Apenas 2 candidatos de Lula são eleitos no 1º turno, contra 5 de Bolsonaro

Candidatos apoiados pelo presidente Lula (PT) foram eleitos para a prefeitura de duas capitais já no primeiro turno, enquanto os ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ganharam em cinco.

O que aconteceu

Outros cinco candidatos de Lula e 14 de Bolsonaro foram para o segundo turno em capitais. Em algumas delas, como Fortaleza e São Paulo, os nomes de cada um irão se enfrentar.

Outras cinco não passou nenhum dos dois. Em quatro, já houve definição no primeiro turno ao passo que em Campo Grande ficaram para trás o nome do PT e o apoiado por Bolsonaro.

Houve algumas surpresas. Em Teresina, reduto petista, o deputado estadual Fábio Novo (PT) acabou sendo derrotado em primeiro turno, enquanto em Cuiabá, reduto bolsonarista, o deputado estadual Lúdio Cabral (PT) foi para o segundo turno.

Bolsonaro se saiu melhor

Além dos números, a eleição traz notícias melhores para Bolsonaro. Em pelo menos três cidades sua participação foi decisiva e mudou o curso das pesquisas: Curitiba, Goiânia e João Pessoa.

Nas três, seus candidatos foram ao segundo turno após intervenção direta do ex-presidente. Em Curitiba e em Goiânia, isso fez com que os candidatos lulistas ficassem de fora do pleito, enquanto em João Pessoa o crescimento do ex-ministro Marcelo Queiroga (PL) impediu a reeleição de Cícero Lucena (PP) em primeiro turno.

O ex-presidente se dedicou mais à campanha nesta reta final. Diferentemente da esquerda, que só tem Lula como cabo eleitoral nacional, os bolsonaristas também se valeram de nomes como a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), que participou da campanha de Queiroga, e dos deputados Nikolas Ferreira (PL-MG) e Eduardo Bolsonaro (PL-SP).

Lula participou pouco. Em toda a campanha, ele foi a apenas três cidades —São Paulo, Fortaleza e São Bernardo do Campo —, onde conseguiu resultado em duas delas. No resto do país, no entanto, seu apoio se resumiu a fotos ou vídeos gravados em Brasília.

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Vitórias lulistas

Recife reelegeu João Campos (PSB), como esperado, com quase 80%. O prefeito se aproximou de Lula nos últimos anos e ganhou apoio nesta eleição — em 2020, o presidente estava com a prima Marília Arraes (então PT, hoje Solidariedade). O ex-ministro bolsonarista Gilson Machado (PL) ficou em segundo.

No Rio, Paes também derrotou um membro do alto escalão do governo Bolsonaro. Também ao lado de Lula, o peessedista teve 60% dos votos, contra 30% do ex-diretor-geral da PF Alexandre Ramagem (PL), nome do governador Cláudio Castro (PL).

Vitórias bolsonaristas

JHC (PL) foi reeleito em Maceió. Eleito em 2020 pelo PSB, o prefeito migrou para o PL em 2022, depois que o partido se associou a Lula, e se aproximou cada vez mais do bolsonarismo. Ele derrotou o deputado Rafael Brito (MDB), nome da família Calheiros, do presidente e do governador Paulo Dantas (MDB).

Tião Bocalom (PL) passou raspando em Rio Branco. Apoiado pelo governador Gladson Cameli (PP), ele deixou para trás o ex-prefeito Marcus Alexandre (MDB), antigo petista e apoiado pelo PT, com 54% dos votos.

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O prefeito Arthur Henrique (MDB) venceu com folga em Boa Vista. Apoiado pelo PL, teve 75% do votos. O arquiteto Mauro Nakashima (PV), nome da federação do PT, acabou em terceiro, com 1%.

Topazio Neto (PSD) foi reeleito em Florianópolis. Apoiado pelo governador Jorginho Mello (PL) e por Bolsonaro, ele teve 58% dos votos. Nome de Lula, o ex-vereador Lela (PT) acabou em quinto.

Bruno Reis (União) não teve problemas em Salvador. Embora rejeite a pecha de bolsonarista, era o nome do PL na capital baiana. O PT estava com o vice-governador Geraldo Júnior (MDB), que ficou em terceiro.

Goiânia, reduto conservador, pode ter sido o maior dos trunfos, mesmo sem uma vitória por ora. O ex-deputado estadual Fred Rodrigues (PL), que substituiu o deputado Gustavo Gayer (PL), foi catapultado do quarto lugar das pesquisas para o primeiro lugar na urna após intervenções de Bolsonaro. Ele enfrenta o ex-deputado Sandro Mabel (União), bancado pelo governador Ronaldo Caiado (União). A deputada Adriana Accorsi (PT), cotada para o segundo turno, ficou em terceiro.

Em Curitiba, não foi só um como dois bolsonaristas. O vice-prefeito Eduardo Pimentel (PSD), apoiado pelo prefeito Rafael Greca (PSD) e pelo governador Ratinho Júnior (PSD), enfrentará a jornalista Cristina Graeml (PMB). Nesta reta final, ela recebeu apoio informal de Bolsonaro, que oficialmente compõe a chapa de Pimentel, o que ajuda a explicar sua alta repentina.

Em João Pessoa, o ex-ministro bolsonarista Marcelo Queiroga (PL) conseguiu abocanhar o segundo turno. Com presença da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), ele passou em segundo, atrás do prefeito Cícero Lucena (PP). O ex-prefeito Luciano Cartaxo (PT) acabou em quarto, com 11%.

