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Em discurso inflamado, Cristina Kirchner prega nacionalismo e união com opositores

Andréia Martins<br>Enviada especial do UOL Notícias<br>Em Buenos Aires

19/10/2011 22h55

A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, encerrou sua campanha pela reeleição nesta quarta-feira (19), no Teatro Coliseo, em Buenos Aires, levando ao palco cidadãos comuns que protagonizaram vídeos de sua campanha. Do lado de fora, uma multidão assistia ao discurso pelo telão, reforçando o apoio à presidente.

Em seu discurso, Cristina relembrou o ano difícil que passou após a morte de seu marido, Néstor Kirchner, em outubro de 2010, e fez um agradecimento especial aos filhos Máximo e Florência, dizendo que, sem eles, “não conseguiria ter chegado até aqui”. Máximo é hoje coordenador do movimento La Campora, um dos mais fortes grupos da Juventude Peronista, verdadeiro exército dos Kirchner.

Cristina também destacou pontos positivos da economia argentina, área comandada pelo vice, Amado Boudou, e pregou a nacionalização da indústria, a união do bloco sul-americano - no que chamou de “integração de inteligência”- e também com seus opositores.

“Esta convocação é para construir uma única Argentina. Peço aos líderes que não são do meu partido, aos líderes setoriais que saibamos superar as diferenças sem perder a identidade”, disse a presidente para uma plateia de ministros, deputados, senadores e integrantes de movimentos sociais.

Ao falar da economia, ressaltou a boa atuação de Boudou apontando que o desemprego no país caiu para 7,2% no último trimestre, e disse que seu plano de governo “contempla 40 mil argentinos, e democracia, direitos humanos e a pluralidade que marca o nosso país”.

Do lado de fora, a cada vez que a presidente pronunciava as palavras “nacionalizar”, “nosso país”, “argentinos” era ovacionada pelo público que cantava hinos citando desde Perón e Evita, a Néstor Kirchner.

“Ela mostrou que seu plano de governo não é para apenas uma Argentina, e que está trabalhando para garantir nosso futuro. Espero que ela aprofunde seu programa, crie mais empregos e fortaleça a indústria”, disse o estudante Manuel Hernandez, 27. “O principal é sua ideia de integração da América Latina, hoje o único bloco no mundo que está disposto a trabalhar junto para evitar uma crise mundial”.

“A questão da integração é muito importante para nós, e ela defende isso”, afirmou Julian Vázquez Fernández, um integrante do La Campora. “Vamos trabalhar agora para levar o projeto adiante”.

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Outros candidatos

Segundo colocado nas pesquisas, Hermes Binner, do Partido Socialista, também realizou nesta quarta-feira na capital argentina mais um ato de encerramento de sua campanha ao lado dos quatro deputados nacionais de seu partido que disputam a eleição no próximo domingo (23) por Buenos Aires. O encerramento oficial está marcado para esta quinta-feira (20), em Rosário, cidade tida como reduto do socialista.

A candidata da Coalizão Cívica, Elisa Carrió, também encerrou sua campanha com um ato em frente ao Congresso Nacional. Diante do fraco desempenho obtido nas primárias, Carrió reforçou o apoio aos demais candidatos da legenda na tentativa de eleger o maior número possível de deputados e senadores para garantir um papel forte na oposição.

Alberto Rodriguez Saá encerrou sua campanha em San Telmo, também em Buenos Aires. O radical Jorge Altamira aproveitou dois encontros em clubes da capital para finalizar a sua campanha.

Ricardo Alfonsín, da União Cívica Radical, encerra com caminhadas por Buenos Aires, nesta quinta-feira, uma campanha marcada por fortes críticas ao atual governo, com direito até a propaganda onde ele reconhece a vitória de Cristina. Eduardo Duhalde também marcou para esta quinta o fim de sua campanha.

Oficialmente, os candidatos podem fazer atos políticos até sexta-feira (21), data limite para o fim das campanhas eleitorais segundo a legislação argentina.