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O que são os trackings 'vazados' nas redes sociais? Eles são confiáveis?

Mulher urna eletrônica votando - SOPA Images/SOPA Images/LightRocket via Gett
Mulher urna eletrônica votando Imagem: SOPA Images/SOPA Images/LightRocket via Gett

Do UOL, em São Paulo

29/10/2022 04h00Atualizada em 29/10/2022 13h01

Nas Eleições 2022, especialmente na reta final de campanha do segundo turno, as redes sociais foram invadidas pelos 'trackings'.

Com números muitas vezes diferentes das pesquisas eleitorais sobre as intenções de voto, muitos destes supostos vazamentos se tornaram virais e ganharam a capacidade de inflamar militantes de lado a lado.

Mas, afinal, o que são os 'trackings'?

Tracking é o nome dado para as pesquisas de opinião de consumo interno dos candidatos. Estes levantamentos não são uma prática nova e são produzidos com maior frequência e, muitas vezes, motivação diferente das pesquisas eleitorais.

O objetivo deles é captar de maneira mais ágil as tendências do eleitorado, de forma a guiar as estratégias de campanha sobre temas específicos, nas propagandas ou debates, por exemplo.

Dá para confiar nos 'trackings' divulgados nas redes sociais?

Não, os números de 'trackings' publicados nas redes sociais ou aplicativos de mensagens não são confiáveis.

Como são produzidos para consumo interno, não há informações concretas sobre a metodologia, número de pessoas entrevistadas ou o objetivo destes levantamentos.

Mais do que isso: não há nem sequer a garantia que os dados divulgados realmente sejam dos 'trackings'. Via de regra, os autores destas postagens afirmam que os números foram "vazados" e, portanto, não podem ter sua autenticidade verificada.

Na prática, estes "vazamentos" tentam manter o otimismo e garantir a mobilização de militantes e simpatizantes dos candidatos nas redes.

O UOL consultou o TSE sobre a existência de algum tipo de punição específica pela divulgação destes "vazamentos" de trackings nas redes. Este texto será atualizado se houver resposta.

Quais são as regras para a divulgação de pesquisas eleitorais?

Por se tratar de um ano eleitoral, todas as pesquisas de intenção de voto produzidas a partir de 1º de janeiro de 2022 devem seguir uma série de requisitos.

De acordo com o TSE, entre as exigências estão a disponibilização de informações do contratante da pesquisa, a metodologia adotada, o período de realização, o valor e origem dos recursos, um plano amostral, o questionário completo aplicado aos eleitores e a identificação do estatístico responsável pelo levantamento.

As empresas que produzem as pesquisas também precisam estar cadastradas na Justiça Eleitoral. Todos os levantamentos devem ser registrados, no mínimo, cinco dias antes da data prevista para divulgação.

No "Sistema de Registro de Pesquisas Eleitorais" do TSE, é preciso informar o número de pessoas entrevistadas e cargo pesquisado e as datas de início, de registro e de divulgação da pesquisa.

Além disso, os institutos também devem informar o gênero, idade, grau de instrução, nível econômico e local onde foi feito o levantamento. É obrigatório ainda apontar o nível de confiança e margem de erro.

O TSE e os tribunais regionais eleitorais não têm responsabilidade direta pela fiscalização das pesquisas. A impugnação do registro ou divulgação das pesquisas eleitorais pode ser feita pelo Ministério Público Eleitoral (MPE) ou pelos candidatos, partidos e coligações.

A divulgação de pesquisa fraudulenta é crime e pode ser punido com detenção de seis meses a um ano, além de multas que podem chegar até R$ 106,4 mil.

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