Aliado de Bolsonaro, coronel Mello é anunciado vice de Nunes; veja quem é

O ex-comandante da Rota Ricardo Nascimento Mello Araújo foi anunciado como pré-candidato a vice do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), nas eleições de outubro.

Quem é Mello Araújo

Ex-chefe da Rota é coronel da Polícia Militar e também foi presidente da Ceagesp. Seu nome foi indicado a Nunes pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e defendido pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), na última semana.

Mello Araújo ficou à frente do comando da Rota entre 2017 e 2019. Quando assumiu o cargo, ele defendeu, em entrevista ao UOL, abordagens diferentes para pessoas na periferia e em regiões nobres.

Ele representa a terceira geração de sua família na Polícia Militar de São Paulo. "Meu pai aposentou como coronel da Polícia Militar — inclusive, comandou o Choque aqui em São Paulo. O meu avô entrou como soldado e saiu como coronel, na época da Força Pública - lutou na Revolução de 1932. Então, eu sou a terceira geração. O ser policial militar é sonho de criança", disse em 2017, ao UOL.

Seu entorno defende sua gestão à frente da Ceagesp, mas há sindicalistas que o criticam. Segundo reportagem da Folha de S.Paulo, o Ministério Público do Trabalho ajuizou uma ação contra a companhia com base nos relatos dos funcionários de militarização dos espaços e abusos.

Em suas redes sociais, Mello Araújo afirma que é bacharel em direito e em educação física. Ele também cita um mestrado em fisiologia do exercício pela USP (Universidade de São Paulo).

Nome sofreu resistências

Entorno do prefeito e dos partidos aliados classificou Mello Araújo como "bolsonarista demais". A visão deles era de que o coronel não traria votos a Nunes e poderia afastar o eleitor de centro.

As declarações dele como a atuação da polícia, por exemplo, são vidraças e podem ser usadas por seus adversários. Sua gestão no Ceagesp também pode ser incluída nas críticas — a pré-campanha de Nunes, entretanto, vai preferir utilizar o combate a corrupção na companhia no período em que ele comandou o órgão.

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Na semana passada, uma ala do PP chegou a criticar a indicação do ex-Rota. "Não subo em palanque se ele escolher esse cara aí. Esse cara foi péssimo administrador no Ceagesp, foi uma merda como PM e agora vai colocar ele de vice-prefeito? Manda o Bolsonaro acordar", disse o deputado Delegado Olim (PP) ao Estadão.

Tarcísio, Bolsonaro, Nunes e Mello Araújo após almoço no dia 14
Tarcísio, Bolsonaro, Nunes e Mello Araújo após almoço no dia 14 Imagem: Saulo Pereira Guimarães/UOL

Tarcísio e Bolsonaro marcaram um almoço com Nunes e o coronel para discutir a indicação na sexta-feira (14). O prefeito elogiou Mello Araújo, mas adiou sua escolha justificando que precisava conversar com todos os partidos da base de apoio — são 11, ao todo.

Na quarta-feira (19), Nunes elogiou Mello. "Eu mesmo fiquei encantado [com o trabalho de Mello Araújo na Ceagesp]. Não dá para negar que merece, no mínimo, o nosso respeito", disse, em agenda pública.

Nunes afirmou que o coronel combateu a corrupção e a exploração sexual na companhia. "Tira aquela imagem só do comandante da Rota", disse.

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Prefeito usou demora para escolha de vice para alfinetar Boulos. "Não vamos fazer nenhuma imposição para nenhum", disse ele, sempre quando era questionado sobre seu companheiro de chapa. A escolha de vice do seu adversário Guilherme Boulos (PSOL) foi fruto direto de uma articulação do presidente Lula (PT) nos bastidores — a vaga já seria do PT também devido a um acordo do psolista com o partido.

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