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Jornalista brasileiro e beduínos são raros críticos de rainha pop da Jordânia

Do UOL Notícias

Em São Paulo

15/04/2011 17h26

A declaração do jornalista brasileiro Caio Blinder, que durante o programa “Manhattan Connection”, da Globo News, chamou a rainha da Jordânia, Rania Al Abdullah, 40, de “piranha”, foi uma das raras menções críticas à monarca. Com a frase, o jornalista une-se a um grupo de beduínos que criticou Rania por esbanjar dinheiro em um país pobre.

"Politicamente, ela [Rania] e as outras piranhas são intragáveis. Todas elas têm uma fachada de modernização desses regimes - ou seja, não querem parecer que são realeza parasita e nem mulher muçulmana submissa. Isso é para vender para o Ocidente, enquanto os maridos estão lá, batendo e roubando", disse Blinder.

O embaixador da Jordânia no Brasil, Ramez Goussous, não gostou do que ouviu e exigiu uma retratação do jornalista. Já a rainha, não comentou o episódio em seus perfis nas redes sociais e fez qualquer declaração oficial sobre o assunto, apesar de ter tomado conhecimento da declaração, segundo informou a embaixada da Jordânia no Brasil.

O comentário, um dos poucos em tom de crítica feitos à rainha, serviu apenas para causar um pequeno constrangimento diplomático entre Brasil e Jordânia. Em seu reino e em grande parte do Oriente Médio, Rania é considerada uma rainha pop.

De modo geral, poucas críticas e protestos são feitos contra a rainha, apesar do governo de seu marido enfrentar alguns protestos de uma minoria jordaniana desde o início do ano, embalados pela onda de manifestações no mundo árabe. As principais reivindicações são mais empregos e educação.

Entre as poucas críticas feitas à rainha, está uma recente carta assinada pelas tribos beduínas que vivem no país, que acusaram Rania de corrupção e de esbanjar sua riqueza em um país que tem 25% da população pobre. A carta, assinada por 36 representantes dos beduínos, foi divulgada em 5 de fevereiro deste ano e acusa a rainha de ter criado lideranças apenas para servir aos seus interesses, segundo informações do “The Guardian”.

Outra crítica desses líderes diz que a rainha esbanja riqueza, como na festa de seus 40 anos, em 31 de março, cita a carta, “enquanto alguns bairros do país não têm luz”. Em um comunicado publicado na agência de notícias da Jordânia, o governo negou todas as acusações contra a majestade.

Rainha pop

Raina que se define como “uma mãe e uma mulher com um trabalho muito legal” em seu perfil no Twitter, é símbolo da mulher moderna no oriente.

As primeiras-damas do mundo árabe

Leila Trabelsi (Tunísia)Após a queda do marido, Ben Ali, que ficou 23 anos no poder, ela foi acusada de deixar o país com quilos de ouro, e era criticada por um velho hábito: gastar muito
Suzanne Mubarak (Egito)Menos extravagante que as demais, a ex-primeira dama realizou diversos trabalhos sociais com crianças e mulheres egípcias, e divide com o marido, Hosni Mubarak, uma fortuna de US$ 70 bilhões
Sheikha Moza (Qatar)A mulher do xeque Hamad bin Khalifa Al Thani deu o que falar ao usar um salto alto brilhante da Channel, em visita ao Reino Unido, em 2010. Foi criticada pela oposição por esbanjar sua riqueza
Amira (Arábia Saudita)É mulher do bilionário príncipe da Arábia Saudita, Alwaleed, conhecida pelo gosto extravagante e interesse no mundo da moda
Asma (Síria)Segundo a revista "Vogue", a mulher de Bashir Al-Assad é descrita como "interessada nos negócois a na imagem de seu país no exterior"
  • Fonte: The Guardian e Slate Magazine

Nascida no Kuait, filha de palestinos, ela recebeu uma educação ocidental e se formou em administração de empresas pela American University, do Cairo, em 1991. Veste-se com elegantes estilistas e figura carimbada nas páginas de revistas de celebridades do país e do exterior.

Casou-se em 1993 com o rei Abdullah 2º [que só assumiu o trono em 1999, após a morte do pai] com quem tem quatro filhos.

Rania já foi eleita pela revista “Vanity Fair” uma das mulheres mais bem vestidas e uma das mulheres mais poderosas do mundo, pela “Forbes”.

A popularidade da rainha dentro e fora da Jordânia está relacionada ao seu envolvimento em ações humanitárias, o que lhe rende comparações à britânica princesa Diana. Ela é embaixadora do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) e envolvida em campanhas em defesa das mulheres e sua inserção na sociedade por meio da educação.

Em 2008, Rania lançou seu canal no YouTube em um movimento contra estereótipos e preconceitos nos mundos islâmico e árabe e, em 2009, ao receber a visita do Papa Bento 16 na Jordânia, criou um perfil no Twitter, para divulgar o encontro.

Desde então posta vários comentários – a maioria positiva sobre o país e o governo, funcionando como uma garota propaganda da administração do marido – no microblog, com a liberdade que é negada há muitos em alguns países do mundo árabe quando se trata de expressar a opinião em redes sociais e outros sites da internet.