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Josias: Nunes mostra estar preso a sentimento democrático por um barbante

Ao querer igualar os atos golpistas de 8/1 à invasão realizada por Guilherme Boulos e o MTST (Movimento dos Trabalhadores sem Teto) a prédios do Ministério da Fazenda em 2015, o prefeito de São Paulo Ricardo Nunes (MDB) demonstra a fragilidade de sua defesa à democracia, afirmou o colunista Josias de Souza no UOL News desta segunda (15).

Nunes foi o terceiro entrevistado da série de sabatinas realizadas pelo UOL e pelo jornal Folha de S.Paulo com os pré-candidatos à prefeitura de São Paulo. Ele negou o caráter golpista da invasão das sedes dos Três Poderes em 2023.

Boulos liderou uma marcha e houve invasões do MTST em São Paulo e em Brasília. Há até uma foto do Boulos em cima de uma bancada. Nunes quer grudar nele essa pecha de 'invasor de propriedades privadas' e utiliza esta imagem para contrapor um movimento social, restrito ao Ministério da Fazenda, àquele quebra-quebra do 8/1.

Com essa comparação, o prefeito de São Paulo mostra que está preso aos valores e ao sentimento democrático por grilhões de barbante. Ele tenta fazer crer que professa os mesmos valores do velho MDB. Após ser completamente avacalhado depois da redemocratização como um partido fisiológico, nem de longe lembra aquela sigla com importância relevantíssima na ditadura.

Nunes, que é um ilustre desconhecido nesse enredo que credencia o MDB como uma resistência à ditadura, tenta fazer crer que valoriza a democracia, mas se desdiz quando trata o 8/1, segundo a expressão dele, como um 'atentado ao patrimônio público'. Então as pessoas invadiram os prédios do Congresso, do Supremo e do Palácio do Planalto para protestar contra as cadeiras, os móveis, o carpete? Não. Foram para atentar contra a democracia. Josias de Souza, colunista do UOL

Para Josias, era esperada esta visão de Nunes sobre o que é democracia, já que o atual prefeito de São Paulo conta com o apoio de Jair Bolsonaro —o ex-presidente indicou o ex-coronel da Rota Ricardo Mello Araújo como vice na chapa.

O prefeito, quando diminui este movimento e diz que 'foi coisa de aposentados e de pessoas humildes', desconsidera todo o contexto e compara este ambiente golpista com a invasão de um movimento social a um prédio do Ministério da Fazenda.

Ele tem todo o direito de condenar a invasão do MTST, sob liderança de Boulos. Quando faz a comparação entre um episódio e outro, ele mostra que o compromisso dele com a democracia é de fancaria [de qualidade inferior]. O que não é de estranhar para um personagem que não só quis, como lutou pelo apoio do Bolsonaro nessa campanha dele à reeleição. Josias de Souza, colunista do UOL

O UOL News vai ao ar de segunda a sexta-feira em duas edições: às 10h com apresentação de Fabíola Cidral e às 17h com Diego Sarza. O programa é sempre ao vivo.

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Opinião

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