Jornalista brasileiro e beduínos são raros críticos de rainha pop da Jordânia
A declaração do jornalista brasileiro Caio Blinder, que durante o programa “Manhattan Connection”, da Globo News, chamou a rainha da Jordânia, Rania Al Abdullah, 40, de “piranha”, foi uma das raras menções críticas à monarca. Com a frase, o jornalista une-se a um grupo de beduínos que criticou Rania por esbanjar dinheiro em um país pobre.
"Politicamente, ela [Rania] e as outras piranhas são intragáveis. Todas elas têm uma fachada de modernização desses regimes - ou seja, não querem parecer que são realeza parasita e nem mulher muçulmana submissa. Isso é para vender para o Ocidente, enquanto os maridos estão lá, batendo e roubando", disse Blinder.
O embaixador da Jordânia no Brasil, Ramez Goussous, não gostou do que ouviu e exigiu uma retratação do jornalista. Já a rainha, não comentou o episódio em seus perfis nas redes sociais e fez qualquer declaração oficial sobre o assunto, apesar de ter tomado conhecimento da declaração, segundo informou a embaixada da Jordânia no Brasil.
O comentário, um dos poucos em tom de crítica feitos à rainha, serviu apenas para causar um pequeno constrangimento diplomático entre Brasil e Jordânia. Em seu reino e em grande parte do Oriente Médio, Rania é considerada uma rainha pop.
De modo geral, poucas críticas e protestos são feitos contra a rainha, apesar do governo de seu marido enfrentar alguns protestos de uma minoria jordaniana desde o início do ano, embalados pela onda de manifestações no mundo árabe. As principais reivindicações são mais empregos e educação.
Entre as poucas críticas feitas à rainha, está uma recente carta assinada pelas tribos beduínas que vivem no país, que acusaram Rania de corrupção e de esbanjar sua riqueza em um país que tem 25% da população pobre. A carta, assinada por 36 representantes dos beduínos, foi divulgada em 5 de fevereiro deste ano e acusa a rainha de ter criado lideranças apenas para servir aos seus interesses, segundo informações do “The Guardian”.
Outra crítica desses líderes diz que a rainha esbanja riqueza, como na festa de seus 40 anos, em 31 de março, cita a carta, “enquanto alguns bairros do país não têm luz”. Em um comunicado publicado na agência de notícias da Jordânia, o governo negou todas as acusações contra a majestade.
Rainha pop
Raina que se define como “uma mãe e uma mulher com um trabalho muito legal” em seu perfil no Twitter, é símbolo da mulher moderna no oriente.
As primeiras-damas do mundo árabe
Leila Trabelsi (Tunísia) | Após a queda do marido, Ben Ali, que ficou 23 anos no poder, ela foi acusada de deixar o país com quilos de ouro, e era criticada por um velho hábito: gastar muito |
Suzanne Mubarak (Egito) | Menos extravagante que as demais, a ex-primeira dama realizou diversos trabalhos sociais com crianças e mulheres egípcias, e divide com o marido, Hosni Mubarak, uma fortuna de US$ 70 bilhões |
Sheikha Moza (Qatar) | A mulher do xeque Hamad bin Khalifa Al Thani deu o que falar ao usar um salto alto brilhante da Channel, em visita ao Reino Unido, em 2010. Foi criticada pela oposição por esbanjar sua riqueza |
Amira (Arábia Saudita) | É mulher do bilionário príncipe da Arábia Saudita, Alwaleed, conhecida pelo gosto extravagante e interesse no mundo da moda |
Asma (Síria) | Segundo a revista "Vogue", a mulher de Bashir Al-Assad é descrita como "interessada nos negócois a na imagem de seu país no exterior" |
- Fonte: The Guardian e Slate Magazine
Nascida no Kuait, filha de palestinos, ela recebeu uma educação ocidental e se formou em administração de empresas pela American University, do Cairo, em 1991. Veste-se com elegantes estilistas e figura carimbada nas páginas de revistas de celebridades do país e do exterior.
Casou-se em 1993 com o rei Abdullah 2º [que só assumiu o trono em 1999, após a morte do pai] com quem tem quatro filhos.
Rania já foi eleita pela revista “Vanity Fair” uma das mulheres mais bem vestidas e uma das mulheres mais poderosas do mundo, pela “Forbes”.
A popularidade da rainha dentro e fora da Jordânia está relacionada ao seu envolvimento em ações humanitárias, o que lhe rende comparações à britânica princesa Diana. Ela é embaixadora do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) e envolvida em campanhas em defesa das mulheres e sua inserção na sociedade por meio da educação.
Em 2008, Rania lançou seu canal no YouTube em um movimento contra estereótipos e preconceitos nos mundos islâmico e árabe e, em 2009, ao receber a visita do Papa Bento 16 na Jordânia, criou um perfil no Twitter, para divulgar o encontro.
Desde então posta vários comentários – a maioria positiva sobre o país e o governo, funcionando como uma garota propaganda da administração do marido – no microblog, com a liberdade que é negada há muitos em alguns países do mundo árabe quando se trata de expressar a opinião em redes sociais e outros sites da internet.
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