Reinaldo: Tarcísio tem de convencer o paranoico Bolsonaro de que segue fiel
Com o sucesso da reeleição do prefeito Ricardo Nunes (MDB) em São Paulo atribuído grandemente ao apoio de Tarcísio de Freitas (Republicanos), o governador do estado terá que "tirar o pé do acelerador" se não quiser entrar em confronto direto com Jair Bolsonaro (PL), afirmou o colunista Reinaldo Azevedo no Olha Aqui! desta segunda-feira 28.
Tarcísio é visto como presidenciável para 2026, mas Bolsonaro e o PL ainda acreditam em projetos de anistia que possam derrubar a inelegibilidade do ex-presidente. Caso se comprometa com essa pauta, analisa Reinaldo, o governador causará danos a uma possível imagem de "centrista" que o governador de São Paulo quer construir.
No momento, ela é inexistente, diz Reinaldo: as ações de Tarcísio mostram que ele é do extremo ideológico, mesmo que um de seus aliados mais próximos, Gilberto Kassab (PSD), pense o contrário.
O que o Tarcísio vai fazer agora é tirar o pé do acelerador um pouco. Se ele quiser alguma paz, vai ter que convencer Bolsonaro de que não está tramando contra ele, paranoico como Bolsonaro é. A menos que Bolsonaro tente comprometer Tarcísio com a anistia. Se Tarcísio se comprometer com a anistia, cria dificuldades para construir sua candidatura, pois essa candidatura precisa avançar para o centro também.
Tarcísio não finge ser um cara de direita ou eventualmente de extrema direita: ele é. Suas ações evidenciam isso. No sonho do Kassab, ele seria centro-direita, quase um centrista. Mas Tarcísio precisa ir muito para a esquerda, relativamente ao ponto em que está —meu raciocínio aqui é físico— para que ele consiga chegar perto do centro.
É o governador que, quando confrontado com o massacre na Baixada Santista sob o pretexto de combate ao PCC, diz: 'Eu não tô nem aí'. Do ponto de vista administrativo, com escolhas que deixaram muita gente encantada (a mim, não), resolveu vender o controle da Sabesp da forma como fez. Considero essa privatização a mais esquisita da história do Brasil, foi só para dizer 'eu sou privatista'.
E ontem cometeu um crime eleitoral muito grave, demonstrando que também não tem receio de, se preciso, criar uma crise institucional. Essa é a parte mais séria do que ele fez ontem. O que ele fez ontem dá cassação de mandato.
Reinaldo Azevedo
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