Deputados bolsonaristas são cobrados a apoiar Marçal em campanhas pelo país

Deputados bolsonaristas em disputa nas eleições pelo Brasil têm sido cobrados por aliados e eleitores a apoiar Pablo Marçal (PRTB) em São Paulo.

O que aconteceu

Líder nas pesquisas para a Prefeitura de Belém, o deputado federal Éder Mauro (PL-PA) foi um deles. Os pedidos acontecem em eventos corpo a corpo, como caminhadas, e nos atos em locais fechados, como igrejas. A reivindicação também aparece nas redes sociais.

A situação coloca os deputados numa saia justa. Oficialmente, Jair Bolsonaro (PL) trabalha pela reeleição do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), seguindo acordo firmado por Valdemar Costa Neto, presidente do PL. Eles se equilibram entre ir contra uma orientação do líder da direita conservadora e negar um pedido do eleitor enquanto luta pelo voto dele.

Um parlamentar gaúcho declarou que fica em cima do muro e usa frases evasivas. O desconforto com a bola dividida fica mais explícito com os deputados pedindo à reportagem para não serem identificados ao falar sobre Marçal.

Um deputado do Paraná disse que as cobranças aparecem nos comentários a cada post nas redes sociais. Ele ressalta que os pedidos de apoio a Marçal surgem em vídeos e fotos que nada têm a ver com a eleição de São Paulo.

Meio termo

O bloqueio às redes sociais de Marçal virou a tábua de salvação dos deputados. Eles criticam o que chamam de censura promovida pela Justiça Eleitoral.

Essa solidariedade a Marçal aproxima os deputados de um anseio do eleitor. Ao mesmo tempo, não há qualquer afronta a Bolsonaro porque o próprio ex-presidente se declarou contra a suposta censura.

Além disso, apoiar o que classificam de "liberdade de expressão" é uma pauta antiga do bolsonarismo. A Justiça Eleitoral suspendeu os perfis de Marçal por gastos que não entravam na contabilidade da campanha.

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Marçal criava concursos prometendo prêmios em dinheiro a quem fizesse cortes de suas entrevistas que viralizassem. O usuário que atingisse o objetivo era remunerado, mas este gasto não entrava no balanço de despesas informadas ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Carlos Bolsonaro abandonou as críticas a Marçal e prometeu união contra a esquerda
Carlos Bolsonaro abandonou as críticas a Marçal e prometeu união contra a esquerda Imagem: Divulgação/CMRJ

Armistício com Carlos Bolsonaro

A expectativa dos parlamentares é pisar num terreno menos pantanoso agora que Carlos Bolsonaro (PL) e Marçal fizeram as pazes. Depois de trocarem ofensas nas redes, ambos divulgaram que houve uma conversa em que concordaram priorizar o embate com a esquerda.

O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) entrou em cena para Marçal e o filho do ex-presidente baixarem as armas. Carlos é responsável pelo conteúdo das redes sociais de Bolsonaro e de considerável parte da estratégia de comunicação dele.

O cessar-fogo foi costurado elegendo um inimigo comum. Os expoentes da direita alegaram que se uniram contra a esquerda. De agora em diante, o discurso é de união faz a força para eleger conservadores.

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Apoio a Marçal nunca foi velado

Os parlamentares que defendem Marçal desde o primeiro momento nunca se esconderam. Amigo de Bolsonaro há 40 anos, o deputado federal Alberto Fraga (PL-DF) jamais fez segredo da simpatia por Marçal.

Ele conta que pediu para Eduardo Bolsonaro (PL-SP) não brigar com o candidato do PRTB. Acrescentou que é elogiado pelos eleitores por estar ao lado de Marçal. Fraga disse que sua posição e de seus eleitores é consequência da falta de confiança que Nunes transmite aos bolsonaristas.

O deputado Gilson Marques (Novo-SC) vê com bons olhos a chegada de outro expoente da direita. Ele ressalta que não concorda com todas as bandeiras de Marçal, mas considera positivo ampliar a discussão e ter mais um nome de peso.

Amigo de Bolsonaro há 40 anos, o deputado Alberto Fraga é apoiador de primeira hora de Marçal
Amigo de Bolsonaro há 40 anos, o deputado Alberto Fraga é apoiador de primeira hora de Marçal Imagem: LUIS MACEDO/CÂMARA DOS DEPUTADOS
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Apoio a Nunes foi erro

Os deputados que pedem para não se identificar também relacionam a força de Marçal à fraqueza de Nunes. Eles dizem que o atual prefeito não partilha dos ideais bolsonaristas e não merece aglutinar os votos dos conservadores.

Também reclamam que Nunes escondeu Bolsonaro no início da corrida eleitoral e agora quer aparecer junto para estancar a sangria evidenciada nas pesquisas. Eles interpretam essa decisão de não dar espaço ao ex-presidente como uma uma tentativa de conquistar o voto dos eleitores da direita sem se comprometer com os ideais da direita.

Outro que sai enfraquecido nessa história é o Tarcísio de Freitas (Republicanos). Os parlamentares lembraram que o apoio do PL é consequência do esforço do governador de São Paulo em escolher um nome que não fosse considerado radical.

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