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Em Aracaju, a vereadora Emília Corrêa (PL) passou em primeiro lugar para o segundo turno. Ele enfrentará o ex-secretário municipal Luiz Roberto (PDT), apoiado pelo prefeito Edvaldo Nogueira (PDT). Candisse Carvalho (PT), mulher do senador Rogério Carvalho (PT-SE), ficou em quarto.

Em Belo Horizonte, o deputado estadual bolsonarista Bruno Engler (PL) enfrenta o prefeito Fuad Noman (PSD). O apresentador Mauro Tramonte (Republicanos), que liderou durante toda a disputa, acabou em terceiro. O deputado Rogério Correia (PT), nome de Lula, amargou a quinta colocação.

Outro bolsonarista também foi ao segundo turno em Belém. O deputado Éder Mauro (PL) vai enfrentar o deputado estadual Igor Normando (MDB), nome do governador Helder Barbalho (MDB). O prefeito Edmilson Rodrigues (PSOL), apoiado por Lula, ficou de fora.

Em Palmas, também a deputada estadual Janad Valcari (PL) vai ao segundo turno. Na capital tocantinense, o PT ficou com o deputado estadual Júnior Geo (PSDB), nome da prefeita Cínthia Ribeiro (PSDB), que acabou em terceiro.

O deputado bolsonarista Capitão Alberto Neto (PL) também passou em Manaus. Ele enfrenta o prefeito David Almeida (Avante), que tenta a reeleição. O ex-deputado Marcelo Ramos (PT) acabou em quinto.

A ex-deputada Mariana Carvalho (União), nome de Bolsonaro, também foi para o segundo turno em Porto Velho. Ela teve fotos de Bolsonaro nas redes sociais e apoio do atual prefeito, Hildon Chaves (União), em uma aliança com o governador Marcos Rocha (União). O advogado Célio Lopes (PDT), apoiado pelo PT, ficou em terceiro, com 11%.

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Segundos turnos entre os dois

Cuiabá, reduto bolsonarista, terá um embate entre os dois. O deputado estadual Lúdio Cabral (PT) cresceu na reta final e passou em segundo para enfrentar o deputado bolsonarista Abílio Brunini (PL), líder neste domingo.

Fortaleza viveu uma situação peculiar. Com pesquisas chegando a indicar empate quádruplo, acabaram passando o deputado estadual Evandro Leitão (PT), candidato lulista e do governador Elmano de Freitas (PT), e o deputado André Fernandes (PL), bolsonarista. Eles deixaram para trás o prefeito José Sarto (PDT) e o também bolsonarista —mas sem apoio oficial— Capitão Wagner (União).

São Paulo também vivia indefinição, mas acabou com um candidato de cada. Entre brigas por voto útil, acabaram passando o prefeito Ricardo Nunes (MDB), nome oficial de Bolsonaro, embora o ex-presidente não tenha sido tão atuante, e o deputado Guilherme Boulos (PSOL), que recebeu o principal apoio de Lula nesta eleição. O ex-coach Pablo Marçal (PRTB), também apoiador do ex-presidente, ficou em terceiro.

Natal também terá uma disputa entre os dois. Após um período eleitoral acirrado, vão para o segundo turno o deputado Paulinho Freire (União), nome do prefeito Álvaro Dias (Republicanos) e do PL, contra a deputada Natália Bonavides (PT).

Em Porto Alegre, a disputa foi pelo segundo lugar. O prefeito Sebastião Melo (MDB), endossado pelo PL, passou em primeiro, seguido pela deputada Maria do Rosário (PT), que por pouco não perdeu a vaga para a deputada Juliana Brizola (PDT), apoiada pelo governador Eduardo Leite (PSDB).

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Não deu para ninguém

Em cinco capitais, ficaram candidatos "neutros". Quatro delas já venceram candidatos que não foram apoiados oficialmente nem pelo PT nem pelo PL, embora a maioria esteja mais situada no campo de centro-direita.

Em Teresina, o maior revés para o PT. A capital piauiense já elegeu o ex-prefeito Silvio Mendes (União) com 52% dos votos. A aliança do governador Rafael Fonteles (PT) e do ministro Wellington Dias (PT) tinha certeza que emplacaria o deputado estadual Fábio Novo (PT), com apoio de Lula, no segundo turno, mas acabou com 43%. Com a rejeição mais alta entre os candidatos, o prefeito Dr. Pessoa (PRD) não conseguiu emplacar a reeleição nem com o apoio de Bolsonaro e acabou com só 2%.

Em Campo Grande, a prefeita Adriane Lopes (PP) enfrentará a ex-vice-governadora Rose Modesto (União). Beto Pereira (PSDB), nome do governador Eduardo Riedel (PSDB) e de Bolsonaro, chegou a flertar com o segundo turno, mas acabou em terceiro. A deputada Camila Jara (PT) ficou em quarto.

Em Macapá, Dr. Furlan (MDB) passou com folga de 85%. Ele deixou para trás ainda a candidata do PL, Aline Gurgel, e Paulo Lemos (PSOL), ex-secretário do governador Clécio Luís (Solidariedade) e nome de Lula na cidade.

Em São Luís, Eduardo Braide (PSD) também foi reeleito. A capital maranhense é a única em que PT e PL se coligaram, em torno do deputado Duarte Júnior (PSB), correligionário do governador Carlos Brandão (PSB), que acabou em segundo, com 22%, e Bolsonaro partiu para o apoio ao Dr. Yglésio (PRTB), que ficou em terceiro, com 3%.

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Lorenzo Pazolini (Republicanos) se reelegeu em Vitória sem nenhum grande padrinho político. Ele deixou para trás o ex-prefeito João Coser (PT), em segundo, e o deputado estadual Capitão Assumção (PL), em quarto.

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