PSD de Kassab triplica prefeitos, destrona PSDB e vira maior partido de SP
Antigo aliado do PSDB, Gilberto Kassab e seu PSD triplicaram o número de prefeitos no estado de São Paulo e destronaram os tucanos, elegendo quase o dobro de prefeituras que o segundo colocado nesta eleição, o PL de Jair Bolsonaro.
O que aconteceu
Depois de eleger 202 prefeitos no primeiro turno, o PSD venceu outras três prefeituras no estado neste domingo (27). Ricardo Silva venceu Marco Aurélio (Novo) em Ribeirão Preto por 50,13% a 49,87%; Helinho Zanatta ganhou por 53,61% a 46,39% em Piracicaba, enquanto Anderson Farias bateu Eduardo Cury (PL) por 58,26% a 41,74% em São José dos Campos.
Agora com 205 prefeitos, o PSD tem quase o dobro de eleitos do PL, que emplacou 104 candidatos nos dois turnos. No segundo, o PL venceu em Guarulhos, onde Lucas Sanches ganhou de Elói Pietá (Solidariedade) por 58,58% a 41,42%, e em São José do Rio Preto. Por lá, Coronel Fabio Candido recebeu 59,97% dos votos contra Itamar (MDB), que marcou 40,03%.
Com o resultado, o partido de Kassab triplicou sua presença no estado, uma vez que detinha 68 prefeituras em 2020. O PL e Republicanos foram os outros partidos que mais cresceram em relação à eleição passada: em 2020, o PL tinha 42 prefeitos, enquanto o Republicanos tinha 23 — agora tem 80.
O grande perdedor no estado foi o PSDB, que desde a década de 1990 reinava absoluto em SP. O partido mingou 88% em relação à eleição passada, quando elegeu 177 prefeitos. Neste ano, só venceu em 21 cidades.
PSDB: maior vítima de Kassab
A maior vítima do PSD foi justamente o PSDB. No primeiro turno, o cacique político se dedicou pessoalmente a convencer lideranças tucanas que permanecer no PSDB era mau negócio com a chegada de Tarcísio de Freitas (Republicanos) ao Palácio dos Bandeirantes. Assim, Kassab filiou 113 prefeitos eleitos pelo PSDB nas eleições de 2020.
A jogada de Kassab vitimou o partido que o ajudou a se projetar politicamente. Ainda filiado ao PFL, ele se elegeu vice-prefeito de São Paulo em 2006 em chapa encabeçada por José Serra (PSDB). Quando o tucano decidiu se lançar ao governo estadual, Kassab assumiu a prefeitura em 2006 e se elegeu prefeito em 2008, já pelo DEM.
Enquanto o PSDB se aprofundava em crises na década passada, Kassab montava sua própria legenda em 2012. Partido "nem de centro nem de direita", segundo o próprio Kassab, o PSD passou a compor governos de ambos os espectros políticos ao longo dos anos. Atualmente, tem ministério no governo Lula (PT) e cargo no governo Tarcísio, onde o próprio Kassab é secretário.
O cargo de Kassab no governo estadual ajudou muito. Como secretário de Governo e Relações Institucionais, ele recebe prefeitos no palácio — ou em sua casa— e libera verbas. Ele atua com frequência na negociação de projetos de lei com representantes da Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo) e ainda negocia a aplicação de emendas de deputados federais.
A função administrativa também lhe abre portas. Ao representar Tarcísio em agendas no interior, por exemplo, faz contato direto com políticos e identifica potenciais novos quadros para o partido. "Kassab é um dos principais articuladores políticos em São Paulo, conhecido por sua atuação intensa nos bastidores e por pensar no partido o tempo todo", diz o cientista político Elias Tavares. "Como um aliado histórico do PSDB, ele utilizou esse conhecimento para construir sua trajetória política. Ele aproveitou o vácuo deixado pelo PSDB e enfraqueceu a estrutura tucana, fortalecendo seu partido."
Sua influência em São Paulo o colocou no palanque de Ricardo Nunes (MDB), reeleito na capital paulista. Durante o discurso de vitória do prefeito, Kassab teve lugar de destaque no palco, ao lado de Nunes e do governador Tarcísio.
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