O colunista do UOL José Roberto de Toledo analisou a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno das eleições presidenciais. Ele afirmou que a derrota de Jair Bolsonaro (PL) evitou uma autocracia, regime em que as leis e decisões giram em torno de uma única pessoa.
"A gente passou hoje pela maior prova da democracia brasileira desde o fim da ditadura. Ficamos muito perto, somente 2 milhões de votos, de entrar em uma autocracia. É o destino dos países que reelegeram um populista de extrema-direita, como é o Bolsonaro. Caso ele se reelegesse hoje, estaríamos a caminho de uma fossa. Quando eu falo fossa, é uma latrina mesmo."
Durante o UOL Eleições 2022, Toledo apontou ser um momento histórico para o Brasil por representar um "alívio" diante do cenário político evitado com o fim do governo Bolsonaro.
"É a primeira vez que um presidente, no exercício do mandato, perde ao tentar a reeleição mesmo usando dezenas de milhões de reais, estourando todos os controles de gasto e todas as regras eleitorais. De última hora, ele ainda tentou um golpe usando a PRF (Polícia Rodoviária Federal). É uma vitória da democracia, acima de tudo", completou.
O primeiro discurso de Lula após a vitória também foi analisado por José Roberto de Toledo. Para o colunista, o candidato eleito usa um discurso plural ao exaltar Simone Tebet (MDB), Marina Silva (Sustentabilidade) e Geraldo Alckmin (PSB).
"É uma tentativa de sinalizar que não será um governo petista como os outros. Não será um governo petista, e sim um governo de frente ampla, que, diga-se, é muito mais difícil de administrar. Vai requerer uma dose de habilidade que vai ser posta à prova diariamente".
Toledo lembra que Lula enfrentará dificuldades econômicas e políticas durante o terceiro mandato, principalmente por existir uma oposição consolidada e liderada por Bolsonaro.
"A prioridade será quem o elegeu: quem ganha 2 salários mínimos ou menos. Não foi só o Nordeste que proporcionou a vitória. Em todas as cidades que perdeu, Lula conseguiu uma votação expressiva da população mais pobre. Ele vai dar prioridade para aumentar o salário mínimo, deixar essa base eleitoral feliz e contente", concluiu.
Oyama: PT estima que transição de governo vai exigir judicialização
Apuração da colunista do UOL Thaís Oyama aponta que o PT acredita que precisará entrar na Justiça durante a transição para obter informações do governo liderado por Jair Bolsonaro (PL).
Segundo Oyama, o PT não tem esperança de que a transição seja feita de forma tão civilizada, como foi com a passagem de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) para Lula em 2002, ou de Michel Temer (MDB) para o próprio Bolsonaro em 2018.
"Eles imaginam que terão que judicializar, pois já existe uma lei que determina que o governo que acaba deixe funcionários, informações, aporte e assessores na montagem do novo governo. O PT sabe que conseguirá as informações 'na marra', sem esperar por boa vontade do governo Bolsonaro".
Josias: Para ter êxito, Lula precisa de governo amplo e mais à direita
Durante o programa, Josias de Souza também opinou sobre a vitória de Lula nas urnas. Para ele, o presidente precisará fazer um governo mais amplo e até mais à direita, apesar de o PT ser um partido de esquerda.
"Ele terá que já de saída fazer uma pregação pela pacificação nacional, pela união do país, e ele terá que demonstrar já na composição do seu ministério essa disposição de fazer um governo mais amplo, um governo que faça um movimento rumo ao centro e até à direita, eu diria."
Assista à íntegra do programa especial do UOL nas eleições: