto o candidato à reeleição, 47,71%.

Último ato. Esta foi uma das maiores caminhadas da campanha durante o segundo turno, visivelmente menor apenas que as de Salvador e Recife. O cortejo saiu por volta das 16h da frente do Masp (Museu de Arte de SP) e seguiu rumo à rua da Consolação. Por volta das 17h, a manifestação ocupava da Consolação ao Masp.

Lula puxava o cortejo com Mujica e lideranças em uma caminhonete à frente. Atrás ao menos dois minitrios elétricos tocavam músicas de campanha, em especial "Tá na Hora do Jair", que ficou recentemente entre as músicas mais tocadas no Spotify. Segundo a legislação eleitoral, não é permitido discursar com equipamentos de som no último dia da campanha.

Mujica. Antes do ato, o ex-presidente uruguaio Pepe Mujica disse à imprensa que a eleição de Lula, se ocorrer, será um importante recado da democracia no continente.

"É muito importante para a esperança [da América do Sul], mostrará que somos capazes de retornar."

Fortalecimento do Mercosul. O estreitamento das relações entre os países latino-americanos, uma das principais bandeiras internacionais do governo Lula (2003-2010), tem sido um dos pilares da campanha petista.

Em encontros com outras lideranças da região, como a vice-presidente da Colômbia Francia Márquez e o presidente boliviano Luis Arce, Lula tem debatido uma "volta do protagonismo do Mercosul" dentro da política internacional brasileira.

"O Brasil tem de voltar a ser aquele país que não fala fino com os Estados Unidos nem grosso com a Bolívia", tem repetido o petista durante a campanha.

Multicultural. Um dos objetivos da caminhada de hoje, sem muitos detalhes divulgados previamente, era engajar e entreter os apoiadores ao longo do trajeto.

Diversos grupos foram convocados pelo partido. Além do trio que puxava, havia bateria de escola de samba, cortejo com fanfarra, artistas em pernas de pau, grupos comunitários, movimentos socialistas e manifestantes em prol do meio ambiente fantasiados de animais e plantas.

Puxando o trio. A cantora Fafá de Belém embalava o segundo minitrio com lideranças na Paulista. A cantora paraense, símbolo do movimento Diretas Já, cantava o hit "Vermelho", puxava "Lula lá" e fazia o L com a mão para a multidão.

O deputado federal eleito Guilherme Boulos (PSOL-SP), os deputados estaduais José Américo (PT-SP) e Paulo Fiorilo (PT-SP) e o vereador Eduardo Suplicy (PT), também eleito para a Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo), estavam junto de Fafá.

Não fez o L. Apesar de algumas bandeiras do Brasil ao longo da avenida, durante a manifestação a grande a maioria dos moradores que se manifestavam na janela era de apoiadores do ex-presidente.

Na altura do Conjunto Nacional, um morador chamou atenção dos presentes fazendo gestos de arma, em referência a Jair Bolsonaro (PL). Os apoiadores do petista, que cantavam "Olê olê olá, Lula", logo mudaram o tom para gritos indecorosos contra o presidente.

Motoboyciata. Ao final do cortejo, vinha um grupo de mais de cem motoboys, formado especialmente por trabalhadores de aplicativo. O ex-presidente tinha um encontro marcado com representantes da categoria na última semana, mas foi cancelado por falta agenda.

Trabalhadores de aplicativos foram um dos focos da parte econômica do plano de governo. Lula tem citado a categoria e aqueles que foram atingidos pelo chamado "trabalho intermitente" para falar na criação de uma nova legislação trabalhista, com revogação dos principais pontos da reforma realizada pelo governo Michel Temer (MDB).

Lago. Cansadas de esperar o fluxo de manifestantes passar para chegar ao outro lado da rua, algumas manifestantes tiraram os sapatos e cruzaram um espelho d'água que fica no Masp.