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Quem é Tarcísio de Freitas, novo governador eleito de São Paulo

Tarcísio de Freitas, governador eleito de São Paulo - Márcio Pinheiro/Divulgação
Tarcísio de Freitas, governador eleito de São Paulo Imagem: Márcio Pinheiro/Divulgação

Jonathas Cotrim

Colaboração para o UOL, em São Paulo

30/10/2022 19h39Atualizada em 30/10/2022 19h39

O novo governador de São Paulo será Tarcísio de Freitas (Republicanos), de 47 anos, eleito no segundo turno das eleições, realizado neste domingo (30). O ex-ministro de Infraestrutura derrotou Fernando Haddad (PT), após um segundo turno que refletiu a polarização política da campanha em nível nacional, disputada entre o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A vitória acontece já na sua primeira disputa nas urnas. Em 2019, foi escolhido pelo presidente da República para ocupar o Ministério de Infraestrutura e se tornou uma das referências do atual governo por ser considerado uma escolha "técnica" e, também, por não ter se envolvido em nenhuma polêmica ao longo dos três anos que esteve à frente da pasta. Deixou o Ministério no começo de 2022, após se filiar ao Republicanos para disputar o governo.

No primeiro turno, Tarcísio de Freitas surpreendeu ao contrariar as pesquisas de intenção de voto e vencer com 42,32% dos votos, enquanto o adversário petista recebeu 35,70%. No dia seguinte ao pleito, recebeu apoio do terceiro colocado, o atual governador de São Paulo Rodrigo Garcia (PSDB), que teve 18,40%, fato que gerou uma divisão entre os tucanos. Será a primeira vez em 28 anos que o PSDB não governará São Paulo.

Além do apoio de Garcia e de outros nomes tucanos, como José Serra, a chapa de Tarcísio de Freitas foi formada pelo PL, mesmo partido de Jair Bolsonaro, PTB, PMN, PSC e PSD, partido do seu vice-governador, Felicio Ramuth, ex-prefeito de São José dos Campos. O senador da chapa foi o também ex-ministro Marcos Pontes, que venceu a votação.

Apesar de adotar um "bolsonarismo moderado" ao longo do primeiro turno, sem abordar com profundidade pautas relacionadas à agenda de costumes, Tarcísio de Freitas não escapou de algumas polêmicas. Nascido no Rio de Janeiro, foi bastante criticado após uma entrevista realizada em setembro, por não saber especificar em qual seção eleitoral votava.

"É em um colégio. Me fugiu da cabeça agora", respondeu o então candidato à entrevistadora. O ex-ministro vota em São José dos Campos.

Alinhado com pautas bolsonaristas no campo da segurança pública, o ex-ministro se envolveu em outra polêmica relacionada com o uso de câmera por policiais militares durante ações extensivas. Ele defende que a retirada dos aparelhos de gravação permitiria mais liberdade de ação aos polícias.

A fala foi bastante criticada nas redes sociais e por especialistas, que apontavam o uso de câmera como uma das ações efetivas para redução da violência militar. Após a repercussão negativa, a campanha de Tarcísio recuou e disse que não iria acabar com a medida.

Já na reta final da campanha do segundo turno, Tarcísio de Freitas fazia campanha em Paraisópolis, na capital paulista, quando um tiroteio forçou a interrupção da agenda. Enquanto nas redes sociais, bolsonaristas levantavam a possibilidade de uma tentativa de atentado, o próprio candidato esclarece que não era o alvo da ação. Nenhum integrante da comitiva do ex-ministro ficou ferido.

Carreira militar e ligação com funcionalismo público

Antes de ganhar projeção nacional no Ministério de Infraestrutura, Tarcísio de Freitas fez carreira como militar. Se formou na Academia Militar Agulhas Negras e possui graduação em Engenharia, pelo Instituto Militar de Engenharia (IME).

Entre 2005 e 2006, serviu na Missão das Nações Unidas para Estabilização no Haiti (MINUSTAH) como chefe da seção técnica da Companhia de Engenharia. Permaneceu no exército por 17 e se tornou reservista em 2008, quando iniciou a carreira no funcionalismo público.

No mesmo ano, começou a trabalhar na Controladoria Geral da União (CGU) como analista de finanças e controle. Permaneceu no órgão até 2011, quando foi indicado pela presidente Dilma Rousseff (PT) para ocupar cargo no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT).

Tarcísio de Freitas chegou ao DNIT sob a promessa da presidente petista de promover uma "faxina" após denúncias de corrupção no departamento. Em 2014, assumiu a direção-geral do órgão. Já no governo de Michel Temer (MDB), assumiu o cargo de secretário da Coordenação de Projetos da Secretaria Especial do Programa de Parceria de Investimentos (PPI), setor que comanda o programa de privatizações, concessões e desestatizações.

Tarcísio de Freitas foi anunciado como ministro do governo de Jair Bolsonaro em 2018 e assumiu o Ministério da Infraestrutura. A sua gestão foi marcada pela finalização de obras inacabadas e pela continuidade de projetos de governos anteriores que já estavam em andamento. Os principais projetos eram relacionados à duplicação de rodovias e fomento à ferrovias.

Integrante da ala militar do governo Bolsonaro, o ministro evitou entrar na guerra ideológica e permaneceu bastante discreto em polêmicas relacionadas às pautas de costumes, além de ter passado ileso às denúncias de corrupção em sua pasta. Isso lhe rendeu a credencial de um perfil técnico e o deixou em alta para tentar o governo paulista com o apoio de Bolsonaro.

Promessas de campanha

Durante a campanha, Tarcísio de Freitas fez diversos acenos aos policiais, prometeu melhorar a infraestrutura do estado e declarou que vai estar alinhado com a política econômica do governo federal.

A principal proposta para a economia foi a redução de impostos, como o IPVA e sobre produtos que fazem parte da cesta básica. A máxima da campanha foi de "fazer São Paulo voltar a ser a locomotiva do país", com estímulo ao empreendedorismo e ao ensino profissionalizante.

Para melhorar a infraestrutura de São Paulo, Tarcísio de Freitas afirmou que priorizará obras nas estradas paulistas, a conclusão de obras no metrô da capital e que procurará reduzir o preço dos pedágios nas rodovias.

Na área de segurança pública, além de polêmica em torno das câmeras utilizadas por policiais, Tarcísio de Freitas propôs mexer na estrutura da Secretaria de Segurança Pública, dando mais poder para o chefe da Polícia Civil e ao comandante da Polícia Militar, ao lhes conferir status de secretários. A medida também foi bastante criticada por ser um modelo importado do Rio de Janeiro, estado que enfrenta diversos problemas na área da segurança.

Para o Tribunal Superior Eleitoral, o candidato do Republicanos declarou possuir R$ 1,42 milhão em bens.